História da sua vida e outros contos

História da sua vida e outros contos Ted Chiang




Resenhas - História da sua Vida e Outros Contos


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regifreitas 16/04/2017

Iniciei a leitura de ‘A história de sua vida e outras histórias’ (Stories of your life and others, 2002), de Ted Chiang, principalmente para conhecer o conto que dá nome à coletânea, e que serviu de base para a adaptação do filme ‘A Chegada’ (Arrival, 2016), do diretor Denis Villeneuve. Mas, acabei decidindo ler toda a obra.

O conto em questão é muito bom, embora eu ache que a adaptação cinematográfica tenha encontrado soluções melhores no desenvolvimento da história. No filme, existem mais camadas dramáticas, que não são exploradas no texto-base, e que acabam dando uma profundidade maior aos personagens e à própria história. Mas vale muito a pena conhecer as duas versões.

Os demais contos da coletânea também são igualmente primorosos e exploram desde temas comuns até temas pouco usuais na literatura de ficção científica: mitos babilônicos, os limites do cérebro humano, discussões teológicas sobre salvação ou condenação pós-morte, a criação de vida artificial, a vaidade humana e a manipulação dos meios de comunicação. O grande mérito de Ted Chiang está na complexidade com que ele constrói os temas que explora - na maioria delas o autor é tão convincente no que está narrando, que cheguei a cogitar ser possível tudo aquilo. E, mesmo a ficção científica sendo o ponto de partida de todos os contos, é o ser humano, e como ele se relaciona com essas situações, o foco da obra.

A nota quatro é mais por conta da minha dificuldade e ignorância em entender alguns dos conceitos apresentados por Chiang do que pela obra em si! Quero muito conhecer outros textos desse autor!
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Lit.em Pauta 07/04/2017

Literatura em Pauta: seu primeiro portal para críticas e notícias literárias!

"História da sua vida e outros contos é um livro paradoxal: se, de um lado, suas histórias trazem uma terminologia rebuscada frequente o suficiente para fazê-lo aderir ao gênero “hard science fiction”, por outro, o foco delas nunca é a tecnologia em si, mas o ser humano. Dessa forma, embora seja prejudicado por um ou outro conto problemático, o livro escrito por Ted Chiang fascina pela complexidade e variedade de suas ideias."

Participe da discussão, lendo a crítica completa em:

site: http://literaturaempauta.com.br/Livro-detail/a-historia-de-sua-vida-e-outros-contos/
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 16/03/2017

O livro ou o filme?
"História da Sua Vida" é um conto curto, com cerca de 33 páginas. Nele, Louise Banks é uma renomada lingüista que é convocada pelo Governo Americano para tentar comunicar-se com uma das centenas de naves alienígenas que estão pousadas pela Terra. As naves estão espalhadas pelos quatro cantos do mundo e, em cada país, há uma unidade militar tentando desvendar as reais intenções dos alienígenas. Louise será a parceira de Gary, um fisico experimental que irá tentar decifrar os alienígenas através de cálculos matemáticos. Estes alienígenas foram chamados de heptapódes, por possuírem sete tentáculos e serem semelhantes a um polvo.

O conto se alterna entre os relatos de Louise sobre a forma de comunicação dos heptapódes e suas descobertas e trechos dela contando sua vida com sua filha adolescente. Nestes trechos com sua filha, o leitor sabe que Louise não está mais em um relacionamento com Gary e, agora, namora um homem chamado Nelson.


A sinopse do filme é exatamente a mesma estória do conto, e é possível ver que o diretor Dennis Villeneuve preocupou-se em manter uma extrema fidedignidade aos conceitos científicos e linguísticos do conto. A forma como Louise vai, aos poucos, descobrindo a forma como os heptapódes se comunicam é agradável e mesmo nós, leigos no assunto, conseguimos compreender como a forma de comunicação tem tudo a ver como a forma de enxergar o seu próprio lugar no mundo. Tanto o conto quanto o filme provocam uma reflexão profunda e muitíssimo interessante.

Um ponto a favor para o filme é a capacidade visual de demonstrar como é a língua dos heptapódes. No conto, por mais que imaginemos, é complicado entender exatamente o que Ted Chiang criou.

