Queria Estar Lendo 21/03/2018
Resenha: This Adventure Ends
Sabe aquele livro que te pega de surpresa e, logo no começo, já rouba seu coração? This Adventure Ends, da autora Emma Mills, é um Young Adult Contemporâneo que ganhou não só meu coração, mas o topo dos meus livros favoritos de toda uma vida.
Sloane só queria ficar de boas. Ela faz isso sempre; solitária, ela se mudou recentemente para uma cidadezinha da Florida e está satisfeita com a rotina criada ali. Até que, em uma festa, ao defender um garoto de um bullie, ela acaba sendo convidada a participar de um grupo inusitado de amigos. Eles vão a festas exclusivas, conversam sobre as filosofias da vida e dividem experiências e personalidades muito diferentes. Através dos gêmeos Vera - uma social-media famosa na internet - e Gabe - pouco fadado a sorrisos e interações sociais - Sloane percebe que ei, ela finalmente tem amigos. E essa aproximação entre eles a apresenta a um fato dramático da família, fato esse que ela talvez possa consertar: recuperar uma obra de arte, de valor muito sentimental aos irmãos, perdida no mundo.
Eu tenho grandes problemas em falar sobre meus livros favoritos, como vocês já cansaram de saber. This Adventure Ends foi além de favorito, ele se tornou um dos livros que eu gostaria de ter escrito. É aquele tipo de história tão incrível, mágica e arrebatadora que, quando você termina, não queria ter terminado. Queria que durasse muito mais.
Sloane é uma protagonista perfeita. Ela é quase uma versão feminina do Chandler Bing, de Friends - já dá pra entender porque eu me identifiquei e amei tanto essa garota, né? Ela é do tipo que usa o humor como escudo para as emoções, uma vez que não sabe lidar bem com elas. Sloane nunca foi do tipo de conseguir interagir e fazer amigos facilmente, tanto que ela cai de paraquedas nesse grupo inusitado; e aí que está a mágica da personagem. Ela é tão sincera e ao mesmo tempo temerosa que sua personalidade se sobressai e acaba conquistando todo mundo quase que imediatamente - e a Sloane não nota isso. Para ela, os outros veem sua presença como parte do ambiente, não exatamente uma coisa necessária ali.
Eu amei toda a construção da personagem. É real, honesta e extremamente bem desenvolvida. Sloane é carismática, rouba a cena nos seus melhores momentos e dá espaço para que os outros personagens tenham seu crescimento. É o tipo de personagem principal muito fácil de gostar, não só por ter um humor A+ (do tipo de fazer gargalhar com as tiradas sarcásticas e os comentários afiados), mas também porque ela é empática e extremamente ansiosa para fazer a coisa certa. Não do tipo que busca atenção e reconhecimento. Sloane realmente só quer ajudar os outros; tanto que a ideia de recuperar a pintura da mãe dos gêmeos é dela, e ela coloca em prática em anonimato.
"Vejo você na escola?"
"Claro. Eu vou ser a pessoa parecida comigo."
Suas interações com os outros personagens são repletas de diálogos ricos, criativos e cenas simples, mas importantes para toda a história. Os melhores momentos da Sloane são com os gêmeos, Vera e Gabe, e com seu pai, Michael.
Com os gêmeos envolve muito de conquista de confiança e de se abrir para pessoas novas que a entendem tão bem - nesse, caso, principalmente a Vera, já que com o Gabe se desenvolve além da amizade e começa a criar um clima de paixonite que confunde a Sloane e deixa a relação entre eles cheia de arrepios e cenas fofas que matam qualquer shipper do coração.
Com o pai, Sloane se deixa levar pelas emoções e pela certeza de que ele é a pessoa que mais entende tudo que ela sente e possivelmente vai sentir. Michael é um escritor estilo Nicholas Sparks, publicou vários romances best-seller, mas está vivendo um bloqueio criativo - por isso a mudança para a cidadezinha. Com a Sloane, ele encontra novos hobbies e novas maneiras de ocupar seu tempo; a melhor delas com certeza é sua recente obsessão por uma série jovem que fala sobre lobisomens adolescentes (sim, quase um Teen Wolf reimaginado).
Eu juro pelos deuses que chorei de tanto gargalhar por causa do Michael. Ele mergulha de cabeça nesse universo, a ponto de se tornar shipper de um casal gay imaginado pelos fãs, escrever fanfics, ler fanfics, re-assistir a série várias vezes seguidas. Enfim, basicamente, Michael é a exata representação da alma de uma fangirl e eu o amo por entender quão sério e real é se apaixonar por uma história fictícia e se dedicar a ela.
