Antônio 20/10/2020
Essa foi a minha primeira leitura dos Manuscritos Econômico-filosóficos e minha primeira reação foi a de fascinação. Encontramos um Marx cada vez mais distante, rompendo com a tradição dos jovens hegelianos e se aproximando do materialismo que revolucionou a forma como se conceberia as ciências sociais durante o século XX.
Humanização, economia, trabalho, o significado do dinheiro e como tudo isso se relaciona com as nossas subjetividades são temas centrais na obra. Aliás, os conceitos de estranhamento e exteriorização do trabalho estão pautados no esquecimento de si ao mesmo tempo em que o trabalhador exerce suas funções "como uma atividade estranha que não pertence a ele, a atividade como miséria, a força como impotência...", uma atividade independente e não pertencente a ele.
Os manuscritos são essenciais para entender os conceitos que irão ser trabalhados posteriormente na obra marxiana, uma vez que, aqui, conseguimos relacionar a origem das críticas de Marx. A ideia da propriedade privada como consequência do trabalho exteriorizado é bem desenvolvida aqui, sendo essencial para entender a análise marxiana acerca da ignorância de si dentro do capitalismo.
"Quanto menos comeres, beberes, comprares livros, fores ao teatro, ao baile, ao restaurante, pensares, amares, teorizares, cantares, pintares, esgrimires etc., tanto mais tu poupas, tanto maior se tornará o teu tesouro, que nem as traças nem o roubo corroem, teu capital. Quanto menos tu fores, quanto menos externares a tua vida, tanto mais teus bens, tanto maior é a tua vida exteriorizada, tanto mais acumulas da tua essência estranhada".