Pequeno mundo antigo

Pequeno mundo antigo Antonio Fogazzaro




Resenhas - Pequeno Mundo Antigo


9 encontrados | exibindo 1 a 9


Lira Juazeiro 04/10/2024

Que livro! Que escrita!
A maneira que Antônio Fogazzaro escreve é simplesmente belíssima. Cada frase é colocada em seu lugar de forma perspicaz, às vezes com múltiplos significados. Você achará aqui personagens riquíssimos, filosofia, política, história, poesia fé, paisagens pinturescas, tragédia, alegrias, descobertas sobre a vida, desenvolvimento de caráter para melhor para Franco, declínio para Luísa, etc, etc? Às vezes todos esses aspectos se encontra na simples descrição dos personagens pescando, só para ter ideia da escrita engenhosa. Não vou falar mais. Entrou para lista dos meu livros predileto. É isso.
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Erudito Principiante 04/06/2023

Maravilhoso mundo antigo
A literatura italiana nos legou grandes obras e autores como Virgílio, Dante Alighieri, Torquato Tasso, Tomasi di Lampedusa, Italo Calvino, Umberto Eco e tantos outros. E apesar de vários nomes famosos fui pego de supresa quando alguém muito especial me presenteou com essa incrível obra de Antonio Fogazzaro (1842-1911), até então um ilustre desconhecido para mim.

Pequeno Mundo Antigo, publicado pela primeira vez em 1895, nos apresenta o amor proibido entre Franco Maironi, neto da Marquesa de Orsola e portanto membro da aristocracia local, e a plebeia Luisa Rigey. À primeira vista pode parecer mais um romance piegas repleto de clichês mas Fogazzaro nos surpreende com uma narrativa que, apesar de alguns clichês, é bem verdade, nos leva à pequena Valsolda às margens do lago Como, extremo norte da Itália, para contar uma história de amor tendo como pano de fundo o momento histórico em que o sentimento nacionalista italiano luta contra o domínio do Império Austríaco.

Franco Maironi abre mão de sua origem nobre para viver um grande amor com Luisa Rigey, de origem simples e sem ?pedigree?. Franco é um católico fervoroso, apaixonado por música e jardinagem, além de ser um ferrenho e orgulhoso nacionalista que está disposto a lutar para ver sua terra livre do jugo austríaco. Luisa é uma liberal cuja religiosidade beira o ateísmo, sendo mais pragmática que seu companheiro. O casal enfrentará dificuldades (inclusive financeira) e tragédias pessoais que colocarão seu amor à prova. Mas eles terão a ajuda do bondoso e altruísta Piero Ribera, tio de Luisa, e do professor Gilardoni, intelectual que flerta com o misticismo.
As personalidades díspares do casal acabam por se completarem sob o manto do amor e do compromisso mútuo, sedimentado pela filhinha Maria, criança radiante e encantadora.

Além de personagens coadjuvantes carismáticos e cativantes que por vezes roubam a cena, a pequena cidade de Valsolda é um personagem à parte na qual Fogazzaro descreve de forma tão bela e apaixonada que dá vontade de comprar uma passagem só de ida ao final da leitura.
As belezas locais, as relações entre os personagens, as acentuadas nuances culturais, o contexto histórico, tudo é muito bem amarrado e belamente descrito, proporcionando uma leitura muito agradável e cativante.

E como não poderia deixar de ser, a Carambaia nos brinda com uma belíssima capa reproduzindo o quadro ?Il bacio? do pintor italiano Francesco Hayez, de 1859. Uma história maravilhosa num belo e bem cuidado material gráfico completa o conjunto de um livro que vale a pena ter no acervo.
Jaciara44 05/06/2023minha estante
Parabéns pela resenha. Adorei também o livro. Acabei lendo na biblioteca Mario de Andrade aqui em São Paulo todos os dias na hora do almoço, pois o livro fica no acervo. A experiência foi maravilhaaaaaaa


Erudito Principiante 06/06/2023minha estante
Fico feliz que tenha apreciado a resenha. Realmente o livro é incrível!




Edna 19/03/2023

Um pequeno mundo e duas filosofias
Com essa capa maravilhosa é impossível você ñ querer entrar na história.

Uma viagem pela interior da Itália do Século XIX, Franco um amante da Poesia, da Música e das Artes e sua Luisa com senso de justiça muito grande, de padrões e origem bem distantes a nobresa e suas imposições contra qualquer aproximação dos humildes, menos a de  que só venha para servir.

Enfim é uma história de amor e a eterna luta de classes, mas foi muito bom caminhar por regiões da Lombardia, Veneto,  pelo cenário incrível de Casarico, Castello, o rio Lugano, o pico de Cressogno, tão místico e encantador e maravilhosamente descrito.

Algumas partes são cansativas, os mexericos que são muitos, ekes cuidam demais da vida dos outros isso me cansa, mas em duas tentativas consegui terminar a história.

Mas em compensação tem as divergências das filosofias do casal ele é bem religioso e devoto e ela discrente, mas muito interessante como eles lidam com esse dilema que encanta.

"Há almas que negam abertamente a vida futura e vivem de acordo com sua opnião, só para a vida presente. Essas são muitas.

Também há almas que dão mostras de crer na vida futura, mas vivem para a vida presente. Essas são bem numerosas.

Também há almas que ñ pensam na vida futura, mas vivem  de um modo que ñ exponha muito ao risco de perdê-la, se houver. Essas são mais numerosas ainda.

