Mari 06/06/2022Não foi ruim, só não achei incrívelConfissões me lembrou muito a estrutura narrativa de outro livro da autora, o Penitência, sendo que Confissões não funcionou tão bem para mim. A sinopse e o início do livro leva o leitor a acreditar que a história é sobre a vingança de Moriguchi exclusivamente, mas não, outros personagens que se envolvem na sua história pessoal ganham o protagonismo da narrativa por pelo menos um capítulo, fazendo com que o leitor questione suas motivações e culpa. O final é que rompe com essa estrutura, pois Penitência, até certo ponto, trabalha com um arco de redenção/perdão. Neste sentido, achei o final de Confissões mais impactante.
Eu também achei o plano do assassinato elaborado demais para ser feito por pré-adolescentes. Apenas próximo ao fim do livro é que a autora ventila a possibilidade de um dos assassinos ser superdotado, então sua genialidade parece uma espécie de Deus Ex-machina. Isso não me convenceu tão bem.
Sei que este livro traz uma certa polêmica, pois muitos leitores acreditam que a autora fez um desserviço ao utilizar o HIV como arma de vingança e também pela forma como descreve a AIDS; entretanto, no Japão alguns assuntos são tabus e discussões que parecem tão óbvias aqui no ocidente, não acontecem em países mais conservadores, por isso meu entendimento foi que a autora quis representar a ignorância e preconceito de adolescentes com a AIDS, não sendo necessariamente uma visão pessoal dela. Concordo que se o livro trouxesse um disclamer explicando a intenção da autora com a história ou um texto educativo sobre o HIV seria muito maravilhoso e isso realmente faz falta.
Mesmo com esses pontos que falei, fiquei com muita vontade de concluir essa leitura e li rapidamente, em um dia, não foi um livro que me causou repulsa. No geral, achei interessante, porém não recomendo para todo mundo.