Fernanda 17/08/2022
Nessa autobiografia, o indiano-australiano Saroo Brierley narra a sua jornada desde a infância pobre na India até a fase adulta.
O pequeno Saroo, terceiro de quatro filhos, vivia na cidade de Ganesh Talai com a mãe e os irmãos, após o pai abandonar a família. A vida cheia de privações, em situação de extrema pobreza, obrigava a mãe a se ausentar de casa por muito tempo em busca da sobrevivência, carregando pedras em obras de construção em troca de algum dinheiro. As crianças também saíam em busca de restos de comida, moedas ou esmolas, além de cuidarem da irmã caçula, de dois anos.
Numa noite, Saroo, que estava com cinco anos, acompanhava o irmão mais velho numa viagem de trem quando adormece de tanto cansaço. Ao acordar, tenta encontrar o irmão e acaba embarcando em um trem que atravessa o país, levando-o para Calcutá, uma das cidades mais populosas da Índia. Sem saber informar o sobrenome, o nome da mãe ou a cidade onde morava, o garoto fica vagando pelas ruas, passando por situações angustiantes, até ser resgatado e encaminhado para uma agência de adoção, como descrito na sinopse.
A longa jornada de Saroo é feita de muitos espinhos e algumas flores, de solidão e de afeto, de uma vontade de estar em casa, ainda que *casa* esteja mais para algo que mora dentro do peito.
Impressões sobre a leitura:
A história é bastante comovente e intensa. O autor não é escritor profissional, então é preciso se soltar dos padrões estabelecidos e embarcar na história em sua essência. Não digo com isso que a escrita é ruim, apenas que é perceptível que foi construída mais com a alma do que com a técnica de alguns escritores.
Embora sejam abordados temas tão densos, como pobreza extrema, solidão, sofrimento, adoção e laços familiares, o autor não exagera em relação à carga dramática e até consegue transmitir certa leveza na condução da trama. Gostei!
O livro inspirou o filme Lion, uma jornada para casa.