O mal-estar na civilização

O mal-estar na civilização Sigmund Freud




Resenhas - O Mal-Estar na Civilização


163 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Amanda 07/06/2021

"é possível ligar um grande número de pessoas pelo amor -
... desde que restem outras para que se exteriorize a agressividade"
meu primeiro contato direto com o Freud, e não atuo na área e nem estudo, mas realmente foi interessante.
Nesse livro, Freud permeia a inquieta procura da sociedade pela felicidade e relaciona essa dificuldade com a cultura e outros fatores.
Alguns debates foram muito cansativos pra mim, que sou leiga em tantos assuntos. Um deles foi o "Super eu" e a consciência, eu até entendi alguns pontos mas realmente foi algo difícil de compreender legal.. :/ mesmo assim, achei que a linguagem dessa leitura é bem acessível pra alguns públicos, e tive que reler algumas partes mas nada que tirasse o brilho do livro.
Freud já comenta assuntos como a superioridade ariana e a guerra nem tinha começasse, incrível perceber como muito antes de "eclodir" oficialmente, o discurso já era repetido até demais. Ele morreu um pouquinho antes, fiquei pensando na quantidade de material que ele poderia ter produzido.
A igreja e a repressão da libido foram partes incríveis. ótima experiência.
Amanda 07/06/2021minha estante
meu deus toda resenha tem um erro.... "e a guerra nem tinha começado"***


gabriel 07/06/2021minha estante
"super eu" academicismo desnecessário? a tradução superego já está consagrada... Freud cansativo porém interessante, to devendo a leitura desse tb. valeu a resenha!


Amanda 07/06/2021minha estante
te juro que nao me recordo de ter lido "superego" nenhuma vez, ele utiliza super eu selpre


Amanda 07/06/2021minha estante
sempre


Amanda 07/06/2021minha estante
meu deus to escrevendo tudo errado hoje


gabriel 07/06/2021minha estante
parece que superego sempre foi utilizado, as traduções mais novas acho que estão mudando. igual com Marx. ouvi falar que agora usam "mais valor" em vez de "mais valia" (termo consagrado)


Amanda 07/06/2021minha estante
mais valor é horrível, até a sonoridade é feia


gabriel 07/06/2021minha estante
totalmente horrível, concordo com vc




Renata 27/07/2021

O mal-estar da civilização
Primeira vez lendo Freud,achei uma leitura difícil,e gostei bastante e ele descreve a mente humana com sabedoria.Uma leitura atual e muito importante.
Kappa 12/09/2021minha estante
?


Renata 12/09/2021minha estante
Este livro é fantástico


Kappa 12/09/2021minha estante
Já vou adicionar a minha lista, também quero ler ? o significado dos sonhos ? dele, deve ser top demais


Renata 12/09/2021minha estante
Pretendo ler tbm




Eliza.Beth 11/01/2023

A felicidade é um fenômeno episódico
Esse livro foi uma baita surpresa. Achei que teria mais dificuldade para entende-lo, mas até que entendi mais do que esperava.
Gostei particularmente dos temas que ele escolheu para abordar como as fraquezas do ser humano, nossos objetivos impossíveis de serem alcançados e nossa forma de lidar com a frustação.
Para suportar a vida, ele defende que usamos 3 paliativos. No livro, ele desenvolve mais, mas os nomes já são muito sugestivos e deixo aqui para contemplação.
1- Poderosas diversões (nos permite fazer pouco da nossa miséria);
2- Gratificações Substitutivas (diminui as nossas misérias);
3- Substâncias Inebriantes (nos tornam insensíveis a nossa miséria).
[Palavras de Freud]

Mas o que levo desse livro quase que entalhado no coração são suas ideias sobre felicidade.
"Somos feitos de modo a poder fruir intensamente só o contraste, muito pouco o estado."
Para ele, a felicidade é possível apenas como fenômeno episódico.
Michela Wakami 12/01/2023minha estante
Querida, amiga. Eu venho aqui curti suas postagens, volto e os coraçõezinhos estão todos desativados.?


