spoiler visualizarAndre.Pithon 18/09/2022
Ok lá vamos nós novamente criticar livro renomado
Essa obra de arte me custou quase toda a vantagem que eu construí para a meta de leitura do Goodreads, semanas preso em cortes portuguesas onde nada acontece, debatendo-me desesperado para chegar na conclusão óbvia que todos podem prever já na primeira meia dúzia de capítulos. E as vezes alguns diálogos salvam a narrativa de tão interessantes que são? Não. Não salvam. Nobre português fala coisa de nobre português pela centésima vez e leitor duvida de sua sanidade.
Duvida tanto da sanidade que ainda coloquei duas estrelas nesse épico do tédio, epopeia da letargia, ápice do realismo português, se realismo significa gastar 30 páginas em um jantar onde acontece nada relevante ou interessante. É realista, realmente. Realidade massante e cansativa, mas realidade.
Mas eu gostei pelos primeiros capítulos, de verdade, tava me entretendo. Acho que a prosa é ok, por mais que descritiva ao extremo. E quando o capítulo 2 termina com o até então protagonista dando um tiro na própria cara no melhor estilo Jovem Wether, eu hypei. Só dois capítulos e já veio a parte boa! Empolguei, ritmo tá bom, hora de passar de geração para geração, e ver os Maias se fodendo todos.
Digressão. Infelizmente, Os Maias é o nome da família.
Ler 600 páginas de membros do povo Maia indo em bailes, conversando de arte, cornando-se mutua e incansavelmente, teria sido muito mais interessante, apenas pela variedade do cenário. Eça de Queirós não pensou longe o suficiente, com um pouco mais de imaginação talvez conseguisse me entreter por mais de três capítulos.
Pois assim que termina o arco inicial, o marasmo toma conta de Lisboa. Carlos cresce para a posição de protagonista sem alma, e fica balbuciando de um lado para o outro em busca do plot. As vezes o melhor amigo dele, Ega, se une ao vagar, e os dois podem não fazer nada juntos. Afonso, o vô dele, e o único personagem que resta da parte boa do livro, fica olhando saudosista por quando a história era mais empolgante. Me identifico pra 🤬 #$%!& com o velho.
Se aproximando do último terço do livro, depois que Carlos começa a pegar a irmã, tudo vai ficando ainda pior. A conclusão é óbvia. O desenvolvimento é esperado. A trama não foge de uma novela previsível, o que eu meio que esperaria de um romantismo medíocre, não daqui. O livro justifica o teórico realismo já que as vezes um coitado grita: "Lisboa é uma merda!", "Viva a inglaterra!", "Nossa, como eu queria estar fazendo nada em Paris ao invés daqui! Com certeza o leitor se entediaria menos se todos carregassem umas baguetes por aí!"
Existem outros comentários políticos ou estilísticos perdidos, as vezes alguém critica poesia romântica, dá pra sentir que a sociedade é um bando de 🤬 #$%!& e nenhum casamento é respeitado, mas a narrativa central é a mesma linha romântica trágica proibida que até na época que isso foi escrito já era batida.
Eu honestamente acho que olharia bem positivamente para esse livro se fossem 200 páginas. Dava para conseguir tirar um 3-3.5
Triplicar esse tamanho me ofendeu profundamente, diluindo os poucos fiapos de trama em um mar insosso de nada.
Já li muito do romantismo, as grandes obras que conduzem as almas feridas a cogitar morrer de tanta emoção. Nenhuma delas se compara a "Os Maias". Se há algo que posso afirmar plenamente, é que nenhum outro livro chegou tão perto de causar minha morte quanto esse.