Existem algumas modificações do conto em relação ao filme, o que é esperado. Por exemplo: no conto, os heptapódes possuem olhos em toda a estrutura que seria a cabeça, e eles podem olhar em todas as direções o tempo todo; no filme, os alienígenas não possuem estes olhos. Outra diferença é o nome dos heptapódes - no conto, eles se chamam Flapper e Raspberry e, no filme, Abbot e Costello. No filme, Gary foi rebatizado de Ian. Nada extremamente relevante foi alterado, então.

A única diferença realmente notável que senti foi a carga de drama em Louise Banks. No conto, Louise é uma personagem bem humorada, sarcástica e mais leve do que a Louise interpretada por Amy Adams. No filme, as cenas envolvendo a filha de Louise são mais trágicas e mais tristes do que as cenas do conto, e a própria personagem de Louise é mais fechada e mais melancólica. Particularmente, gostei desta mudança de tom que o diretor fez no filme, pois aumentou - e muito - minha conexão com Louise. Além disso, Amy Adams fez uma interpretação impecável.

E, claro, não posso deixar de comentar sobre o enorme empoderamento feminino que estas duas obras inspiram. Acredito que este filme não seria lançado há alguns anos atrás, afinal, temos uma mulher cientista como personagem principal, e vejo isso como uma evolução do movimento feminista. Gary/Ian é uma personagem coadjuvante, na minha opinião, completamente irrelevante para a estória, pois sua única função é ser o pai da filha de Louise e ele mal contribui para a pesquisa com os heptapódes. Mas, no passado, tivemos muitas personagens femininas assim, que eram apenas "ornamentos" no enredo, e fiquei extremamente feliz em conhecer Louise Banks.

Recomendo muito o filme e o livro. Ambos entraram na minha lista de favoritos e devem ser homenageados.

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com.br/2017/03/o-conto-que-originou-o-filme-chegada.html
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Tiago sem H - @brigadaparalela 29/01/2017

O que acontece quando você mistura contos e ciência? Ou você pode ter um livro de contos extremamente complicado e chato, ou um livro de contos totalmente instigante. História da Sua Vida e Outros Contos consegue ficar no limiar entre esses dois pontos.

Bem, esse não é o primeiro trabalho do autor americano Ted Chiang que desde 1990 escreve diversos contos cuja temática principal é a ficção científica com mesclas de tons filosóficos com existenciais e essa coletânea foi publicada originalmente em 2002.

Como todo livro de contos, existem aqueles extremamente bons e aqueles medianos (no caso dessa obra em especial, não há contos que se possa chamar de ruins). Não que a escrita do autor seja mediana, pelo contrário, ele escreve os temas com maestria, mas o grande X da questão é o fato de muitas vezes, eu não consegui me inserir naquela realidade que o autor criou e isso comprometeu a leitura. O livro é composto por oito contos e posso dizer que gostei de metade deles.

O papel do cientista (seja ele biólogo, matemático, físico, químico, etc.) me instiga muito, talvez por estar inserido na primeira categoria das citadas anteriormente, e quando um autor consegue escrever ficção científica com um cenário passível de ocorrer na "vida real", já consegue inúmeros pontos comigo, mesmo que essas histórias exijam do leitor uma atenção maior por conta da ambientação em si.

Os contos em si, possuem uma profundidade em todos os aspectos, e diferente de muitos contos com a receita de bolo: começo, meio e fim; aqui temos uma ruptura em certos contos. Há aqueles em que o leitor parece ser jogado no meio dele e temos que construir o ambiente a partir das descrições e situações narradas, para entendermos onde o autor está querendo nos levar, e por se tratar de serem histórias, isso tem que ser feito de forma rápida em certos casos. Isso é super válido, você lê um livro de ficção científica que te faz pensar no que o autor está te passando e vai além! Te faz pensar em um cenário que o autor não quis te mostrar, ou mostrou de forma indireta. Você acaba pensando duas vezes.

Falar sobre livros de contos, geralmente é um trabalho difícil. São várias histórias, algumas se ligam de certa forma (como O Vilarejo do Raphael Montes), ou não, e nessa obra há uma ligação sublinhar talvez, já que todas abordam de forma lírica ou não o conhecimento, ou a busca pelo conhecimento, inclusive, em um dos contos uma personagem fica mentalmente instável por ter obtido um determinado tipo de conhecimento. Sabiamente posicionado, o conto que mais gostei foi o primeiro A Torre da Babilônia que me instigou e muito a continuar e a descobrir os outros sete contos.

