Conta-se um Livro 12/10/2017
Um conto de fadas bem levinho para se ler!
"Martha Perdida" (vou chamar assim por que o titulo é muito grande gente haha) é um conto de fadas bem levinho. Como toda historia do gênero a gente se depara com um nível de inocência nos personagens fora do comum e essa é uma das características da Martha Perdida.
Sim, o nome dela é Martha e a chamam de Perdida por que a mãe (a personagem que a adota) lhe disse que pessoas perdidas não merecem sobrenomes.
Mas vamos ao começo, Martha nos conta sua historia de forma bem espontânea, como se ela estivesse sentada do seu lado enquanto esperam um trem atrasado. Tudo começa com a menina girando pela estação de Liverpool, local onde ela vive e nunca saiu desde que foi encontrada numa mala e deixada nos achados e perdidos. A mãe, a dona do achados e perdidos conta a historia de que Martha ficou numa prateleira esperando ser encontrada por muitos dias até ser obrigada a ficar com a menina. Logo no começo percebemos que a relação de Martha com esta senhora chamada de A mãe é de pura submissão e medo.
Martha nunca saiu da estação e acredita (graças a mãe) que se sair de Liverpool, o local inteiro irá desmoronar e matar todos lá dentro e tudo será culpa dela. Então Martha, com seus 16 anos passa seus dias na estação onde interage com os funcionários e fez deles parte da sua família, Elizabeth é sua melhor amiga e dona da cafeteria ao lado. Graças a Elisabeth, Martha tem acesso a musicas e muito bolo glaceado de limão acompanhado de chá (se você como eu adora bolo, vai se sentir tentado muitas vezes a parar na doceria mais próxima haha).
A mãe, na verdade não tem um nome, ela simplesmente é chamada assim, é uma figura religiosa e alienada, criou a menina de forma que toda essa alienação colocasse barreiras entre Martha e o mundo exterior. Mesmo assim a menina demonstra extremo respeito com ela le procura não desobedecer as ordens ou questiona-las, até por que pode ser punida.
A historia do livro começa a desenrolar quando Martha começa a receber livros de um misterioso personagem que diz saber muito sobre a vida da menina. Em meio a acontecimentos que prometem mudar a vida de Martha e novos personagens sendo introduzidos como George (um amorzinho de soldado romano) que sempre pega o mesmo trem, senta no mesmo banco e desembrulha um sanduíche, Willian um personagem único de chapéu coco que vive nos tuneis da estação, ainda tem espaço para lidar com uma historia paralela de uma mala que talvez tenha pertencido aos Beatles encontrada pelo escritor australiano Max que vocês vão aprender a torcer contra haha.
Em meio a perdas e novas responsabilidades, Martha mais do que nunca precisa saber quem ela é, e a unica pessoa que pode ajuda-la é o personagem misterioso que se comunica através de cartas escritas em livros.
A leitura do livro flui levemente até o fim, a unica coisa que tenho para reclamar é um pouco de repetição de fatos já relatados anteriormente. No livro a autora utilizou bastante referencia musical como Beatles e Elvis, então se tiver a oportunidade de escuta-los enquanto lê o livro terá a chance de se sentir na cafeteria da Elizabeth.
A quantidade de personagens excêntricos é maravilhosa, Martha por si só é uma peça rara, toda a inocência que ela transmite ao longo do livro é digno de conto de fadas, alem disso ela tem um dom: De poder ver a historia dos objetos com um toque. É interessante quando ela começa a contar a historia por que você sente toda a emoção.
Willian para mim foi o personagem mais amor do livro, a historia dele é sofrida e ele tem o jeito excêntrico de viver. O George teve a introdução mais engraçada do livro, pois Martha e Elizabeth ficam criando teorias do por que ele estar sempre vestido de soldado romano.
"Imagino que, se alguém desse com a gente, ficaria curioso. Somos um bando desconexo, um chá do Chapeleiro Maluco, e ainda assim nos encaixamos perfeitamente." - Pag. 150
No decorrer do livro a historia sobre a mala dos Beatles se encontra com Martha. A menina acaba conhecendo Max que promete te fazer odiá-lo e desejar que a inocência de Martha dê espaço para o amadurecimento da personagem que acontece bem lentamente. Existem dois pontos desse encontro de Martha e Max que são chave: Primeiro Martha tenta ajudar Max nesta busca, o que faz a menina gostar do rapaz de 40 e tantos anos e arranjar um jeito de mostrar a cidade para o australiano.
Eu achei que faltou um pouco de foco na busca da Martha sobre conhecer sua historia, isso acontece lentamente e você chega a acreditar que ela nunca vai saber a verdade. Em contra partida é perceptível o amadurecimento dos personagens (O amadurecimento do Willian foi o meu favorito) mas isso ficou meio ofuscado com a busca da mala dos Beatles que quase pareceu mais importante que a busca da Martha.
Enfim eu recomendo este livro para quem gosta de contos de fadas, pois tem todos os elementos necessários para um dos bons: vilões, príncipe e princesa, uma busca e claro um final que faz jus à historia.
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