Eliza.Beth 14/01/2023minha estante
Michela, acho q o skoob tá com essa falha mesmo. Já ouvi isso de outras pessoas ?


Michela Wakami 14/01/2023minha estante
Tomara que volte ao normal logo. ?




Otávio - @vendavaldelivros 18/01/2021

“Ao mesmo tempo, a partir desse exemplo podemos suspeitar que as duas espécies de instintos (Eros e Morte) raramente – talvez nunca – surgem isoladas uma da outra.”

Sempre achei a psicologia um dos mais encantadores campos de saber da humanidade. Estudar e entender o que nos faz agir e pensar e como isso reflete em nosso comportamento social é o caminho para entender nosso passado, nosso presente e como poderá ser nosso futuro. E é impossível falarmos da psicologia sem citarmos Sigmund Freud.

Escrito em 1929, quando o mundo estava prestes a enfrentar uma de suas principais crises econômicas, O Mal-estar na civilização é muito mais do que um texto sobre as formações da psicologia. Em cerca de 90 páginas, Freud expõe conceitos sobre a sociologia e a antropologia, sempre embasado em seus estudos psicanalíticos e sua percepção sobre a sociedade da época.

Da eterna busca pela felicidade (e até como de fato a entendemos) até às críticas contra a religião e o modelo educacional da época, O Mal-estar na civilização é uma pesada e densa dose de conceitos que precisam ser lidos e entendidos com calma. Por ser um livro teórico, é nítido que não se nota uma preocupação com a estética ou com a fluidez do texto por parte do autor, mas tudo bem, ainda assim, com uma leitura atenta, é possível absorver e entender o que é falado ali. Assusta, mas depois de um tempo passa a fazer mais sentido.

Eu, obviamente, não tenho a capacitação necessária para analisar tecnicamente uma obra do pai da psicanálise, mas ainda que tenha sido uma leitura densa, dessas que “fritam os neurônios”, é impossível sair dela sem uma bagagem importante que auxilia na compreensão do mundo que vivemos hoje. Sejam nas explicações dos instintos (Eros e Morte) ou dos conceitos de Eu, Super-Eu e ID, Freud entrega informações fundamentais e que pavimentaram estudos ainda mais profundos sobre a humanidade. Mais do que isso, faz lembrar a lição de “Conhece-te a ti mesmo” estampada no Templo de Apolo em Delfos e como nós precisamos nos entender para começarmos a compreender o universo que nos cerca.

site: https://www.instagram.com/p/CKMw1djDC4l/
Roberta 18/01/2021minha estante
Freud era mesmo um gênio!


Otávio - @vendavaldelivros 18/01/2021minha estante
Verdade!


Sophia.Dabbah 18/01/2021minha estante
????????




Evanir 29/10/2016

Isto é Freud
Ler Freud é sempre uma experiência surpreendente. Como se pode encarar seriamente o que Freud escreve? Como tantos dão tanto valor ao que ele escreve. A influência de Nietzsche neste escrito de Freud é evidente. Freud rotula de infantil todos aqueles que creem num Deus. Fica por demais óbvio o conceito de super-homem de Nietzsche nesta obra. É um apanhado de crenças e mitos (construídos pelo autor) tentando passar por ciência. Não tenho dúvida da importância de Freud como desbravador do psiquismo humano, assim como não tenho dúvida de seu despreparo intelectual para tratar deste assunto.
Jantonio.Pereira 12/03/2018minha estante
Despreparo Intelectual afff, , ????? Você precisa reler . D. Evanir para falar que Freud é despreparado . A senhora não tem um pingo de noção de quem foi o pai da psicanálise , então sua opinião é uma afronta ao intelectualismo geral . Vá ler o Freud tem para lhe ensinar .


Skinny 12/04/2019minha estante
Uma pessoa discorda da opiniao de outra e esta ja fica histerica. Jantonio, ela falou DESTE livro apenas e sim, o q foi dito faz sentido. O livro nao tras praticamente nada novo se vc ja conhece outros autores ou temas.