Baseado na mitologia bíblica da Torre de Babel, o autor nos narra a história de um minerador que precisa subir ao topo da torre para escavar a abóbada celeste. Se você se prende à narrativa, você chega a sentir vertigem com que o autor narra (ainda mais eu que tenho medo de alturas, a perna chega a tremer).

Mas o conto que pode se considerado o mais famoso, é aquele que dá nome à coletânea: História da Sua Vida e essa exposição maior está vinculada à adaptação cinematografia que esse conto recebeu em 2016 pelas mãos do diretor Denis Villeneuve. A Chegada tem Amy Adams (Encantada, Batman vs. Superman) como protagonista e narra a história de uma linguista e sua interação com espécies alienígenas que chegam no planeta para manter contato. O filme recebeu oito indicações ao Oscar 2017, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Fotografia e Melhor Roteiro Adaptado.

Por fim, é um livro que vale a pena ser recomendado por se tratar de um livro de ficção científica escrito de forma clássica, porém, contemporâneo. Alguns desses contos são muitos críveis e isso é o que um bom livro pode oferecer, contudo, a experiência de leitura irá variar de pessoa para pessoa. Dizer que esse livro é para intelectuais? Não acredito nisso. O autor expõe suas ideias de uma forma muito limpa e faz com que o leitor entenda os conceitos por ele abordado. O que quero dizer dizer é que vai depender se você gosta de contos, de ficção científica, etc., mas os contos são curtos em sua maioria e uma releitura deles pode abrir mais a mente, caso algo tenha ficado truncado.

site: http://brigadaparalela.blogspot.com.br/2017/01/bora-ler-historia-da-sua-vida-e-outros.html
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PorEssasPáginas 16/01/2017

Resenha: História da sua vida e outros contos - Por Essas Páginas
Fiquei interessada em História da sua vida e outros contos antes mesmo de saber que um dos contos inspirou o filme A Chegada (que, aliás, foi o melhor filme de 2016 para mim). Fiquei um pouco receosa no começo, achando que poderia ser uma leitura muito densa, mas, apesar de não ser um livro para se ler distraído, a coletânea do autor Ted Chiang é uma mistura sensível de ficção científica e dramas humanos, e foi uma ótima pedida.

Gosto muito de ler contos, e gosto ainda mais quando a coletânea é de um mesmo autor (o que também não faz que eu desgoste de antologias de vários autores, pelo contrário); o que acontece é que, quando lemos várias histórias de um mesmo escritor, é como se encaixássemos pedaços de um quebra-cabeça e tivéssemos um vislumbre de como funciona a cabeça dele, suas ideias mais espontâneas. Digo isso porque, como também escrevo, acredito que os romances, por serem mais longos e mais trabalhados, não são tão espontâneos quanto os contos; às vezes um conto reflete apenas uma ideia que um autor teve e, a partir dela, pensou “como isso daria uma história?”. Aliás, no final de Histórias da sua vida e outros contos, temos algumas notas do autor que falam exatamente disso, de como ele juntou ideias para criar essas histórias.

Nessa coletânea, encontramos várias histórias de Ted Chiang, todas tendo em comum algum elemento de ficção científica. É incrível ver como ele humaniza a FC, criando dramas emocionantes com temas como, por exemplo, a matemática ou uma invasão alienígena. Em todos os contos há explicações científicas, mas não se preocupe: nenhuma delas é em tom didático ou um tratado complicado, e isso é o mais brilhante desses contos, uma vez que o autor insere essas informações naturalmente, incluindo mesmo o leitor mais casual.

Um dos meus contos favoritos foi, é claro, o que inspirou o filme A Chegada: o título dele é História da sua vida (que, apesar de não ser um título tão chamativo quanto o do filme, faz bem mais sentido e é até mais emocional). Li o conto depois de assistir o filme (aliás, preciso falar de novo: esse filme é incrível, o melhor de 2016, e se não viu, corre pra assistir!) e mesmo assim o texto não perdeu seu brilho; gostei muito de como o autor envolve o leitor e lida com a questão do tempo na história. Sem spoilers aqui, fiquem tranquilos, porém quem assistiu o filme sabe que há algo muito crucial na história que molda toda a passagem do filme, e quando você assiste, fica pensando “como o escritor fez isso em um conto?”. Mas sim, Ted Chiang teve a capacidade de criar essa sensação também em forma de palavras e, quando terminei de ler, fiquei impressionada em como o conto tinha exatamente o formato da língua dos alienígenas na história. Incrível!

