Todos Os Romances e Contos Consagrados de Machado de Assis

Todos Os Romances e Contos Consagrados de Machado de Assis Machado de Assis




Resenhas - Todos os romances e contos consagrados de Machado de Assis


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Filipe 17/02/2018

Não sou meu irmão
Assis com “Esaú e Jacó” e Hatoum com “Dois Irmãos” tratam de um assunto muito caro a todos nós: a família.
Não é uma família qualquer, se bem que poderia ser a sua, ou minha. São famílias com relações tão complexas que poderiam ser reais, repletas de mazelas, segredos guardados a sete chaves.
Nas duas histórias, os conflitos são potencializados e desenvolvem-se em torno de irmãos gêmeos. Esqueça toda aquela história dos documentários e reportagens que evocam o misticismo que cerca esse tipo de nascimento. Esses irmãos se odeiam.
No romance de Machado de Assis, Pedro e Paulo, os protagonistas brigaram desde o ventre. Eles competem entre si pelo amor da mãe, de uma mulher, pelo sucesso. Em “Dois Irmãos” não é diferente, Yaqub e Omar não nasceram para serem amigos.
O que me encantou nas duas histórias foi a relação das famílias com os nascituros gêmeos. Há um esforço sobrenatural para que eles se deem bem. Que se gostem. Ao mesmo tempo eles estão inseridos em um cruel jogo de comparações infindáveis.
A mística sobre gêmeos é um tanto interessante. As pessoas esperam que eles sejam parecidos em tudo. Não foi uma ou duas vezes que me perguntaram se eu era parecido com minha irmã. Gentilmente, eu respondia, “ela é mulher, eu homem”. Mesmo assim, a busca por semelhança continuava. Personalidade, gostos, capacidade intelectual. A necessidade que as pessoas possuem em fundir dois seres que são únicos fazem com que eles se separem muitas vezes.
Outro ponto comum aos dois romances é o trabalho que os entes da família, principalmente os pais, têm em passar para a sociedade que suas famílias não tenham máculas. O conflito entre os irmãos gêmeos é algo que precisa ser ocultado.
Tanto Assis quanto Hatoum usam revoluções como pano de fundo. O primeiro, constrói a sua história no período da proclamação da república. O segundo, no golpe militar de 1964. É uma oportunidade para escrutar como esses autores sentiam e visualizavam os conturbados períodos políticos de suas épocas.
Convido-os a dedicar a essas obras um tempinho. É uma leitura prazerosa e de muito simbolismo. É um retrato histórico de dois tempos que fazem parte da nossa história. São convites para repensarmos e modernizamos nossas relações familiares.

site: http://filipeldias.blogspot.com.br/2018/02/casos-de-familia.html
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EduardoCDias 04/07/2023

Último livro do box
Dos três livros da caixa é o menos interessante, mas mesmo assim, muito bom! Os contos da parte final são imperdíveis.
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@fabio_entre.livros 27/04/2024

Machado oscilante
Concluo o último volume dos romances de Machado de Assis com uma retratação, uma confirmação e uma indagação, cada "ção" relacionada a um dos títulos.
A retratação eu faço em relação a "Esaú e Jacó"; uma vez que esta foi (como as demais, exceto "A mão e a luva") uma releitura, assumo que da primeira vez que li este romance não gostei. Pareceu-me, na época, que o brilhantismo machadiano tinha se esgotado em "Dom Casmurro", e que em "Esaú e Jacó" a narrativa era enfadonha, pouco instigante e mais interessada em "falar de política" do que em desenvolver personagens. Essa impressão negativa felizmente caiu por terra nesta releitura. Ainda acho que o auge de Machado está na trilogia anterior (sobretudo em "Memórias póstumas de Brás Cubas"), mas "Esaú e Jacó" é, afinal, uma obra bem mais interessante do que parecia à primeira vista. Ao narrar as vidas conflituosas dos gêmeos Pedro e Paulo, em tudo opostos, a não ser pelo amor à mesma mulher, Machado apresenta de forma muito criativa um panorama histórico e político do Brasil em transição da monarquia para a república.
A confirmação ficou com o último romance do autor: "Memorial de Aires". Quando o li pela primeira vez, há mais de quinze anos, foi uma experiência desinteressante, monótona e sem clímax que não chegava a lugar nenhum; a releitura confirmou essa impressão. Este é, de longe, o livro mais preguiçoso de Machado, em minha opinião. A princípio, achei estranho saber que este e considerado o trabalho mais autobiográfico do autor, mas depois lembrei que "David Copperfield" tem a mesma fama em relação a Dickens, e isso não o impediu de também ser uma leitura execrável. Quanto à história, o título, a narração em primeira pessoa e a própria ideia de um personagem idoso contando suas lembranças poderia fazer um contraponto a "Memórias póstumas", mas a forma e o conteúdo não despertam nenhum entusiasmo. Nem mesmo o narrador demonstra interesse em contar a sua vida pregressa; sabemos que é um diplomata viúvo, que viajou bastante pela Europa, que tem grande conhecimento intelectual, mas pouquíssimo do seu passado é explorado. No seu memorial ele prefere descrever as chatíssimas visitas a "gente importante" que ele faz ou recebe, e os dramas lacrimosos do casal Aguiar e seus dois "filhos postiços", cujos pais biológicos não acharam nomes menos ridículos com que batizá-los do que Tristão e Fidélia.
A indagação, por fim, eu deixo em relação aos contos consagrados que fecham o volume. São onze narrativas curtas, entre as quais estão os meus dois primeiros contatos com o autor, lá no ensino fundamental: "Um apólogo" e "A cartomante". No entanto, para uma mente febril que deu à luz mais de duas centenas de contos, eu me pergunto qual foi o critério de seleção usado para eleger os que compõem esta edição. Se a ideia era simplesmente dar mais volume ao livro, penso que teria sido mais interessante encerrá-lo com "O alienista", que é uma novela cuja extensão é mais ou menos equivalente ao espaço tomado por esses poucos contos aleatórios.
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Valerya insta @leslivres_ 26/03/2023