Julia Barbosa 01/10/2020

O mal Estar na civilização Freud
Estou lendo esse livro para a faculdade mas foi melhor do que eu esperava, a leitura é bem pesada em alguns momentos mas em outros nem estava reparando em quantos páginas faltavam.
Os pensamentos de Freud e suas críticas a sociedade são muito interessantes de se ler.
Paola 25/03/2021minha estante
Você acha que a leitura é fluida?


Julia Barbosa 26/03/2021minha estante
Comparada as outras obras eu achei a leitura fluída e também pelo modo que é escrito nesse livro acaba facilitando a leitura




Débora Damieri 09/08/2010

O MAL-ESTAR NA CIVILIZAÇÃO; FREUD, Sigmund.
Sigismund Schlomo Freud, que passou a assinar Sigmund Freud, nasceu em 1856 em Freiberg, na Áustria, numa família judia de classe média que, três anos depois, se mudaria para Viena, onde Freud se formou em medicina. Seu interesse pela pesquisa o levou a estudar neuropatologia em Paris e a se associar ao médico Joseph Breuer (1842-1925). Casou-se com Martha Bernays, com quem teve seis filhos. Experiências clínicas e pessoais, como a morte do pai, foram elaboradas por Freud como teoria psicanalítica e apresentadas pela primeira vez de modo sistemático no livro A Interpretação dos Sonhos (1900), ao qual se seguiram Psicopatologia da Vida Cotidiana (1904) e Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905). A obra de Freud adquiriu amplitude de temas em Totem e Tabu (1913) e O Mal-Estar na Civilização (1930). Acuado pelos nazistas, ele mudou-se com a família em 1938 para Londres, onde morreu no ano seguinte.
Em o mal-estar na civilização ele se remete ao entendimento sentimentos, religião, sentimentos religiosos (diferente de sentimento e religião isolado) e nesse ponto da realidade e alienação. A alienação do real pode assim causar prazer, uma satisfação que ocasiona uma conseqüência ao ser que é o sofrimento, a realidade pura no mundo é um caminho mais rápido e menos doloroso para o sofrimento. Assim podemos observar que o primeiro ponto do pensamento de Freud é que o homem sofre e não tem como escapar desse sofrimento, sem se alienar completamente do real social que cerca a existência.
Aprofundando esse pensamento observamos um padrão de pensamento humano de prazer. O prazer em diversas formas pode ser relatado pelo ser como felicidade, prazer em longo prazo e prazer em conseqüência. Para entender melhor esse pensamento do autor existe a necessidade e entender o que ele coloca como felicidade humana. A felicidade é uma falta de sofrimento, não uma existência de prazer. A felicidade não existe como real acontecimento, não há como ter uma formula a ser seguido para ser feliz, pois cada um tem sua própria forma de sentir prazer, mas como já dito felicidade é diferente de prazer, pois quem deseja ser feliz tem como base a necessidade de não sofrer. A cautela é forma mais segura de não ter sofrimentos, mas isso se remete a não sentir satisfação por medo das conseqüências que o externo pode causar a si.
Assim, como o prazer pode causar uma satisfação, um sentimento de felicidade causa conseqüências mais dolorosas que o sentimento “bom” que ele advém. No pensamento de Freud, as formas de se ter prazer, e como elas podem causar o sofrimento, em que escala mais se sofrem e em que prazer mais há uma real conseqüência dolorosa para o ser.
Mas coloca mais que linhas divisoras, é um entrelaçamento de bom e mal, é conseqüência um do outro. Para pensar em dor tem que se pensar em cura, assim quem pensa em prazer tem automaticamente pensar em sofrimento, mas o psicológico do sofrimento se transparece em algo, se causa caminhos e bloqueios. O ego é um bloqueio para o sofrimento, é ele que se coloca em linha fraca entre prazer e sofrimento, ma o autor, apesar de colocar em bons exemplos esse pensamento de ego como barreira fraca desses dois momentos do ser, não se adianta a pensar que o ego é social, ou seja, vem de uma realidade de julgamento, de limitação do prazer e conseqüência marcante da dor. O ego é moldado para bloqueara à dor, mas ao mesmo tempo em que esse é uma conseqüência dela.
O ego então seria mais um ponto de sofrimento ao homem, mas agora sem a satisfação. O ego se configura, para assim ser atrativo para a falta de dor como caminhos para a plenitude da falta de sofrimentos, causando um sentimento de elo entre individuo e pensamento. O ser assim tenta encontrar algo par explicara o que é seus sentimentos de sofrimento e de prazer em conseqüência de algo que não há respostas. Encontra-se nesse pensamento uma divindade autoritária e aglutinadora social, que ao mesmo tempo prega a rígida submissão, também prega o amor para a felicidade.
