Rafael.Nicastro 02/01/2021
Apocalipse não deveria ser fonte de teorias conspiratórias
Nesta bela obra, Dr. Scott Hahn faz uma análise intelectualmente instrutiva e espiritualmente rica sobre a relação que há entre a Missa e o intrigante Livro do Apocalipse: ?a palavra ?apokalypsis?, em geral traduzida como ?revelação?, literalmente significa ?desvelamento?. [...] Eis o que foi desvelado no livro do Apocalipse: a união entre o céu e a terra, consumada na Sagrada Eucaristia? (p. 116).
No início, o livro nos prende pelo fato de o autor nos contar sua própria experiência, seu choque ao participar da missa pela primeira vez, ainda como pastor protestante presbiteriano, e perceber que, ao contrário do que pensava, estava vivendo a própria Sagrada Escritura. Por isso, para bem introduzir os leitores no assunto, dedica a primeira parte do livro a explicar os principais significados da Santa Missa. E o faz de forma que todo católico precisaria ler tais páginas para poder dar mais importância e participar com mais consciência do Rito Sagrado.
A segunda parte é dedicada à análise do livro do Apocalipse e ao ?desvelamento? dos significados das figuras de linguagem utilizadas que causam tantas discussões entre aqueles que querem entender com mais profundidade o derradeiro livro da Bíblia. Porém, ao contrário de outras linhas de interpretação enumeradas por ele - que buscam relacionar as figuras literárias a instituições ou líderes e acabam fracassando quando estes acabam não promovendo uma batalha final sobre a face da terra -, Dr. Hahn, baseado no estudo da Patrística e de forma convincente, mostra-nos que tudo possui um significado essencialmente litúrgico. Ele não descarta a eficácia para outras interpretações, como a futurista ou a historicista, porém, como bem percebe, toda a Bíblia deve ter aplicabilidade máxima para todas as gerações; ora, se só quem vive no futuro pode saber quem é a besta ou se a besta só poderia ser um imperador romano, por exemplo, qual seria o sentido deste livro para todas as outras gerações cristãs? Em verdade, é somente com a chave de interpretação litúrgica que o Apocalipse ganha uma aplicabilidade mais plena.
E essa aplicabilidade é a de João nos mostrar a transição do culto judaico e de seus elementos para algo novo, completo e perfeito. Assim, os velhos ritos e símbolos destruídos por Roma em 70 d.C. já não seriam mais necessários, porque, realmente, era chegado o novo tempo: o tempo da igreja com o sacrifício verdadeiro.
O livro termina, então, na terceira parte, com a união dos dois elementos: Missa e Apocalipse! É na liturgia que vivemos o combate ao lado dos anjos contra o dragão; é na liturgia que participamos do sacrifício do cordeiro; é na liturgia que ceamos no nosso banquete de núpcias; é na liturgia que podemos presenciar o céu já aqui na terra!