Resenhas - Biografia involuntária dos amantes

regifreitas 03/09/2021

BIOGRAFIA INVOLUNTÁRIA DOS AMANTES (2014), de João Tordo.

BIOGRAFIA INVOLUNTÁRIA DOS AMANTES tem como protagonista um professor universitário da cidade de Pontevedra, na Espanha, bem próxima da fronteira com Portugal. Divorciado e com uma filha adolescente, com quem não tem um bom relacionamento, ele vive uma vida apática, sem grandes interesses além das suas aulas e de um programa de rádio que apresenta semanalmente, nas madrugadas. Um dia ele encontra vagando pelas ruas da cidade uma triste figura, soturna e sem rumo, que lhe chama a atenção. Trata-se do poeta mexicano Saldaña Paris. Uma amizade começa a se formar, e aos poucos o poeta vai desvelando sua história, intimamente ligada à história de Teresa, sua ex-mulher, recém-falecida, e por quem ele ainda nutria uma paixão obsessiva.

Em determinado momento, Saldaña Paris pede ao professor para que este leia um manuscrito deixado por Teresa; texto este que o próprio Saldaña Paris ainda não tivera coragem de ler. A partir da leitura do manuscrito, o professor toma conhecimento da história de pessoas tão problemáticas e de situações tão absurdas, que ele próprio acaba ficando obcecado em descobrir a verdade por trás dos acontecimentos que rodearam todos eles.

O livro até tem um começo promissor, lançando ideias que poderiam resultar em uma boa história. Mas o desenrolar é arrastado! Era pouco mais da metade da obra e eu já tinha perdido o interesse nessas pessoas. A impressão inicial que me ficou é que um emaranhado de contradições seria criado, cuja tensão seguiria num crescendo, até chegar em um desfecho no mínimo inusitado. Mas o autor opta - ou simplesmente não foi capaz - por entregar um final apenas banal.

A escrita em si não é ruim, mas o enredo traçado perde a graça muito rápido. Porém vi algumas qualidades no autor, suficientes para tentar algum outro título seu futuramente.

Nathalie.Murcia 15/06/2020

Belo romance lusitano
Ler um livro escrito no português lusitano é sempre desafiador, não somente pelo léxico que, às vezes, difere dos nosso, mas também pela construção das frases. Acho de uma beleza notável esse estilo de escrita. Mas, em relação à trama propriamente, o início de um ciclo se desvela no momento em que dois amigos atropelam um javali na estrada. Enquanto aguardam os trâmites legais na Delegacia, Saldaña Paris pede ao nosso protagonista professor que leia um manuscrito deixado pela mulher que o primeiro mais amou. A

A partir daí, descobrir o que se passou, encaixar as peças do quebra-cabeca e, especialmente, resgatar o amigo de uma profunda letargia e de um exílio autoimposto em terras estrangeiras, em razão desse passado mal resolvido, se torna o mote do protagonista. Belíssima história!

Este foi mais um dos livros que, além da sinopse, me cativou primeiramente pela capa e correspondeu às expectativas. Vencedor do prêmio José Saramago.

Mais resenhas no meu Instagram.

site: http://.instagram.com/nathaliemurcia/?hl=pt-br

Pipoco 13/07/2017

Memória, poesia e reflexões
Este livro me atraiu desde o lançamento: a capa, a sinopse e a autoria (trata-se de um escritor português contemporâneo) foram fatores fundamentais para que eu tomasse coragem, comprasse um exemplar e furasse a fila dos livros a ler.
Lindo, com um estilo bem poético e uma história repleta de memórias e reflexões, João Tordo nos apresenta uma obra que é, sobretudo, uma grande declaração de amor, em seus sentidos mais variados...

Vilamarc 29/07/2018

Amores e Amizades
Mais que um romance sobre amores, um livro sobre amizades verdadeiras, sobre escolhas e sobre acasos.
Os amores são abordados em diversas facetas, mas sobressai no livro, o poder de uma amizade, do compromisso e responsabilidade de cada um com as histórias das pessoas que amamos.

Lana 12/03/2023

Quando o narrador não é o principal
Na verdade, até as primeiras 80-90 páginas eu não estava gostando muito do livro... porém, depois a trama dos relacionamentos me envolveu e de alguma forma me fez lembrar de A insustentável leveza do ser (com as devidas proporções). A personagem Teresa é responsável não só pela fluidez, mas também pelas camadas do livro. Finalizei gostando muito das reflexões deixadas nas entrelinhas.

Micarla.Candido 18/04/2023

É a vida e não é uma das mais bonitas
Levei tantos dias lendo esse livro que ao final fiquei com uma sensação de familiaridade absurda em relação aos personagens!

Não sei dizer se gostei ou se não gostei ou talvez tenha gostado por gostar de conhecer vidas por aí.

A história me parece o recorte de uma vida muito difícil como tantas vidas por aí ou muito mais que muitas por aí, e que como a vida não há final feliz, há apenas um lidamos melhor com as merd*s que nos aconteceram agora.

Fico feliz que pelo menos cada um encontrou algo a se fazer com tudo que lhes aconteceu.

Lá pelo final em algum lugar depois das notas menciona-se um tal de Daniel Saldanã Paris e agora tô aqui me perguntando se alguma coisa disso tudo chegou a ser real '-'