Mas esse não foi o único conto que gostei, claro. Aliás, acredito que até apreciei mais a leitura de outras histórias nesse livro. Destaque para Entenda, o que mais me deixou na ponta da cadeira, uma história sobre super-inteligência que mistura ação, espionagem e computação, O Inferno é a ausência de Deus, um conto que me impressionou bastante, com uma ideia completamente insana e um final que me fez, ao mesmo tempo, ficar boquiaberta e rir de nervoso; e, por fim, Gostando do que vê: um documentário, um conto escrito em forma de documentário, que imagina um mundo onde as pessoas pudessem desligar a parte do seu cérebro que reconhece a beleza física humana. (E sim, se isso existisse, eu gostaria de experimentar a cali.)

Esses foram os melhores contos na minha leitura, mas também há ideias marcantes e muito inteligentes nas outras histórias. Alguns outros contos apenas não têm um ritmo tão bom quanto os que mencionei, ou personagens tão cativantes, e preciso dizer que achei A evolução da ciência humana um conto dispensável, mas no todo o livro é ótimo, com um bom ritmo, tramas inteligentes e histórias inesquecíveis. O tipo de obra que mexe com a cabeça do leitor e coloca várias perguntinhas inquietantes dentro dela. A edição está muito confortável e bem editada e revisada, e a capa, apesar de não chamar muito atenção, transmite a ideia do livro. Vale muito a pena a leitura.

site: http://poressaspaginas.com/resenha-historia-da-sua-vida-e-outros-contos
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livrosepixels 13/01/2017

Um livro de contos que... é sobrecarregado de ciência.
História da Sua Vida e Outros Contos é a primeira coletânea do autor a ser lançada no Brasil. O livro reúne os principais contos já publicados por Ted Chiang nos Estados Unidos, e a edição também traz notas sobre cada uma das histórias, além de uma linha do tempo da publicação de cada uma.

Todas elas exploram algum conceito científico, seja inteligência artificial, manipulação biológica, alienígenas ou mesmo equações matemáticas. O primeiro conto, A Torre da Babilônia, talvez seja o único que mais se distancia de uma narrativa de ficção científica, pendendo mais para o lado fantástico e profético.

Também está presente no livro o conto que inspirou o filme A Chegada, e é um dos textos mais longos também presentes. Apesar de muitos dos contos serem extensos, o autor já declarou que não pretende escrever romances pois, segundo ele, histórias muito longas são obstáculos para leitores poderem absorver tudo o que a trama pode introduzir. Sendo assim, prefere trabalhar com contos, onde a trama caminha apenas em uma direção, não existindo problemas secundários.

“Qual é o papel dos cientistas humanos em uma era em que as fronteiras da investigação científica se deslocaram para além da compreensão humana?”

O autor escreve com pouca frequência, mas quase sempre seu trabalho ganha prêmios e chama a atenção pela fidelidade à ciência que aborda. Contos como Gostando do que vê: um documentário, explora de forma minuciosa o conceito de bloqueios de estímulos cerebrais, afetando assim algumas percepções que temos, como por exemplo, saber diferenciar a beleza das coisas.

Todas as histórias do autor apresentam uma trama bem desenvolvida e bastante complexa, mas todas com lógica reconhecida. O interessante do livro é que as tramas desenvolvidas são bastante originais, fugindo de conhecidos clichês, o que sem dúvida é muito gratificante, pois todas as histórias tem potencial em surpreender o leitor com seus conceitos.

MINHA OPINIÃO

Desde muito pequeno eu sou apaixonado por ficção científica e todo filme que envolve robótica, mutação genética, alta tecnologia e alienígenas me chamam a atenção. Foi o que ocorreu quando eu vi o trailer do filme A Chegada (Arrival). E o primeiro contato foi o suficiente. Meu desejo se tornou maior ainda após eu saber que o filme foi baseado em um conto, que para minha surpresa, estava sendo lançado no Brasil em uma coletânea de sci-fi.

Logo que comecei a ler os contos, notei uma peculiaridade na escrita do autor. Cada um deles apresenta um enredo bem construído, com profundidade de pensamento e, principalmente, amplo envolvimento da ciência, seja ela matemática, física, linguística, etc. Então observei que não eram contos simples, mas que demandavam do leitor uma atenção redobrada e pelo menos um conhecimento mais enfático em alguns conceitos científicos. Foi por este motivo, inclusive, que alguns gostei menos que de outros.

