livrodebolso 14/10/2019
Mais um romance onde o autor introduz um tema na ficção: antes de criar a ideia de invasão alienígena, em A Guerra dos Mundos (resenhado na #LeiaSciFi do ano passado), Wells já era o pioneiro dos livros de viagem no tempo.
Aqui, um inventor percebe que se deslocar na dimensão temporal é tão fácil quanto na espacial, e convence seus colegas com uma narrativa (perfeitamente) detalhada de sua viagem para o futuro e do que lá encontrou.
Pouco se preocupa em explicar como funciona a Máquina, o que nos poupa de excessos muito recorrentes na obra de Verne, por exemplo (que eu amo, mas é cansativo). Na verdade, o prefácio de A Guerra dos Mundos nos apresenta o que de melhor se encontra nas obras de Wells: quando ele quer contar uma aventura sobre determinado tema, é apenas sobre isso que ele escreve. Não há poção mágica no meio de uma guerra interplanetária, ou viagem no tempo saída de uma ilha assombrosa; apenas um assunto, brilhantemente explorado.
No futuro no qual o Viajante do Tempo vai parar, a humanidade está mudada. Os seres humanos são baixos e animalescos, na superfície vegetarianos, no subsolo, carnívoros e monstruosos. Não apenas a aventura é o foco, mas um estudo antropológico comparativo entre a sociedade da época do autor e da distopia por ele imaginada. Sim! A Máquina do Tempo também é uma distopia.
É notável a contribuição das obras de Wells para a ficção científica, considerado o pai dela, junto de Mary Shelley, a mãe. Enquanto lia, lembrei-me de O Planeta dos Macacos e o final mais impactante de todos, que encontrou um parceiro em minha lista de "últimas frases mais angustiantes da literatura".