Junior Rodrigues 08/10/2023Uma leitura interessante e reflexivaComecei a ler esse livro por conta da curiosidade em saber se o conto História da sua vida seria um complemento ou se teria algo diferente do filme A Chegada, porém estava com um certo receio devido dois motivos: não conhecia o autor e sua maneira de escrever e também por achar que como o livro possui outros contos, acharia maçante e desistiria antes de alcançar meu objetivo. Mas fui surpreendido pela escrita leve e ao mesmo tempo filosófica que Ted Chiang conta suas histórias e isso percebi já no primeiro conto que tem como base o mito da Torre de Babel, mas que consegue trazer uma profundidade totalmente inesperada, pelo menos na minha percepção.
Cada conto traz uma história diferente sobre o ser humano, a tecnologia e os questionamentos sobre a vida e isso abrange vários aspectos da vivência de uma pessoa fazendo com que quem leia tenha uma experiência diferente sobre o mesmo conto e isso é algo que me fez ver o talento de Ted Chiang.
O conto mais conhecido, já que foi adaptado por Dennis Villeneuve no filme A Chegada, possui apenas alguns pontos em comum com sua adaptação, mas isso não o diminui em nada em qualidade ou criatividade, já que a essência está toda em ambos os casos, o que faz a adaptação ser um complemento bem-vindo da versão escrita e amplia as dimensões das reflexões que o conto gera a quem o lê.
Um dos contos é interessante por mostrar o perigo do ser humano brincar de se achar Deus e mesmo com muitos termos técnicos, a essência da mensagem é bem clara. Outro bem curto e que parece minimalista parece uma reportagem e que fala sobre meta-humanos e é interessante tentar vislumbrar tal cenário.
Agora o conto O Inferno é a ausência de Deus me surpreendeu porque consegue unir vários questionamentos para refletir e ainda assim traz referências pontuais, sejam religiosas ou de séries e filmes (no meu caso lembrei de The Leftovers e vagamente de The Boys por conta da situação do protagonista) tornando esse meu conto favorito dessa obra que merece - independente do reconhecimento pelo filme A Chegada - ser lida e divulgada, já que o autor consegue falar sobre ficção sem soar maçante.
Recomendo!