Kennia Santos | @LendoDePijamas 13/09/2016"Você me ensinou a amar. Obrigado pelas sapatilhas mágicas".Ressaca é POUCO para descrever o que eu tô sentindo.
Eu não sei se ainda estou psicologicamente preparada, mas okay.
A leitura, a princípio, é um pouco frustrante, eis o motivo: Melissa não é uma simples patricinha mimada e rica. Ela é a PIOR patricinha mimada e rica que pode existir na face da Terra. Do tipo que acha que o mundo gira a sua órbita, ela sempre é o foco em tudo, melhor em tudo, destaque em tudo. Todos devem se arrastar aos seus pés, porque ela é a rainha do galáxia, governa Marte, reina em Júpiter... sem contar o preconceito com pessoas de diferentes biotipos, como obesos, deficientes (SIM!!) que ela julga terem "mutações genéticas" feitas pela ciência, e a segregação social implantada no seu meio, onde gente com um poder aquisitivo menor não tem chance nem de respirar próximo à ela, que ela acha contagiante.
Melissa sempre teve um objetivo: ser bailarina profissional. Desde que se conhece por gente ela dedica todas as horas possíveis de seu tempo com treinos e ensaiando coreografias que beiram a perfeição, pois é rica e nunca precisou de trabalho para se sustentar. Sempre foi a melhor em todas as classes que participou, sempre teve todo destaque e atenção, e, junto com isso, veio a ambição: Juilliard. Ela não se preocupa com o que tem que fazer ou por cima de quem precisa passar para alcançar sua meta.
Sério, ela é...... URGH. Não existe termos para descrever.
E é quando em mais uma noitada regada a beijos sem compromisso e bebida demais, véspera de ano novo, ela anda no centro com seus amigos - Pedro e Fernanda - na contagem regressiva ela avista um garoto com seus amigos "vândalos" fazendo desenhos nas ruas. Ela, curiosa, se aproxima e percebe que não é um simples desenho, e sim uma mandala perfeitamente elaborada e prestes a ser finalizada com a coloração. E é quando ele ergue o olhar pra ela.
Um azul da cor do céu, brilhante como as estrelas e com uma intensidade incrivelmente intrigante. E então ele sorri.
E ela sente algo dentro de si estilhaçar.
Nessa ocasião, eles têm uma "conversa" não muito agradável, afinal, ela não se trata de um ser fácil de se lidar. Mas aquele maldito sorriso do garoto NÃO SAI DO ROSTO.
E ela sente algo quebrando
quebrando
quebrando.
Mas é claro que ela NUNCA vai admitir isso.
Depois de gastar linhas pra discorrer sobre a Mel, preciso de um milhão de linhas pra tentar descrever 50% do Daniel. O tipo de ser humano que se entrega na vida, não precisa de motivo pra sorrir, não precisa de reconhecimento para ajudar. Nunca, NUNCA quer nada em troca, e olha que ele faz MUITA coisa. Ensina, orienta várias classes da aula de música sempre visando a perfeição e harmonia, e quando sobe no palco..
AH, MEU CORAÇÃO NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO AGUENTA, SÉRIO.
Já nem tenho queda por loiros, daí o cara ainda de bônus canta e toca violão?
Repito: meu coração NÃO aguenta.
Logo após, ela descobre que ele é da mesma faculdade que ela, e quando ele a vê, ele não larga do pé dela. No sentido de sempre estar presente nos lugares quando ela precisa, ou sendo impertinente em ademais situações. Quando ele, com muita insistência, propõe um acordo, ela ri da cara dele: nos próximos dois meses, ela deve passar o máximo tempo possível com ela, e esse tempo, vai MUDAR A VIDA DELA. Ela ri, mas depois analisa.. afinal, ele sempre fica no pé dela mesmo né? Pelo menos após esse acordo ridículo ele some de vez da vida dela. Então Melissa aceita o acordo.
Apesar de ela continuar sendo egocêntrica e preconceituosa em alguns aspectos, os muros que cercam a vida da garota vão caindo, pouco aos poucos, e todo esse comportamento mostra origens e raízes muito mais intensos do que se imagina.
Mas, somente quando, por um descuido, um beijo acontece, é que o coração começa a doer..
E tudo, absolutamente tudo, muda.
Melissa se torna um ser humano muito mudado. Quando está junto de Daniel, é como se a simples presença dele amplificasse sua visão e mente para dimensões onde ela nunca havia estado antes.
Dimensões onde, um simples sorriso dela pode mudar o dia de alguém.
Dimensões onde, pequenos gestos de carinho podem gerar sorrisos tão sinceramente gratificantes que é como se um segundo sol surgisse e começasse a brilhar.
Dimensões onde, se expor e revelar coisas que te machucam não te faz fraco, e sim humano.
A autora faz uma reformulação de personagem TÃO INCRIVELMENTE MAGNÍFICA, que ainda estou APLAUDINDO DE PÉ.
E não é nada do dia pra noite, ou de uma hora pra outra. Você sente a mudança acontecendo junto com a personagem, SENTE. Preconceitos sendo vencidos, segregações sendo desfeitas, julgamentos desmontados, sensibilidade exposta, sentimentos à flor da pele..
O que Daniel fez com/por essa menina? É INDESCRITÍVEL.
A paciência, a atenção, o cuidado... meu Deus, meu coração se derrete só de lembrar.
Quando finalmente eles parecem se acertar com relação aos dois, um baque incrível acontece e mais reviravoltas acontecem. Que não podem ser ditas sem soltar um baita spoiler, infelizmente.
Eu não tenho como escrever sem o ar diminuir um pouco à minha volta, porque ESSE LIVRO, ESSA HISTÓRIA, deveriam ser expostos num museu para que cada ser humano existente na terra pudesse apreciar um pouco da sua beleza e autenticidade.
Se eu chorei? Claro que sim.
Mas ao terminar o livro, o que eu senti (além da IMENSA RESSACA) se resume em uma palavra: esperança.
Daniel pode ser comparado à Katie, protagonista do livro Raio de sol da Kim Holden, pois como ela, é o tipo de personagem que dá sentido e vida à história, é o que instiga o leitor a continuar adentrado no mundo criado entrelinhas.
"Era uma vez uma menina que sonhava em ser bailarina. Ela tinha sapatilhas mágicas, que faziam com que cada um dos seus passos fosse perfeito. Sempre que alguém a assistia, passava a ver o mundo com outros olhos por causa da sua mágica. Mais cores, mais vida... tudo! Um dia, um homem malvado roubou as sapatilhas da menina enquanto ela dormia, e trancou numa torre bem alta e escura, onde ninguém a ouviria, mesmo se gritasse bem, bem alto por ajuda.
Ela sabia que só poderia sair da torre quando tivesse suas sapatilhas de volta, e, como não tinha mais esperanças de sair de lá, desistiu de pedir ajuda. Ela deixou que toda aquela tristeza e escuridão fossem para dentro dela. E assim se passou muito, muito tempo, até que um dia chegou um príncipe. Um príncipe com uma capa vermelha, que prometeu que um dia a tiraria daquela torre horrível e encontraria as sapatilhas dela. Seja lutando contra um dragão enorme e feio ou brigando loucamente com a bailarina, porque no fundo ela é uma chata. Se ele conseguir, como ela acha que vai, então ela vai dar o seu coração para ele como forma de agradecimento..."
"Tudo o que eu queria agora era sentir o seu abraço, e ouvir sua voz me dizendo que tudo vai dar certo.."