Queria Estar Lendo 24/02/2020
Resenha: Levana
Levana é um prequel da série Crônicas Lunares, escrita pela queridíssima Marissa Meyer, que serve para apresentar um pouco do passado da terrível e adorada vilã de mesmo nome. Uma novela rápida que dá voz aos motivos que levaram Levana a se tornar a rainha má.
Esta resenha pode conter alguns spoilers sobre a personagem, mas nada que afete a leitura da série.
Conhecemos Levana nas Crônicas Lunares como uma rainha ambiciosa que não mede esforços para conseguir o que quer; manipuladora, vil e perversa, ela é, em definição, a rainha má encorporada dos contos de fadas. Mas o que a levou a se tornar esse monstro? Por que Levana escolheu a crueldade em vez da justiça?
Essa novela de 256 páginas apresenta a rainha quando ainda era princesa; recém órfã de pais, tudo que Levana tem é a companhia de sua irmã, a sádica e problemática Channary, e de uma corte real solitária e frívola. Luna é um ambiente de aparências, onde o glamour - seu poder de encantamento - move as pessoas. É através dele que Levana esconde sua aparência e seus traumas; é através dele que Levana consegue o que quer.
Eu gostei desse livro por um simples motivo: Marissa apresenta a origem da vilã sem nunca justificar suas atitudes. Entendemos porque Levana é fria, porque tem traços sociopatas e obsessivos. Compreendemos seus traumas e o que fizeram com sua mente, mas nunca em tom condescendente. Se essa obra serviu para alguma coisa, foi para me fazer odiá-la ainda mais.
"Levana sabia muito sobre beleza, assim como sabia muito sobre feiura."
Porque onde tem explicações também tem os primeiros traços de que ela se tornaria uma vilã. Onde somos apresentados ao seu passado traumático também somos apresentados aos momentos em que ela escolheu a perversidade à empatia.
Levana é uma garota acostumada a ter muito fácil, mas não as coisas importantes. Onde há riqueza e vastidão em seus arredores, há falta de carinho e amor. O que ela mais deseja, esse pertencimento e entrega e a sensação de receber empatia de volta - ainda que não apresente motivos para tal - ela arranca à força dos outros. O amor que almeja, ela rouba. O poder que de repente se torna tão essencial, ela conquista através da manipulação.
Sua relação com Channary talvez seja o pináculo principal para quem Levana se tornou. Um reflexo da crueldade da irmã mais velha, apesar de se dizer tão diferente dela. Uma sombra muito mais perigosa, construída através de sorrisos e de fragilidade. Onde Channary era descaradamente psicótica, Levana se esconde para mascarar os mesmos traços.
"Ali, entre o coração partido e a solidão, havia amor. Tão aberto e intenso que roubou o fôlego de Levana. O que ela não daria para ser olhada assim."
O livro serve para falar um pouquinho sobre a origem de quase todos os protagonistas da série original, contando com aparições importantes que rendem o famoso "OLHA FULANO ALI!". Um detalhe em especial, relacionando Levana a uma das personagens-chave de Crônicas Lunares, foi escancarado pela narrativa em uma cena de apertar o coração, tamanho nervosismo. Você sabe tudo que vai acontecer, mas é impossível não se sentir desesperada com o andar da trama mesmo assim.
Levana é uma leitura essencial para fãs das Crônicas Lunares. O tipo de prequel que humaniza, mas não justifica as problemáticas de uma personagem tão icônica em toda sua existência. E garanto que é impossível terminar de ler sem ter vontade de voltar para a série - que é o que eu vou fazer muito em breve.
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