"Sabe, a história sobre as fanfics é que vem do amor. Personagens que você ama muito e se importa demais, você os veria se apaixonar milhares de vezes de diferentes maneiras, de novo e de novo. Eu nunca amei nenhum personagem tanto assim. Mas você, eu amo você ainda mais."
Por isso ele e a Sloane se dão tão bem: ao mesmo tempo em que são muito parecidos em algumas coisas, são opostos em outras - ele é muito aberto em relação às emoções, ela ainda está aprendendo a identificar e reagir a elas. É uma relação pai e filha muito, muito bem construída.
"Todos nós deveríamos achar algo pelo qual ser estranhamente apaixonado e dedicado, você não acha?"
Os gêmeos também foram meus queridinhos. Vera é uma estrela adorável preciosa demais para esse mundo. É ela quem arrasta Sloane para o grupinho, quem ajuda a protagonista a se adaptar e se sentir confortável em meio às novas companhias. Vera é um raio de sol sorridente, apaixonada pela vida e pelas pessoas nela. Ela tem uma namorada incrível e a ama muito, ela implica com o irmão gêmeo, mas faria de tudo para protegê-lo; Vera é atenciosa e sempre presente e entende a Sloane mesmo quando ela não o faz (o que é quase o tempo todo dentro da trama).
Eu gostei muito da irmandade construída entre as duas, como elas se tornaram tão importantes uma para a outra de maneira natural, como toda amizade forte deve se desenvolver. Vera também vive seus dilemas individuais, mas ela é muito de dividir e buscar soluções junto às pessoas que ama - do mesmo jeito que protege e ajuda, ela aceita ser ajudada e protegida.
"Talvez as pessoas só pareçam melhores perto da Vera. Como um planeta brilhando mais forte próximo ao sol."
Gabe, por outro lado, é o lado mais contido e sério. Ele não sorri muito, por isso seus sorrisos são os mais impactantes. Eles vêm de repente e quase sempre estão relacionados aos amigos - e então a Sloane. O leitor consegue vislumbrar os sentimentos entre os dois avançando e se tornando algo impossível de esconder, mas a vida de shipper obviamente não é fácil - como o próprio pai da Sloane já percebeu - e o livro dá o tempo certo para que a paixonite se estabeleça.
Não tem nenhuma pressa em juntar os dois, uma vez que a história tem muito mais um tom puxado para amizade do que para romance - o romance só existe ali porque é natural e porque a Sloane está descobrindo coisas novas ao conviver com as pessoas, e se apaixonar por um cara às vezes acontece.
"Eu não consigo ver o sorriso dele atrás da toalha de rosto, mas os cantos dos seus olhos enrugam um pouco, e toda essa cena traz uma sensação muito boa."
Gabe é um personagem autêntico e fofo, com seus momentos de revolta - por causa de uma situação familiar - e também de entrega às situações inesperadas. Eu fiquei completamente apaixonada por ele, pela sutileza da sua personalidade e pela maneira adorável com que ele se aproximou da protagonista.
Toda a história envolvendo o quadro desaparecido da mãe dos gêmeos é o que move a história, mas a autora consegue dar tom e dramas separados para cada núcleo que acompanha essa trilha principal. No grupinho, além dos gêmeos, temos também Aubrey e Remy - ex-namorados; ela bem misteriosa e fechada, ele ansioso e temeroso a entender porque uma relação tão perfeita teve um fim tão abrupto. E também tem participações maravilhosas do Frank, um cara descolado e rico que organiza as melhores festas do mundo e que adotou os garotos como parte da sua "família".
"Talvez a tristeza seja como uma doença crônica, alguma coisa que se esconderia no seu sistema, mas que é ativada de vez em quando."
Eu poderia ficar horas e horas falando sobre como a Emma Mills desenvolveu bem as interações entre os personagens, como isso deu toda a riqueza à trama. Uma história simples, mas com nuances e emoções bem equilibradas, trazidas no momento certo. Os dramas familiares da protagonista e dos coadjuvantes é muito bem escrito, a missão para encontrar o quadro dá certo suspense à narrativa e você só torce para que a Sloane se encontre e se entenda e perceba o quanto é importante para todo mundo ao seu redor.
O inglês é bem fácil, não encontrei nenhuma palavra que destoasse demais e me fizesse buscar um dicionário. É uma ótima história para quem quer treinar a leitura em outra língua, e altamente recomendado para todo mundo que busca um livro para guardar no coração.
"Eu sei que parece estúpido, mas pessoas jovens também têm lembranças. Só porque você não viveu alguns anos a mais não quer dizer que suas memórias são menos significativas."
This Adventure Ends é uma obra para rir e para chorar, mas principalmente para se apaixonar por cada página, cada frase, cada palavra.
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