Esse tipo de divindade causa um sentimento de utopia que não há como ser alcançado e mais uma vez, por causar esperança, se entrelaça com o sofrimento. Esse pensamento mal resolvido de idéias para um alcance não é facilmente excluído da essência humana. Apesar de existir a moldagem do ego pela sociedade, na infância podem-se surgir princípios inalteráveis de glória ou de adoração, um trauma que permanece intacto e inabalado na mente.
Para não banalizar esse pensamento de permanência de sentimentos precisa-se entender que os primeiros anos de vida é algo muito desconhecido e assim não se há certeza do que se pode acontecer nesse momento, por tanto se pode interpretar livremente esse conceito. No pensamento de Freud é certo que as crianças já buscam prazer e também segurança, mas esse ponto é mais discutível que a maioria de seu pensamento. O que se pensa de paternalismo nessa faze é subjetivo e não há como afirmar que exista um pensamento de que essa pequeno ser pense de maneira em que atribua a algo em primeiro encontro imaginário valores mais fortes que os palpáveis.
Mas as religiões não seriam ao ser humano mais velho algo tão irreal, mas algo bem mais oblato a ele quanto ao pensamento de uma criança. A religião desse ponto seria uma tentativa, constantemente falha, de se livrar do sofrimento do mundo, algo idealizado como felicidade, mas padronizado, o que seria mais complexo do que qualquer entendimento. A felicidade alcançada seria igual a todos que obedecem rigorosamente seus mandamentos e modos de se relacionar, mas há no homem um individualismo de ego, algo em que a lembrança não permitida que eles concordem com a forma de felicidade e assim que é prazer para um individuo é bem diferente para outro.
No primeiro contato, se há uma reocupação de se materializar e diagnosticar o sentimento definido pelo autor como “oceânico”, isso remete um maior entendimento de como se trata o ser em relação à religião. Mas também se remete em hipótese psiquiátrica que não pode ser estabelecidos como parâmetros sociais. Pensar que uma religião é uma maneira de alienação social para a compreensão do desconhecido de leigos como entendimento é julgar que a arte ou a ciência são alienações de alguém que tenha uma fonte de relatos mais expansiva que os demais na sociedade.
Para o ser que retém maior conhecimento e compreende a psicanálise do meio social como um método de convivência anestésico do sofrimento, tem como base um prazer em conhecimentos como a arte, mas ele tem seu ponto de cruzamento com a religião, os dois podem ser analisados como fé, um no inexplicável e outro no palpável. A arte porem cai em um ponto de prazer e não de retenção dele, mas como sempre entrelaçados o sofrimento é a esse movimento se desprende e atribui-se a um prazer momentâneo.
Assim a arte pode ser considerada um dos fatores que causa prazer em grande parte dos indivíduos, mas não de forma única a todos. A civilização não se contenta com as ligações até agora propostas. Visa a unir entre si os membros da comunidade também de maneira libidinosa e, para tanto, emprega todos os meios, favorece todos os caminhos pelos quais as identificações fortes possam ser estabelecidas entre os membros da comunidade e, na mais ampla escala, convoca a libido inibida em sua finalidade, de modo a fortalecer o vínculo comunal através das relações de sentimentos.
Os sentimentos mais prazerosos para o ser é também o quem mais pode causar sofrimento a ele, algo de tal característica ocasiona ao homem um tipo de curiosidade complexa o suficiente que pode derivar-se de outra característica bem mais primitiva ao ser. Remete-se a sexualidade, o valor do amor e o valor do belo. Retirando os floreios do autor pode-se chegar ao pensamento de atração por necessidade de prazer em comunidade, alem de características de bem aceitação de algum valor. O belo em sua conseqüência ocasiona boa aceitação da sociedade, transmitindo desejos sexuais a outros, ocasionando desejos e prazeres que são mais complexos e mais momentâneos que a arte possa trazer ao ser.
