R...... 13/07/2017
Edição Rideel (Coleção Júlio Verne, 2001)
Gostaria de ler essa obra em edição que traz o texto integral. Até hoje não tive essa oportunidade, então vou me divertindo e satisfazendo a curiosidade na coleção da Rideel, caracterizada pela adaptação resumida em direcionamento infanto-juvenil. Não é o que gostaria, mas já que só tem tu então vamos nessa!
Um atrativo em especial para esse livro é o pioneirismo nas "viagens extraordinárias" de Verne. A partir desse o autor enveredou em mais de cem obras expedicionárias, com temas diversos que brindaram o público com alguns dos maiores livros de ficção científica e aventuras de todos os tempos. E tudo começou com o Cinco Semanas...
Rapaz! O estado de espírito interfere na leitura, porque deixei de lado a antipatia com edições em resumo e procurei curtir a história, aguçando a atenção para curiosidades, aprendizagens e devaneios. Resultado: gostei muito do livro.
Opa! As viagens extraordinárias iniciaram com uma bela narrativa, que atravessa a África central em uma balão no sentido leste à oeste, de Zanzibar ao Senegal. O protagonismo é de três expedicionários britânicos, que no percurso vivenciam aventuras que envolvem tribos desconhecidas, perigos com animais, resgates e encontros inusitados (como o de um missionário francês) e a revelação de um cenário muito desconhecido, quase mítico para os leitores da época.
Pensando no contexto da publicação, a gente percebe também exageros e uma imposição politicamente incorreta em alguns momentos por parte dos aventureiros. Acho que os aspectos que se destacam nisso estão na visão de colonizadores europeus que se acham dono de tudo. reduzindo os povos nativos à uma condição de selvageria e ignorância, e também a reprodução do costume de glorificação da caça. Só observação. Isso continua se reproduzindo também por aí em muitos nos dias atuais.
Ah, dessa vez consegui detectar mais um equívoco na ciência verniana. Pera lá seu Júlio! Macacos da cauda preênsil só existem no Novo Mundo.
É uma aventura extraordinária, com vários momentos interessantes. Cito também o ato desesperado de Joe em salvar os amigos, atirando-se como peso morto do balão em um lago infestado de crocodilos; a perseguição à cavalo pelos talibas e o ataque dos abutres que danificou a estrutura do balão. Além de Joe, o protagonismo tem a liderança do explorador inglês Samuel Fergusson e o amigo escocês Ricardo Kennedy, o Dick.
Curioso também o fato do missionário falecido, que vivia no voto de pobreza, ter seu corpo enterrado em uma mina de ouro... Às vezes fico pensando se Verne não tinha uma intencionalidade velada em certas descrições... E assim, de aventura em aventura, fui curtindo uma empolgante leitura.
Observação final, a edição procura enriquecer a narrativa apoiando com notas explicativas, porém, deixou de fora uma das principais: não poderiam deixar de tecer considerações sobre Zanzibar, que nada teve citado.
Enfim, curti!