Pandora 07/08/2021Já foi pra lista de favoritos da vida!!!
Tudo começa com a chocante cena do suicídio de uma jovem recém-casada, Teresa. Anos depois, um seu parente, Juan, um bem sucedido tradutor e intérprete, também recém-casado, questiona o casamento, a perda da identidade em prol de uma identidade comum, a vida compartida, o futuro, os medos? e ao mesmo tempo tem um pressentimento de desastre iminente do qual não consegue se desvencilhar.
Um pequeno incidente em sua lua-de-mel serve de pontapé inicial para várias elocubrações que ele fará ao longo da história.
A inteligente e carismática mulher de Juan, Luisa, tem a mesma profissão que ele, mas após o casamento trabalha cada vez menos, enquanto que ele continua com a rotina profissional que inclui várias viagens internacionais. Nas que faz para Nova York, fica hospedado com Berta, amiga de longa data. Este período que ele passa com Berta é responsável pelas partes mais tragicômicas da narrativa.
Enquanto Juan vive muito ausente, Luisa acaba estreitando laços com o pai dele e após um evento em que a história da morte de Teresa vem à tona, Luisa se mostra decidida a descobrir a história por trás do suicídio.
O que dizer além de: adorei este livro?! Ele não é muito fácil. Os parágrafos extensos e as inúmeras digressões exigem bastante do leitor. Mas eu adoro um desafio literário desses! A escrita envolvente de Javier Marías não nos faz ter vontade de parar de ler, apesar das enormes ramificações que ele abre a partir de um detalhe, de um fato, de uma indagação. Pode parecer que ele está se perdendo, mas não!? ele volta.
Além disso, eu me identifiquei totalmente com os questionamentos do Juan, com seus raciocínios complexos e os desvios da linearidade de pensamento; sinto que as explanações das muitas ideias que se chocam velozmente na minha cabeça acabam parecendo ilógicas quando expostas, às vezes.
Fiquei tão envolvida que, por semanas, não consegui ler mais nada. Um livro para ser lido e relido.
Nota: Esta edição da Vintage Español é terrível: a fonte é minúscula; é uma tortura ler sem luz natural. Ouvi dizer que a edição em português da Companhia de Bolso é igualmente terrível.