Os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas, são criaturas entre cujas qualidades instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quadro de agressividade. Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante potencial ou um objeto sexual, mas também alguém que os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se de suas posses, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo.
Contudo, o próximo também é algo incompreendido, que tem como desejo algo que não é o seu mesmo. A aceitação desses por meio do ser comunitário e algo subjetivo e rela. Do mesmo ponto que tem como promover prazer é a conseqüência dele em modos de sofrimento, uma forma de decepção ou desilusão de desejos e assim não provendo mas qualquer principio de prazer, mas um alta conseqüência de dor.
Freud diz que na pulsão destrutiva, agressiva, advinda da pulsão de morte, está o maior perigo à civilização. Além da identificação e das relações amorosas, a única forma de contornar, controlar e reprimir a agressividade humana é através do processo de sua “internalização”.
Desta forma, a agressão ao invés de ser dirigida para fora, se volta para dentro de cada um dos seres humanos. Isto se dá através da ambivalência do complexo de Édipo reforçada pela pulsão de morte, pelos processos de identificação, responsáveis pela formação do super-ego, que - entrando em tensão com o ego - estabelece o sentimento de culpa.
O ser esta assim atrelado a muito mais que apenas um mal estar pessoal, mas a criação para todo um meio que se atrela e com todas as conseqüências que ser sigam. Todas as formas de superar o sofrimento têm graves desvantagens. O amor torna-se dor com a perda do parceiro. A realização artística ou científica depende de talentos individuais. A religião infantiliza permanentemente o crente. As drogas legais e ilegais cobram seu preço nos efeitos colaterais que geram degradação física.
Felicidade, diz ele, é a realização imediata de um impulso instintivo, nada a supera, mas nunca dura. O sentimento de culpa seria o mal-estar da cultura, o preço de vivermos em sociedade, reprimindo a sexualidade e a agressividade. Sob esta ótica, o mal-estar é estrutural, próprio dos processos de organização do psiquismo do homem, do fato de ele existir, de ser, pois ele só pode ser e existir como homem dentro da civilização. Assim tem que haver um contexto de pensamento real para que aja uma formação de mal estar no individuo, podendo se transformar em algo muito mais físico que psicológico, ou mais psicológico sentimental que real.
A existência humana é problematizada por não mais ser natural. Em relação a ela, as leis da natureza são substituídas pelas leis da cultura. Por um lado, a civilização em si, provoca um mal-estar, por outro lado, sem civilização não haveria humanidade, seríamos apenas outros primatas regidos pela natureza.
Entram então um pensamento bem mais comparativo do meio social. Porque o ser se tornou algo tão frágil, que vive em uma breve alienação e busca a felicidades, e encontra pequenos momentos de prazer. Remetemos ao pensamento de como pode haver uma convivência humana sem tantas linhas finas de divisão de aceitável, seguro, prazeroso e feliz.
Hoje a civilização impõe sacrifícios tão grandes, não apenas à sexualidade do homem, mas também à sua agressividade, podemos compreender melhor porque lhe é difícil ser feliz nessa civilização. Na realidade, o homem primitivo se achava em situação melhor, sem conhecer restrições de instintos. Em contrapartida, suas perspectivas de desfrutar dessa felicidade, por qualquer período de tempo, eram muito tênues. O homem civilizado trocou uma parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança.
Não devemos esquecer, contudo, que na família primitiva apenas o chefe desfrutava da liberdade instintiva; o resto vivia em opressão servil. Naquele período primitivo da civilização, o contraste entre uma minoria que gozava das vantagens da civilização e uma minoria privada dessas vantagens era, portanto, levado a seus extremos.
Assim pode afirmar que o ser humano é em seu psicológico que se julgam, e julgam ao próximo, em qualquer característica, social ou pessoal, em crenças e ações, o que se é sentido e apenas uma forma se demonstração do acontecimento de julgamento e o mal-estar é a conseqüência desse julgamento. O julgamento, por assim dizer, é um prazer humano, primitivo que também é um elo da comunidade e de cumprimento de regras da sociedade.
Isabele.Fernandes 06/12/2020minha estante
Débora, achei fantástico seu texto!




