spoiler visualizarSara 25/03/2022
Absurdamente emocionante
Em O Ódio que Você Semeia, acompanhamos a vida de Starr, uma adolescente de 16 anos com uma vida normal (uma vida normal dupla, mas normal): ela mora em um bairro com pessoas que ama muito, tem uma relação feliz com sua família, amigos, tem um namorado e vai para a escola. Mas um dia, esses aspectos da vida dela começam a entrar em conflito quando presencia seu amigo ser assassinado a tiros por um policial (que confundiu uma escova de cabelo com uma arma). Agora, Starr precisa enfrentar uma justiça que não cumpre seu papel, enquanto lida com os embates da sua vida dividida entre dois mundos completamente diferentes.
Encurtando o título, T.H.U.G. conseguiu me fazer sentir (raiva, tristeza, dores de cabeça), questionar e me emocionar com a história de Starr. O tempo todo são mencionados assuntos (naturalmente, dentro da realidade dela) de cunho racial que proporcianam um excelente debate sobre as desigualdades e as disparidades da vida dela no Garden, e da sua vida na escola de ricos, com seu namorado branco e rico e suas amigas brancas (exceto Maya) e ricas.
Toda a relação fraterna da família de Starr é simplesmente um abraço no coração: são todos excelentes adultos e excelentes pessoas também, mas com defeitos e com profundidade. O Sekani provavelmente é o alívio do livro, porque praticamebte todas as cenas com ele eu ri MUITO. Seven é um irmão carismático e disposto a defender as pessoas que ama e a sua família (mesmo a sua mãe, com quem teve várias conflitos a vida inteira). Tio Carlos, o pai e a mãe são simplesmente os melhores personagens adultos de parentesco que eu já devo ter visto na minha vida: são compreensíveis, gentis, demonstram seu amor pelos filhos e com certeza dão os melhores conselhos do mundo.
Chorei na morte de Khalil e chorei depois. Ele não existe, é claro, mas se tivesse existido, ele não foi o primeiro e, infelizmente, nem a última pessoa negra a morrer por violência policial. Acho que ele estaria orgulhoso da Starr, por tudo que ela e sua família (e todas as pessoas de Garden) fizeram por ele. Enquanto o pai do policial dizia os atributos do filho para mostrar que ele era uma "pessoa de bem", dói lembrar quando Starr disse que a Khalil não foi dada a oportunidade de viver todas essas coisas (e ele queria, muito).
Por fim, acho que não desgostei de nada desse livro. Amo a protagonista e amo os personagens que ela ama. Amo também a sensibilidade dessa obra e a importância dela (espero que, se não for atemporal, que seja um registro histórico lembrando para sempre).