“Ele desejou que Javé desse um sinal, para que os homens soubessem que sua empreitada era aprovada; do contrário, como podiam permanecer em um lugar que oferecia tão pouca guarida ao espírito?”

Cada texto do autor traz uma visão filosófica sobre algo do dia a dia ou de uma forma de pensar. Não são contos onde tem aquele começo, meio e fim como nas histórias convencionais. Em algumas das histórias presentes no livro, o final é abrupto, sem uma ‘solução aparente’, mas isso casa com a ideia de que nem tudo na vida apresentará uma resposta. Em alguns momentos se parecem com fragmentos de histórias maiores, porém, tão bem construídas que fazem total sentido. Esses finais abruptos, inclusive, despertam o leitor para tirar suas próprias conclusões sobre o que leu e entendeu. São histórias bastante originais, segundo pude notar, e vagamente me lembravam de alguma outra coisa que eu já conhecesse. Nem mesmo o conto sobre a visita alienígena se parece com algo que eu já tivesse visto. Contos como por exemplo Gostando do que vê: um documentário mostrava até que ponto a ciência poderia interferir na vida social, no sentido de evitar que as pessoas fizessem julgamentos baseados na aparência, ao criar uma droga que inibisse a capacidade cerebral de reconhecer o que era feio e o que era bonito. O conto Entenda, por sua vez, explora os limites da inteligência humana e imagina o que ocorreria se uma pessoa atingisse o ápice cerebral, encontrando razões e explicações para absolutamente tudo.

De todos os contos, os dois que eu mais gostei foram A Torre da Babilônia e História da sua vida. No primeiro conto mencionado, a humanidade está no ápice de suas conquistas, tendo ela construído por muitos anos uma torre que toca o céu. Os humanos finalmente tinham uma forma de encontrar Deus, de subir ao céu e conhecer os segredos divinos. Mas a mensagem principal do conto é se de fato o ser humano deveria querer conhecer mais além do que lhe é conhecido, se estamos preparados para as consequências que a nossa curiosidade pode causar. A forma como o conto termina dá a entender que as respostas nem sempre serão como esperamos, mas que mesmo assim, é possível por meio delas conhecer novos horizontes e evoluir cada vez mais.

“Talvez os homens não tivessem sido feitos para viver em tal lugar. Se a própria natureza os restringia de se aproximar demais do céu, talvez devessem permanecer na terra.”

História da sua vida é o conto que inspirou o filme A Chegada, e foi um dos que eu mais gostei de ler devido ao tema. Ele narra o contato entre humanos e alienígenas e como o mundo reage diante disso, em saber que não estamos sozinhos no universo. Apesar de narrar o contato entre as duas forma de vida, não é uma história sobre os alienígenas; é uma história com alienígenas, pois o foco do conto está na reação dos personagens envolvidos com essa nova forma de vida, e como o a percepção de vida deles muda.

Nele, a linguista Dra. Banks foi recrutada pelo exército para tentar se comunicar com os alienígenas. A narrativa vai acompanhando os passos da doutora descrevendo a forma como os visitantes construíram sua linguagem, totalmente diferente de tudo que conhecemos, e mostram como essa forma de vida é tão peculiar quanto poderíamos imaginar. O principal do conto é mostrar que conforme a nossa percepção sobre essa nova forma de vida ia aumentando, cada vez mais a realidade da personagem ficava confusa. Isso porque as leis matemáticas e físicas dos alienígenas não são iguais as leis utilizadas pelos humanos. Não somente a anatomia dos aliens é diferente, como a noção que eles têm de tempo e espaço.

“E se a experiência de conhecer o futuro mudasse uma pessoa? E se evocasse um sentido de urgência, um sentido de obrigação de agir do modo que sabia que agiria?”

Em todos os contos pude notar que o autor foge dos conhecidos clichês. Não é a toa que seus textos já foram bastante premiados ao longo dos anos, e que História da sua vida tenha proporcionado um filme tão bem falado que, para muitos, já se tornou um dos mais importantes filmes de sci-fi dos últimos anos. E é uma pena saber que o autor não escreva com frequência.

Fiquei bastante satisfeito com o livro e creio que é uma ótima indicação para quem gosta de sci-fi bem construído, pautado e que foge dos clichês já conhecidos na literatura. Foi uma experiência muito boa e espero poder ler outros contos do autor em breve, e, principalmente, torcer que outras adaptações cinematográficas sejam feitas. Como eu disse, as histórias pautam pela originalidade e as reflexões que cada uma proporciona são sem dúvida de grande mérito.

