Tamirez | @resenhandosonhos 13/08/2018A Prisão do ReiEu estava com altas expectativas pra esse livro devido aos fatos que tinham acontecido em Espada de Vidro. Eu gostei muito da dinâmica do segundo e de como a história pareceu encorpar, mesmo tendo me decepcionado com o final e a completa semelhança à trilogia a qual essa história já foi inúmeras vezes comparada desde o seu livro inicial. Em A Prisão do Rei meus medos eram: ter uma Mare Barrow muito mimizenta e ter capítulos narrados pelo Cal.
Nenhum desses ponto aconteceu, mas outras coisas acabaram por se tornar aspectos negativos. A primeira delas é a demora de mais de 300 páginas para algo finalmente acontecer. Há uma longa espera aqui pra que a ação nos alcance e o livro realmente engrene. Felizmente algumas coisas se salvam desse período e é possível conhecer bem mais sobre o desenvolvimento político aqui. Temos pela primeira vez uma visão mais ampla dos reinos e da posição de seus governantes sobre o que está acontecendo em Norta e a Guarda Escarlate.
“Somos fios desencapados e máquinas defeituosas, ainda aprendendo sobre nós mesmos e nossas habilidades. Quem sabe o que pode acontecer?”
Isso é muito importante para que a história ganhe mais corpo e não sobreviva apenas dos conflitos pessoais dos três personagens que tomam o centro da trama. Saber o porquê das coisas e os motivos ocultos das coisas que nos foram apresentadas como verdade desde o começo da história. Lakeland, Monfort e Piedmont tem seus papeis um pouco mais explícitos e algumas cartas acabam também por ser expostas na mesa.
O personagem que mais nos ajuda a entender certas coisas é Maven, sendo também aquele que possui mais profundidade e entendimento aqui. Em A Prisão do Rei conseguimos entender melhor o que aconteceu com ele e o que Elara fez em sua cabeça, arrancando lembranças e sentimentos até que moldasse o jovem a ser o que é hoje. Porém, parece que nem ele compreende direito e apesar de entender, não é capaz de saber ao certo o que lhe pertence e o que foi plantado ali pela Rainha mãe. Uma das poucas coisas que o prende e ele sente como real é a ligação com Mare, algo que Elara não conseguiu exterminar.
“Sem querer, sinto saudades de alguém que não existe.”
É essa ligação que vai manter Mare viva e também nos possibilitar ver através dos olhos dela algumas coisas explicativas para a história. Ele a leva para vários lugares, pois não quer perdê-la e não arrisca entregá-la a supervisão total de outra pessoa pois sabe que os prateados estão atrás de sua cabeça.
Outra grande surpresa do livro é Evangeline. Ela e Maven, aliás, são os meus personagens favoritos nesse livro, pra vocês terem uma noção. Ela tem alguns capítulos e é muito interessante conhecer seu ponto de vista. Ela está prometida ao Rei, como exige sua posição, mas há um desconforto palpável em toda a cena em que está, e a curiosidade do leitor em direção à personagem se aguça muito por causa disso.
Mare não teve grande crescimento aqui, mas também não foi a chata que eu achei que seria. Ela se comportou muito bem na posição que lhe foi imposta e tentou o tempo todo buscar opções e se manter lúcida. Outro que se firmou um pouco mais foi Cal, agora como parte real da Guarda Escarlate. Ele foi treinado para ser um estrategista e agora está usando isso em favor da organização, o que está rendendo frutos em manobras bem realizadas e vitórias. Porém, seu potencial ainda é muito desperdiçado e ele soa sempre muito fraco na história. E o desfecho dado ao livro não colaborou nem um pouco pra uma mudança nessa imagem.
O fim chegou já antecipado. Há uma cena específica umas 100/70 páginas antes que alerta o leitor e faz com que já saibamos o que está por vir. Ai, quando acontece, não há surpresa alguma e, como os personagens envolvidos são bem previsíveis, nada do que é imaginado deixa de se concretizar, trazendo um final sem grandes surpresas. Em um livro que demorou 300 páginas pra engrenar e começar a acontecer, isso não é algo positivo.
Além da visão de Mare, os capítulos também são guiados por Cameron, uma sanguenovo que conhecemos no segundo livro e que eu tive que puxar bastante na memória pra me lembrar quem ela era. Por ela não ser muito ativa dentro da Guarda Escarlate perdemos de enxergar melhor dentro da organização. Preferiria muito mais que a Farley tivesse conduzido e que tivéssemos em algum momento algumas visões de Maven também. Iria ser incrível habitar a cabeça perturbada do personagem.
A Prisão do Rei foi o livro mais fraco até o momento na minha opinião. Há muita lentidão, podia certamente ser mais dinâmico, há pouco desenvolvimento de história – apesar de ampliar o mundo e nossa visão -, e não se mantém um clima durante a leitura. Há picos e momentos onde a trama é simplesmente atirada no leitor sem um escalonamento de tensão, fazendo certas coisas soarem bem abruptas, como o ato final.
Confesso pra vocês que para o livro final as expectativas baixaram um pouco, o que parece aumentar o peso que a conclusão da série vai ter. A Rainha Vermelha e Espada de Vidro foram livros que eu defendi fortemente e também combati as comparações, mesmo tendo lido a trilogia Grisha e encontrando algumas coisas (principalmente a cena final do segundo). Mas agora o que eu realmente preciso, e acho que todos os leitores aqui, é um final fantástico, para apagar todos os altos e baixos e termos mais um motivo para defender a história de Victoria Aveyard.
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