Queria Estar Lendo 20/07/2017
Resenha: A Chave de Bronze
O terceiro volume da saga Magisterium, intitulado A Chave de Bronze, foi o primeiro livro da Maratona Literária de Inverno que eu finalizei. E comecei com chave de ouro! Ou seria de bronze?
A vida de Call segue seu ritmo inconstante depois de seu embate com o Inimigo da Morte - que, na real, não era o verdadeiro Inimigo. Com todos acreditando em sua mentira e com a ajuda dos amigos para encobrir tal fato, Call tenta seguir em frente e fingir que tem tudo sob controle, quando dúvidas e possíveis traições batem à porta. Sob risco de vida, o garoto retorna ao Magisterium para seu terceiro ano, mas as coisas por lá vão ficar mais sombrias do que ele esperava.
"Fogo e terra, ar e água. É tudo uma coisa só, não são quatro, nem duas, nem três, mas uma. Onde não estão juntas, nada mais são do que pedaços incompletos."
A Chave de Bronze é um livro bem curto, por isso mantém um ritmo excelente do início ao fim. Mais uma vez, Cassandra Clare e Holly Black souberam trazer aquele clima de infanto-juvenil se desenvolvendo que eu gosto tanto. Já conhecemos os personagens muito bem a esse ponto, sabemos seus medos e os traumas que eles carregam por tudo que enfrentaram até agora. Call, principalmente, e seu melhor amigo, Aaron, são os principais no crescimento dessa saga - exatamente por serem únicos na própria história. Magos do caos, que ninguém entende perfeitamente, mas que fazem o possível e o impossível para ajudar. E é aí que sempre mora o problema.
Uma coisa que me deixa AAAAAA em livros do tipo é a negligência dos adultos. Harry Potter tem isso, Percy Jackson tem isso, cite qualquer saga infanto-juvenil grandiosa e eu vou te dizer: tem isso. Aquela ideia dos adultos de que as crianças são menos por serem crianças, que não sabem o que fazer por serem tão jovens e imaturos, e que suas ideias não são tão válidas ou consideráveis porque, de novo, são crianças. E aí quem faz a merda é sempre o adulto. Eles viram as costas para a ameaça e tratam a situação com uma normalidade que o momento não pede. Call está sob risco de vida e mesmo assim seus Mestres acham prudente jogá-lo em desafios ou em aulas mirabolantes que pouco fazem para desenvolver os poderes do garoto, só para confundi-lo ainda mais. E depois ficam arrependidos por terem cometido um erro!
Nessas horas eu até torço pra ele se tornar o vilão!
"É isso que os heróis fazem, Call supôs. Correm direto para o perigo e nunca desistem. Call queria desesperadamente ir na outra direção."
Call continua um grande amor. Suas dúvidas e medos são relativas a tudo que ele vem enfrentando; aquela coisa básica de protagonista que não quer ser um peso na vida dos amigos, mas que acaba se tornando porque eles se importam demais com seu bem estar e não querem vê-lo morto - o que é bastante o cenário que Call está enfrentando aqui. Sua jornada e ligação com Constantine, o Inimigo da Morte, ganhou algumas revelações importantes nesse volume, coisa que vai ditar completamente o tom e o seguimento da história no livro que virá. Especialmente o final! Dois grandes acontecimentos me deixaram no chão gritando e eu não sei o que esperar de A Chave de Prata, penúltimo livro da série.
"Mentalmente, Call colocou o Mestre Taisuke na categoria Não É Meu Fã. Era uma categoria em expansão."
Ao seu lado, sempre presentes, temos Aaron e Tamara. Aaron que, aqui, enfrenta menos de brilhantismo e estrelato e mais da desconfiança das pessoas. Enfim ele vivencia o que é ser um Mago do Caos aos olhos dos outros. A ideia do desconhecido, de ser tão poderoso e temido. Ele é só um garoto assustado, mas algumas coisas acontecem na história que acabam por jogá-lo como possível causador de uma tragédia. Call está ali por ele, disposto a brigar com quem for preciso para defendê-lo, mas com o tempo e com as lutas vem a desconfiança. Call luta entre confiar cegamente no melhor amigo ou se cuidar para o caso de haver alguma recaída, algo em Aaron que ele ainda não descobriu ou entendeu.
"- As pessoas se lembram do Inimigo da Morte, mas se esquecem do homem que o fez quem ele era."
E Tamara, querida e sensata. Ela é a balança equilibrando os dois garotos, mantendo-os unidos e dispondo-se a fazer de tudo para que estejam a salvo. Eu gosto demais do relacionamento entre esses três e, apesar de torcer para Call e Aaron se tornarem um casal, amo a ideia de ver a Tamara e o Call junto. Principalmente porque o Call tem a auto-estima de um feijão e não consegue enxergar o quanto Tamara se importa com ele.
"Será que algum dia poderia haver paz de verdade, Call pensou, uma vez que o Inimigo da Morte não está mesmo morto?"
Os coadjuvantes têm bons momentos na história. Principalmente Jasper, Célia e o Mestre Rufus. São momentos que eclipsam o clima de tensão ou que contribuem para torná-lo ainda maior, e são bem encaixados no desenvolvimento da trama. Você tem aquela sensação de que não pode confiar em ninguém, não completamente. E aí quando as respostas chegam, elas estiveram bem ali desde o princípio!
De novo, apesar de ser um livro curto, ele é bem desenvolvido, então os capítulos passam em meio à adrenalina e boas cenas de ação, com revelações bombásticas e acontecimentos terríveis. Cassandra e Holly liberaram suas facetas mais cruéis para escrever esse volume, senhoras e senhores. Leiam isso com os corações preparados, porque a dor é grande!
A Chave de Bronze sustenta a qualidade da série e abre espaço para os dois volumes finais com um final assustador. Magia do caos pode ser o mínimo dos problemas para Call e seus amigos agora que as coisas começaram a ficar mais sérias; o interessante de Magisterium é como as autoras trabalham os plot twists. Mesmo quando você acha que as coisas se encaixam de determinada maneira, elas viram do avesso e te dão um tapa na cara, surpreendendo pelas respostas que estiveram tão bem escondidas.
Um livro maravilhoso e uma leitura altamente recomendada para fãs de Rick Riordan, J.K. Rowling e qualquer outro autor ou autora que saiba desenvolver uma boa aventura!