Quer ver mais resenhas? Acesse o blog Resenhando Sonhos ;)

site: http://resenhandosonhos.com/historia-da-sua-vida-e-outros-contos-ted-chiang/
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Vinícius 04/01/2017

Um livro sobre aprendizado e conhecimento - e como lidamos com isso
É um lugar-comum dizer que escrever uma resenha de contos nunca é fácil, mas essa é a mais pura verdade, ainda mais quando os contos não têm nenhuma ligação entre si. Ou será que têm?

Ler História da Sua Vida e Outros Contos foi uma experiência completamente diferente na minha vida, em vários aspectos. Apesar de já ter lido Asimov antes, nunca havia entrado em contato com uma ficção científica mais profunda, mais hardcore, e, principalmente, que tratasse de temas tão variados que me fizeram questionar se o livro era FC, fantasia, ou se eu simplesmente poderia colocar tudo numa caixinha chamada ficção especulativa”.

A aposta da editora Intrínseca, a meu ver, se mostrou muito acertada, principalmente aproveitando o “hype” do filme A Chegada, baseado no conto supracitado. No entanto, acredito que nem todos irão apreciar esta obra, tampouco o famigerado conto, e ela pode se tornar algo de nicho, o que seria perfeitamente normal.

A Torre da Babilônia

"– Vivemos na estrada para o céu, todo trabalho que fazemos é para estendê-la ainda mais. Quando deixarmos a torre, vamos pegar a rampa de subida, não a de descida."

O primeiro conto trata de uma visão diferente do conto bíblico sobre a Torre de Babel. Aqui, acompanhamos um minerador, Hillalum, que foi contratado para subir a torre e escavar a abóbada do céu.

Este conto de abertura me pegou de surpresa, pois eu esperava só ficção científica com equipamentos tecnológicos, alienígenas e afins. Mas não, em vez disso, vemos um mundo antigo, bíblico, em que questões físicas são manifestadas e percebidas pelos personagens: embora eles não saibam explicá-las (o narrador trata de fazê-lo), sabem utilizá-la a seu favor. É o homem moldando a natureza ao seu redor.

Entenda

Um homem é submetido a um fármaco experimental para salvá-lo do coma, mas essa droga acaba por aumentar a sua inteligência ilimitadamente, superior a de um supercomputador.

Este para mim foi o conto mais inquietante do livro, pois, além da narrativa acelerada, mostra uma pesquisa bem engenhosa de Ted Chiang: desde questões psicológicas, a termos técnicos de computação – formação do autor –, medicina e até mesmo poesia!

Esta é uma narrativa em 1ª pessoa com muito fluxo de consciência e muito descritiva, mas que me agradou. Aprendemos quase que junto com o narrador (se é que é possível), e é necessária muita atenção para acompanhar o crescimento gradual da sua inteligência (a propósito, achei a técnica empregada pelo autor simplesmente genial e natural).

Divisão por Zero

Uma doutora em matemática sai do sanatório e descobre uma forma de provar que a aritmética é inconsistente. Paralelo a isso, seu marido, um biólogo, que também sofreu com problemas no passado, vê seu casamento se desmantelar.

Achei este o conto mais complexo da coletânea. É como se o autor aplicasse alguma teoria matemática dentro da própria teoria literária, na forma com a qual escreve. Não só pelas suas divisões de tempo, mas com a sua estrutura narrativa. Ele nos cativa com o biólogo e a sua preocupação com a esposa, ao passo que nos angustia com a busca dela pela fórmula matemática.

História da sua Vida

Alienígenas chegam ao nosso planeta e tentam se comunicar conosco. Para isso, são recrutados inúmeros profissionais para decifrar a linguagem deles. Acompanhamos a Dra. Louise Banks em seu processo de aprendizagem, e como isso muda a sua vida e a sua visão.

Talvez o mais icônico do autor, graças ao filme. Acho muito difícil falar sobre essa história sem revelar qualquer coisa importante do enredo, mas posso dizer que é sobre aprendizado e escolhas. A interpretação do leitor sobre o que isso quer dizer estará condicionada à sua interpretação da história. Um conto inteligente, cativante e muito emocionante.