Também há almas que acreditam realmente na vida futura e dividem os pensamentos e as obras em duas categorias que quase sempre estão brigando entre si; uma é para o céu, e a outra para a terra. Essas são muitíssimas.

E também há almas que vivem só para a vida futura na qual acreditam. Estas são pouquíssimas." Pag. 143



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Wellington 01/07/2021

Pequeno Mundo Antigo – 8,5
Algo na literatura italiana me agrada, não sei bem o quê.

A história começa em 1848, com a Itália sob domínio da Áustria. Tal pano de fundo acompanha a trama influenciando humores, opiniões, decisões; enfim, vidas. Há os que defendem a Áustria, os que desejam uma Itália unificada e independente; os que só tentam sobreviver. O posfácio oferece boa visão panorâmica sobre o contexto.

Temos dois protagonistas: Franco, filho da nobreza e católico fervoroso; Luisa, espécie de agnóstica e plebeia. Ambos são nacionalistas e orgulhosos. A avó do primeiro é contra a relação dos dois, mas constroem suas vidas mesmo assim. 11 anos se passam, entre dores e alegrias. Se Luisa me gera alguma proximidade, Franco me distancia por sua personalidade. O considerei hipócrita e não desenvolvi vínculo.

É visível, aqui, o velho patriarcalismo italiano onde o homem grita, a mulher grita de volta (ou logo abaixa a cabeça) e o homem, possesso, dá um urro de ódio e silencia até os pássaros. Padrão presente desde relações conjugais até as de trabalho, a calma dos cenários contrasta com o barulho das pessoas. Franco e Luisa talvez fujam à regra, verdade seja dita. Perseguição política e autoritarismo também dão as caras.

Antonio Fogazzaro é um escritor apaixonado; escreve frases muito longas, algo curioso e que me foi desconfortável. Se a descrição minuciosa e poética de tantos locais favorece a imaginação, o mesmo detalhamento causa estranheza a um brasileiro que nem sabia que a Itália já foi da Áustria. Diversos nomes, relatos das regionalidades, etc., eventualmente se tornam mais do mesmo.

Ainda assim, é uma viagem agradável. As histórias secundárias são interessantes, os personagens são bem explorados. Imaginei se tratar de uma trama histórica; não é o caso: o livro foca nas relações, no sobreviver das pessoas num contexto difícil. Em encontrar beleza mesmo quando os ventos são ameaçadores.

site: https://www.instagram.com/escritosdeicaro/
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Felipe Philipp 07/06/2021

"Algo precisa mudar para que tudo continue como está"
Qualquer leitura italiana, sempre me leva para o O Leopardo do Lampedusa, para o tamanho choque que esse livro me provocou, e como de fato, a Itália toda vive como se tivesse ainda retida no Século XIX. "Pequeno mundo antigo" é como um romance que parece um trem do expresso oriente, paulatinamente a história vai se desenrolando. Não desanimem, pois a primeira parte é quase uma leitura sofrida de lentidão. Porém, aos poucos vai se compreendendo este “pequeno mundo antigo”, na Lombardia, e Fogazzaro cria personagens que se deslumbram totalmente intrigantes, mesmo eles tendo a ideia fixa de um patriotismo defasado e vidas passadas cheia de rancor, temos um final bastante nervoso... mesmo que contendo uma pitada de uma esperança amarga.
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Christopher.Juan 02/12/2020

Fim de uma leitura demorada
Visões de um "pequeno mundo antigo" Conflitos de vilas interioranas representando o desejo total de um povo para uma unificação Italiana X Manutenção do Status quo. Começo descrevendo assim o livro. Uma visão do micro representando o macro. E claro, no meio disso um romance proibido entre uma possível atéia, plebeia e o jovem nobre liberal católico. Enfim leitura classuda!
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Nilza Russo 05/01/2020

Belo exemplar da literatura italiana!
Aprecei muito a leitura! Uma edição caprichada da editora carambaia. Me fez desejar a releitura de O Leopardo, de Lampedusa.
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Carol 15/12/2017

Pequeno Mundo Antigo
Em seu Pequeno Mundo Antigo, Antonio Fogazzaro explora algumas dicotomias.

Em primeiro plano, a relação amorosa entre Franco e Luisa. Ele, de origem nobre, amante das artes, com ideias liberais. Ela, de origem humilde, mais racional, com um profundo senso de justiça.

Além dos obstáculos externos impostos pela Marquesa Orsola, tia de Franco, o casal tem de lidar com suas diferentes filosofias de vida. Franco, muito devoto. Luisa, descrente.

Em segundo plano, os movimentos revolucionários que libertaram as regiões da Lombardia e do Vêneto do Império Austríaco dos Habsburgos. Véspera da segunda guerra de independência italiana, um mundo "antigo" em transformação.

Fogazzaro é mestre em criar personagens ricos, convincentes, não maniqueístas. Gostei especialmente da protagonista Luisa, de seu tio Piero e da Sra. Pasotti.

As descrições das paisagens, da cidade de Vasolda, são um primor. O nevoeiro sobre o rio Lugano torna-o meio que um lugar místico, atemporal. A cidade e seu rio possuem papel fundamental no decorrer do romance.

Pequeno Mundo Antigo atendeu às minhas expectativas. Se você, como eu, adora um romance com pano de fundo histórico, dê uma chance a Fogazzaro.

Obs: esse livro faz parte de uma tetralogia, porém a história basta em si mesma. É redondinha, sem pontas soltas.
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