Murillo 21/03/2021

Mundinho moderno. Melhore. Melhore muito
Fonte da religiosidade: - Sentimento Oceânico, se trata aqui de vislumbrar o máximo da espiritualidade - A união do Eu do momento presente e a criança interna. Como diria Jung, a realização do Self.


Orientação intencional da Atividade e Ação Muscular apropriada: - distinguir entre o que é interior (Pertencente ao Eu) - e o que é exterior - oriundo de um mundo externo: - E com isso se dá o primeiro passo para a instauração do princípio de realidade, que deve dominar a evolução posterior.


Necessidades religiosas (Monoteísmo): - Desamparo infantil e nostalgia do pai


Diversões. Gratificações. Substâncias (A tríplice da suportação para a
dificuldade individual e social)


A raiz do sofrimento: O próprio corpo (Medo e dor), Mundo Externo (Forças ditatoriais) e Relações com outros seres humanos


A cura para dor proveniente do mundo externo: - O deliberado isolamento, afastamento dos demais.
*Todo sofrimento é apenas sensação, existe somente na medida em que o sentimos.


Satisfação do impulso instintual selvagem: - “É incomparavelmente mais forte do que a obtida ao saciar um instinto domesticado” “O homem é o lobo do homem”


Ganho de prazer: - A partir das fontes de trabalho psíquico e intelectual … “Então o destino não pode fazer muito contra o indivíduo”


A atividade profissional: - Traz satisfação apenas quando é escolhida livremente, isto é, quando permite tornar úteis, através da sublimação, impulsos instintuais subsistentes…. “A imensa maioria dos homens trabalha apenas forçada pela necessidade, e graves problemas sociais derivam dessa natural aversão humana ao trabalho”


Ilusões da fantasia: - Durante o desenvolvimento do princípio da realidade, “ELE FOI EXPRESSAMENTE POUPADO DO TESTE DA REALIDADE E FICOU DESTINO A SATISFAÇÃO DE DESEJOS DIFICILMENTE CONCRETIZÁVEIS, e de maior valia, excessivamente interior (Excesso de EU)”


O paranóico: - É mais comum do que parece, habita em cada um de nós um delírio da realidade inteiramente nosso. “Delírio é uma mentira que conta uma verdade”


A religião é paranóica!?: - Delírio de massa. Naturalmente, quem partilha o delírio jamais o percebe.


O amor sexual: - Uma forma de experiência de prazer avassaladora, dando-nos assim o modelo para nossa busca da felicidade. “Nada mais natural do que insistirmos em procurá-la no mesmo caminho em que a encontramos primeiro.”


Os pilares da frustração: - Prepotência com a natureza, fragilidade do nosso corpo e a insuficiência das normas que regulamentam a sociedade e a família.


Dispositivos psíquicos especiais de proteção: - Na possibilidade de dor extrema, nos fechamos em nossa redoma de tabus. Que são eles: Recalcamento, Formação Reativa, Regressão, Projeção e Racionalização.


Origem dos Deuses: - (Como forma de cultura) - Atribuição de tudo o que parecia inatingível para seus desejos - ou que lhe era proibido


A ordem (Como conhecêssemos na sociedade): - É uma espécie de compulsão de repetição.
E talvez, ainda ressalto, uma forma hipnótica de programar o ser humano a função social e desvio do instinto individual


Beleza, limpeza e ordem: - São as principais exigências culturais para serem vistas como uma “sociedade exemplar”
Ressalto em dizer que isso me parece de caráter Eros. Sendo assim, a sociedade é um Eros em alta escala. Um delírio de Eros.