Obs: sou apaixonado tanto pelo filme quanto pelo conto, embora eles se difiram em sua “motivação de roteiro”. No filme, temos uma ameaça militar; no livro, não há nada a não ser o aprendizado.

Setenta e duas letras

Em uma Inglaterra alternativa, a humanidade desenvolveu as técnicas de desenvolver Golens, autômatos de argila descritos na crença hebraica. Acompanhamos um Robert em busca de um Nome que poderá ser empregado nos seres humanos e evitar sua extinção.

Este é último conto nos moldes dos anteriores, com narrativa linear e diálogos. Comparado aos outros, é o mais descritivo e pesado, destoa muito das técnicas anteriores e acaba deixando o famigerado “show, don’t tell”* de lado.

Depois de vencer as primeiras páginas, a história começa a ficar interessante. A questão humanitária comum à FC se vê nas últimas 10-15 páginas, assim como todo o clímax. O final é interessante, mas carregado de termos técnicos que fogem dos meus conhecimentos, mas que não me afastaram do sentimento que o autor queria empregar.

A Evolução da Ciência Humana

Este é mais curto de todos, e também o mais diferente, mostrando a versatilidade do escritor. Neste, ele simula uma reportagem de uma revista científica, explicando uma situação específica em um futuro distante em que se questiona a inteligência humana em relação à sua dificuldade para se comunicar com meta-humanos, sendo estes uma criação deles. É bem interessante observar a forma narrativa de Ted, neste caso, embora o conto em si não agregue muito a leitores em geral.

O Inferno é a ausência de Deus

Anjos surgem na Terra o tempo todo, mas nunca trazendo uma mensagem específica. Em vez disso, toda vez que aparecem, algumas bênçãos e algumas desgraças acontecem àqueles que estiverem próximos. Acompanhamos a história de Neil, que perdeu a esposa em um evento angelical, e a sua tentativa de amar a Deus, ou pelo menos ser merecedor de ir para o Céu e ficar ao lado de sua amada.

Este conto trata de causa e efeito, utilizando-se de uma crença religiosa. Pode não agradar quem tiver convicções muito fortes, por isso não recomendo a esse tipo de leitor. Aqui, Ted adota a narrativa pura, sem diálogo, com micro passagens de tempo, como se fossem várias crônicas de cada personagem (são três, mas apenas um é o principal); uma técnica não muito usada hoje em dia, pois pode deixar a leitura muito cansativa e muito afastada do leitor. No entanto, Chiang executa bem e tem uma narrativa fluida e atrativa.

Uma pequena observação: embora o humor não seja o objetivo do autor, fiquei com uma sensação de estar lendo um texto do Terry Pratchett em alguns momentos. Ainda assim, o final nos faz pensar bastante.

Gostando do que vê: um documentário

Uma técnica – a caliagnosia – foi criada para que as pessoas não vissem mais defeitos nos rostos. Ou seja, não existe mais o conceito de beleza, então todos se tratam não mais com base na aparência.

Este conto é escrito em forma de documentário, contendo a narrativa de vários “entrevistados”, desde pessoas comuns, a especialistas que explicam o funcionamento da técnica e a sua reversão. É mais um conto que mostra a versatilidade do autor, e realmente me fez sentir como se estivesse vendo um documentário (acho que por isso não gostei muito).

Li em alguns blogs e comentários que os contos desta coletânea não se comunicam, que são muito diferentes entre si. Eu discordo. Todas as histórias, a meu ver, tratam de conhecimento e aprendizagem: de como o conhecimento nos afeta, e de como grandes descobertas podem ter um impacto sobre quem as descobre.

Os contos terminam sempre com o final em aberto, uma técnica muito empregada para esse tipo de narrativa (e que muito me agrada). Isso não é preguiça do escritor, é uma forma de permitir que o leitor tire suas próprias conclusões, formule suas próprias conjecturas, além de mostrar que a história não acaba necessariamente ali, e o que ele nos mostrou é apenas um recorte.

No geral, a coletânea é muito boa, embora eu tenha ficado um pouco incomodado em alguns contos. Alguns dirão que esta é uma obra para “pseudointelectuais” que fingem entender o que há nela, e eu acho esse tipo de comentário muito mesquinho. A verdade é que o autor gosta de empregar muitos termos técnicos e traz muita carga pesada para sua narrativa, mas, no fim, ele fala da natureza humana, de quem somos e de como lidamos com isso.

