Priscilla 01/01/2012Ao receber Os Sete Minutos da minha tia, não tive nenhuma empolgação para lê-lo. Me parecia muito chato, muito... comum.
E ao ler as 100 primeiras páginas quase tive certeza disso. No começo, o livro pode realmente ser desgastante. Irving Wallace é aquele tipo de narrador que ama detalhar o ambiente e as ações do personagem, o que pode se tornar enfadonho. Porém, ao passar esse teste inicial o livro tornou-se interessante de tal forma que me forçava a lê-lo mesmo com sono.
Os Sete Minutos conta a história de um livro, de mesmo nome, escrito por um autor de nome J J Jadway. O livro (o fictício) carrega a seguinte premissa:
"Embora houvesse grande variedade de reações a maioria das mulheres que tinham orgasmo, provocado manualmente, oralmente ou através do coito, atingia o clímax em sete minutos."
Contava então a história de uma mulher na cama, durante o ato sexual. O livro era dividido em sete capítulos, sendo cada um deles representando cada minuto até o clímax. Cada capítulo mostrava tudo que a protagonista sentia e pensava. Não nos é mostrado o conteúdo do livro, só realmente o que ele diz, o que ele passa: os mais profundos pensamentos femininos.
Tal livro, foi dado como pornográfico. O "Departamento de Costumes" de Los Angeles decidiu reagir a venda do livro prendendo um livreiro, Ben Fremont, que vendia o mesmo. O livreiro foi preso, mas a reação do povo com relação a notícia prisão não foi o que desejava Elmo Duncan, promotor público e aspirante a senador dos Estados Unidos. Elmo é ajudado por Luther Yerkes, homem rico e poderoso que pretende deixar Elmo famoso em todo o país, para assim ganhar facilmente a votação.
Surge então uma ótima oportunidade. Um rapaz, Jerry Griffith, de boa família é preso por estupro. No carro do rapaz é encontrado Os Sete Minutos de Jadway. Pronto, acusam o livro como a causa do estupro. Que o rapaz, de boa índole, foi levado ao ato brutal ao ler o livro e ficar tremendamente excitado. É claro que a repercussão dessa notícia é muito maior.
Então, conhecemos Mike Barret, advogado, prestes a ser vice-presidente de uma grande empresa, que recebe a ligação de seu amigo, Phil Sanford, editor de Os Sete Minutos, solicitando a defesa do livro e de Ben Fremont. Mike se vê em um dilema, pois ao aceitar participar da defesa, perderia o cargo da vice-presidência e ao mesmo tempo não poderia recusar, pois deve muito ao amigo.
Então ele lê o livro e toma sua decisão. O considera uma obra-prima que merece ser defendida.
O livro é maravilhoso, surpreendente e causa muita emoção. Quantas vezes passei raiva vendo a defesa perder pistas uma atrás da outra...
Mostra como o dinheiro e poder mudam as coisas, a opinião das pessoas. Lhe faz torcer juntamente com Mike pela liberdade de expressão e inocência de Jadway e sua obra.
Recomendo enfáticamente o livro. Pensei que demoraria um século para ler as 634 páginas, mas realmente me impressinou e o devorei.
Termino a resenha com uma frase que me tocou no fim do livro:
"Um livro não é um chumaço de papel. Um livro é um cérebro, uma pessoa, várias pessoas, nossa sociedade, a própria civilização"
Tenho que concordar totalmente com Irving Wallace.