Memorial de Aires
Depois de aposentar-se e retornar ao Brasil, mais precisamente ao Rio de Janeiro, o Conselheiro Aires começa o seu memorial, seu diário, que acaba sendo a história da vida de uma jovem viúva, Fidélia Nogueira e de um casal de idosos, os Aguiar, que nunca tiveram filhos.
Numa narrativa esplendorosa, em Memorial de Aires, Machado de Assis nos presenteia com algumas risadas e ótimas reflexões e até com uma utopia no momento em que narra a abolição da escravatura e o destino dos escravos de Fidélia.
Um clássico da nossa literatura que todos deviam ler.
Perfeito como são as obras do Bruxo do Cosme Velho.
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Natália 13/12/2023

É sempre maravilhoso ler Machado
Esaú e Jacó: 8° romance que leio de Machado de Assis e foi o que menos gostei do autor.
A história e os personagens não me cativaram como nos outros livros. Achei que a narrativa se tornou arrastada em alguns momentos. De qualquer maneira, recomendo a leitura.

Esaú e Jacó: O livro é ambientado na cidade do Rio de Janeiro, na transição da Monarquia para a República e conta a história de Pedro e Paulo, dois irmãos gêmeos tão idênticos na aparência, no entanto, de personalidades tão diferentes. Enquanto um é conservador, cauteloso e monarquista, o outro é liberal, impetuoso e republicano. A diferença de temperamento acompanha os dois desde sempre, fazendo os dois terem brigas desde o ventre de sua mãe, Natividade, cujo grande sonho é que sejam grandes homens e bons amigos. O tempo vai passando e Pedro se torna médico, enquanto Paulo se torna advogado. A única coisa que os dois têm em comum é que ambos são apaixonados pela mesma mulher: Flora.

Último romance escrito por Machado de Assis (em 1908, ano da morte do autor), Memorial de Aires é uma obra narrada pelo narrador- personagem Marcondes Aires. O Conselheiro Aires, como é conhecido, também é o protagonista da história e aparece no romance machadiano anterior, Esaú e Jacó. Ele é um diplomata aposentado, de grande intelecto, bem-sucedido e que tem um convívio intenso na sociedade carioca. A narração da história se dá através de uma espécie de diário escrito pelo Conselheiro em que ele descreve o seu dia a dia e o cotidiano na Corte carioca entre os anos de 1888 e 1889, em uma época de transição da escravatura para a abolição. Aires registra suas impressões sobre o amor, a vida, o luto, as amizades, os vínculos, os encontros e desencontros.

Não consigo explicar o que sinto quando leio Machado de Assis. Eu amo tudo o que já li dele. Gosto das características que tornam a obra de Machado única, como a ironia, a intertextualidade (nesse livro, por exemplo, o Conselheiro Aires cita o poeta Shelley várias vezes), o diálogo do narrador com o leitor, a construção bem elaborada dos personagens, capítulos curtos, personagens humanos, análise psicológica dos personagens, enredos reflexivos.
É o 9° romance que leio de Machado de Assis e minha próxima leitura será "Casa Velha", finalizando assim, todos os romances do meu escritor preferido.
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Gabriel Barbosa 08/03/2024

Li somente Esau e Jacó. E valeu pelo livro todo. Machado sintetiza o conflito fundamental da nossa sociedade, que pendula entre um tradicionalismo ?afavel? e uma modernidade atrasada. Leitura fundamental.
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