Julia G 22/09/2017Volúpia de veludoDepois de ler os dois volumes anteriores de As Modistas, estava ansiosa por Volúpia de Veludo, terceiro livro da série de Loretta Chase. Adorei os livros de Marcelline e de Sophia Noirot, mas infelizmente Leonie não me encantou tanto quanto suas irmãs. Não que o livro seja chato ou ruim, pelo contrário, mas não trouxe grande diferenciação quanto aos outros livros da série e se tornou um livro divertido, mas não memorável.
Leonie é a mais nova das Noirots, a ruiva. Com suas duas irmãs afastadas logo após seus casamentos, ela tem que cuidar da Maison Noirot praticamente sozinha e dar conta do trabalho que antes era realizado pelas três irmãs. O problema é que ela é uma mulher prática e racional, leal aos números e à organização, e não está nem perto de alcançar o talento de Marcelline de desenhar vestidos ou a criatividade de Sophia para solucionar os problemas que surgem e girar as circunstâncias ao seu favor. Mesmo assim ela faz seu melhor e quer conquistar a confiança de lady Gladys, só que a interferência de lorde Lisburne, Simon, não a ajuda muito a manter as ideias no lugar.
"Um toque dos lábios dele nos dela. Só isso e o mundo mudou, ficou infinito e aconchegante, oferecendo um vislumbre... de algo. Mas acabou antes que ela pudesse identificar o que divisara ou sentira."
O livro é todo narrado em terceira pessoa pelo ponto de vista dos protagonistas, assim como havia sido com os livros anteriores. Essa composição me agrada bastante, pois é possível acompanhar a forma de pensar dos personagens principais, para além daquilo que eles externam. Senti falta, porém, das outras irmãs Noirots, já que o afastamento durou praticamente toda a trama. Acho que a parceria delas era um ponto alto na trama e, dessa vez, ficou em último plano.
Uma das coisas que gostei em Leonie foi sua força de vontade e sua independência. Apesar de as irmãs estarem afastadas e de ela conhecer suas limitações, ela nunca pensou que não poderia que fazer algo. Ela tinha que fazer e ponto final, pois ninguém faria por ela. Determinação não faltou na protagonista e, embora fosse difícil lidar com tudo o que ela precisava lidar, ela foi até onde era necessário para manter a credibilidade da loja que tanto amava.
Por outro lado, Lisburne não conseguiu me conquistar. Ele até podia ser charmoso, mas o fato de ser um nobre desocupado que não tinha nada para fazer além de aporrinhar Leonie não ajudou. Era como se ele não tivesse nenhum conteúdo além da vontade de levá-la para a cama e praticamente todos os encontros entre eles foram forjados por essa vontade. Faltou aquela sutileza tão típica em romances de época, aquelas coincidências que dão um ar de leveza e romance aos encontros. Somente ao reconhecer e se encantar pelos pontos fortes da protagonista Lisburne se redimiu um pouco. Além disso, seus diálogos com Leonie, cheios de provocações e humor ácido também garantiram alguma diversão.
Apesar de não ter gostado muito de Lisburne no início, achei muito fofo a forma como ele se transformou mais para o fim do livro. Assim como Leonie, ele não era adepto de romances e poesias, mas tornou-se brega e galanteador só para chamar a atenção da modista. Achei muito divertido esse contraponto entre razão e emoção e a forma como a autora demonstrou que algumas coisas podem mudar quando amamos. De forma geral, uma diferença no enredo de Volúpia de Veludo foi a presença das artes. Muito se falou sobre poesia e sobre pinturas, o que foi interessante para conhecer um pouco mais a cultura da época.
O contexto que mais agradou nesse livro, porém, foi a trama de lady Gladys. Acredito que seu enredo teria permitido a criação de um livro próprio, mas a autora optou por colocar a história como plano de fundo do romance entre Leonie e Lisburne e alvo de uma aposta entre os dois. Foi interessante acompanhar os desencontros entre Gladys e lorde Swanton, ainda mais por serem tão opostos e inconvencionais.
Achei um pouco estranha a alteração do nome de uma das irmãs - Sophia, como era chamada nos outros livros, passou a ser Sophy nesse volume. Acredito que tenha sido um problema da tradução, mas estranhei o nome e até conferi nos outros livros para confirmar se não estava imaginando coisas.
A leitura de Volúpia de Veludo é bastante rápida e gostosa, mas, como comentei, não traz diferenças relevantes e não se destaca em relação aos livros anteriores. É uma boa distração em meio a leituras mais densas e vale ser acompanhado por fazer parte de uma série tão divertida e apaixonante. Além do mais, o último livro da série terá como protagonista lady Clara, uma das que mais gosto, e tenho certeza de que será uma ótima leitura.
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