A castração do MAIS FORTE: - O elemento chamado CULTURA, se apresentaria como a primeira tentativa de regulamentar a relação de o ser humano mais forte dominar o seu grupo.
“Tal substituição do poder do indivíduo pelo da comunidade é o passo cultural decisivo” e de maior valia


A vitória do grupo sobre o indivíduo: - “A vitória sobre o pai havia ensinado aos filhos que uma associação pode ser mais forte que o indivíduo. A cultura totêmica baseia-se nas restrições que eles tiveram de impor uns aos outros, a fim de preservar o novo estado de coisas.”


A realização da vida comum possui dois fundamentos: - “A compulsão pelo trabalho, criada pela necessidade externa (social, meio) e o poder do amor, necessidade interna (libido sexual).
No caso o homem, trabalho e mulher (Objeto Sexual)
No caso da mulher, trabalho e filho (Objeto de amor)


A depreciação da felicidade à dois (Monogamia): - “O amor sexual (genital) proporciona ao indivíduo as mais fortes vivências de satisfação, dá-lhe realmente o protótipo de toda felicidade.”
“Prosseguimos dizendo que assim ele se torna dependente, de maneira preocupante, de uma parte do mundo exterior, ou seja, do objeto amoroso escolhido, e fica exposto ao sofrimento máximo, quando é por este desprezado ou o perde graças à morte ou à infidelidade”


A solução da depreciação da felicidade à dois (Monogamia): - Isso acontece ao deslocar o peso maior de ser amado para amar; elas protegem-se da perda do objeto, ao voltar seu amor igualmente para todos os indivíduos, e não para objetos isolados; e evitam as oscilações e decepções do amor genital afastando-se da meta sexual deste, transformando o instinto em um impulso inibido na meta.
Ou seja, a maior valia deste relacionamento se baseia em uma visão humanitária de bem ao mundo.


Pertencimento excessivo à família: - “Quanto maior for a coesão dos membros da família, mais frequentemente eles tenderão a se apartar dos outros, e mais dificilmente ingressarão no círculo mais amplo da vida”


“Ama teu próximo assim como ele te ama!” - Faz mais sentido do que o ditado “Ama teu próximo como a ti mesmo”
“As pessoas gostam de negar, é que o ser humano não é uma criatura branda, ávida de amor, que no máximo pode se defender, quando atacado. Mas a verdade é que ele deve incluir, entre seus dotes instintuais, também um forte quinhão de agressividade” Proveniente de sua proteção individual e de sua família. “O homem é o lobo do homem”


“Sempre é possível ligar um grande número de pessoas pelo amor, desde que restem outras para que se exteriorize a agressividade” : - “Dei a isso o nome de “narcisismo das pequenas diferenças”
“Percebe-se nele uma cômoda e relativamente inócua satisfação da agressividade, através da qual é facilitada a coesão entre os membros da comunidade.”


“A fome e o amor” sustentam a máquina do mundo: - A fome poderia representar os instintos que querem manter o ser individual, enquanto o amor procura pelos objetos


Instinto de agressão e destruição: - “A ideia de que uma parte do instinto se volta contra o mundo externo e depois vem à luz como instinto de agressão e destruição.”


A fúria destruidora: - É impossível não reconhecer que sua satisfação está ligada a um prazer narcísico extraordinariamente elevado, pois mostra ao Eu a realização de seus antigos desejos de onipotência.


A obra de Eros: - “Um processo que pretende juntar indivíduos isolados, famílias, depois etnias, povos e nações numa grande unidade, a da humanidade” “É simplesmente a obra de Eros. Essas multidões humanas devem ser ligadas libidinalmente entre si.”

Eros vs Tanatos. Instinto de vida vs Instinto de destruição: - “Essa luta é o conteúdo essencial da vida, e por isso a evolução cultural pode ser designada, brevemente, como a luta vital da espécie humana.”