Site: http://intocados.com/index.php/literatura/resenhas/880-historia-da-sua-vida-e-outros-contos-ted-chiang

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Rafael 08/01/2017minha estante
Considero que o conto História da sua Vida é um dos raros casos em que é possível dizer que o filme é melhor. Ainda não terminei todos os contos, mas os estou achando bem decepcionantes.


Vinícius 08/01/2017minha estante
:O


Rafael 10/01/2017minha estante
Discordamos em mais um ponto. A única colher de chá que dou pra esse livro é com o ultimo conto, que considero o melhor.


Thor 14/01/2017minha estante
Esse livro me incomodou...
Diferente de outros livros de ficção. O autor cria cenários e ideias. Ele desenvolve os assuntos de forma que o leitor possa possa pensar.
Achei um livro genial.
Realmente não é um livro fácil de ler, mas merece cada um dos 9 prêmios que recebeu.




zartjr 03/01/2017

Esse foi o meu último (dos pouquíssimos que li) livro de 2016. Me interessei somente por causa do conto História da Sua Vida, adaptado para o cinema como o lindo A Chegada, mas acabei tendo uma ótima surpresa com mais outros sete ótimos contos de ficção científica.
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Claudio 02/01/2017

Muito mais do que somente inspiração para o filme
Basicamente o livro reúne oito contos em que algumas teorias científicas (não necessariamente as que estão em vigor atualmente e não necessariamente somente teorias das ciências exatas) são extrapoladas em seus excessos. E, como todo bom livro de ficção científica, reverbera nesta situação problemas do nosso cotidiano.

Algumas pessoas acharam de difícil leitura, mas pra mim não foi, porque, acima dos conceitos científicos, cada conto, ao seu jeito, discute temas variados que passam desde os conceitos científicos propriamente ditos, mas também os aspectos psicológicos, sociais e religiosos.

História da sua vida é o conto que inspirou o filme A chegada. E acho que vale a pena destacar que o conto e o filme abordam o mesmo tema, mas sob aspectos tão diversos que parecem estórias diferentes. Não acho que exista um melhor que outro, simplesmente são diferentes. Particularmente aconselho a assistir primeiro o filme, pois a surpresa do filme não é surpresa alguma no conto.

Todos os contos são bons, mas os dois últimos - O inferno é a ausência de Deus e Gostando do que vê: um documentário) são muito, muito bons mesmo! A torre da Babilônia ganhou minha simpatia também, mas confesso que não entendi o final - aceitei, assim doeu menos kkkk
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Victor Gerhardt 28/12/2016

Um dos melhores livros que já li
Desde que li o brilhante "O Perfume" de Patrick Süskind eu me encontro em uma busca incansável por histórias fantásticas que fazem com que eu me sinta tão encantando quanto eu me senti ao ler o livro do alemão. Poucos foram os autores que conseguiram, e Ted Chiang está entre eles.

Eu, que também sou um contista (porém, não publicado), encontrei no estilo de Chiang tudo aquilo que eu almejava para a minha própria escrita: uma ideia original, uma história envolvente e um final arrebatador. Ele realmente dá uma aula de como desenvolver uma boa história.

Minha única dica é: abra esse livro e deixe-se maravilhar. Garanto que não vai se arrepender.
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day 17/12/2016

maravilhoso!!
Um livro surpreendente !!
São oito contos maravilhosos!!
começa pela Torre da babilônia ,que descreve na visão do autor ,a história da torre que lemos na bíblia ,com detalhes tão maravilhosos que você se sente transportado pelo conto.
Os outros contos ,passeiam pela ciência,religião e tecnologia avançada!
imaginem um mundo,onde as pessoas não veem mais feiura nas outras...o mundo dos cosméticos totalmente falido,pois seres humanos já veem feiura em ninguém...isso seria bom ou ruim?
Imaginem homens que criam bonecos de barro e fazem eles ganhar vida através da Cabala!!
Imaginem anjos tendo contato diretamente com humanos e curando doenças ...
Imaginem extraterrestres interagindo com humanos que desenvolvem uma linguagem própria para interagir com eles...
Enfim...o livro nos leva a uma visão futurista e ao mesmo tempo a conflitos que mesmo em um futuro distante,sempre fará parte da natureza do homem.
O livro é de linguagem inteligente e com certeza vai agradar a todos que gostam de ciências e tecnologia .

site: http://escreverdayse.blogspot.com.br/
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