Sentimento de culpa: - “Não passa claramente de medo da perda do amor, medo “social”.
E posteriormente, o medo ante o Super-eu


Renúncia instintual da agressividade: - “O efeito da renúncia instintual sobre a consciência se dá de maneira tal que toda parcela de agressividade que não satisfazemos é acolhida pelo Super-eu e aumenta a agressividade deste (contra o Eu)”
“Um considerável montante de agressividade deve ter se desenvolvido, na criança, contra a autoridade que lhe impede as primeiras e também mais significativas satisfações, qualquer que sejam as privações instintuais requeridas. Ela é obrigada a renunciar à satisfação dessa agressividade vingativa”


Autoridade degradada - O pai: - O Eu da criança tem de se contentar com o triste papel de autoridade assim degradada, do pai.


Os filhos o odiavam, mas também o amavam!: - “Ambivalência afetiva perante o pai.”
“Depois que o ódio se satisfez com a agressão, veio à frente o amor, no arrependimento pelo ato, e instituiu o Super-eu por identificação com o pai, deu-lhe o poder do pai, como que por castigo pelo ato de agressão contra ele cometido, criou as restrições que deveriam impedir uma repetição do ato.”


Ambivalência do conflito: - “Pois o sentimento de culpa é expressão do conflito de ambivalência, da eterna luta entre Eros e o instinto de destruição ou de morte. Esse conflito é atiçado quando os seres humanos defrontam a tarefa de viver juntos”

O que teve início com os pais se completa na massa.


Educação atual e sua falha em aprontar o ser na sua individualidade: - “O fato de ocultar ao jovem o papel que a sexualidade terá em sua vida não é a única recriminação que se deve fazer à educação atual. Ela também peca em não prepará-lo para a agressividade, de que ele certamente será objeto”


Necessidade de castigo: - “Sentimento de culpa inconsciente” nós, terapeutas, lhe falamos de uma inconsciente necessidade de castigo, na qual se expressa o sentimento de culpa.


Sentimento de culpa = Angústia: - Em suas fases posteriores coincide inteiramente com o medo ao Super-eu.


Má ação e mau impulso: - “O sentimento de culpa por arrependimento em virtude da má ação teria de ser sempre consciente. Aquele por percepção do mau impulso poderia permanecer inconsciente”
Se trata de uma agressão deslocada para dentro.


Elevação do sentimento de culpa: - “Toda espécie de frustração, toda satisfação instintual contrariada tem ou pode ter por consequência uma elevação do sentimento de culpa”
Julia 02/04/2021minha estante
blowf!




Pandora 27/12/2015

Para mim "O mal-esta na cultura" é um livro desolador, ele funciona como o desfecho de uma trilogia que começa com "O futuro de uma ilusão" passando por "Totem e Tabu". Apelidei carinhosamente essa trilogia de "Mil e um motivos práticos e consistentes para ser infeliz". A parte isso, em "O futuro de uma ilusão" Freud apresenta o seu conceito de cultura fundamental para compreender sua obra, a saber:

"... tudo aquilo em que a vida humana se elevou acima de suas condições animais e se distingue da vida dos bichos; e eu me recuso a separar cultura e civilização - ... Ela abrange, por um lado, todo o saber e toda a capacidade adquiridos pelo homem com o fim de dominar as forças da natureza e obter seus bens para a satisfação das necessidades humanas e por outro, todas as instituições necessárias para regulas as relações dos homens entre si e, em especial, a divisão dos bens acessíveis." (O futuro de uma ilusão, p. 36-37).

A religião nesse contexto fica entre uma tecnologia social criada pela cultura para explicar o inescapável e um tipo de neurose coletiva construída nos livrar de nossas neuroses pessoais. Não chega a ser ruim e nem ele prever um caos existencial para a humanidade.

"O futuro de uma ilusão" e "Totem e tabu" terminam no "nada está perdido", mas, quando eu pensa que não, venho em "O mal-estar da cultura" e tasca na minha cabeça a ideia de que Cultura não é tão legal assim.

Freud me fez pensar que ao criar cultura, os seres humanos inventaram um caminho de perdição si. Sublimar extintos violentos, desenvolver altas tecnologias, driblar fragilidades físicas e evolutivas, em síntese, pretender dominar a natureza criou na nossa especie um mal-estar. A pretensa grandiosidade da nossa Cultura criou e segue criando um rigoroso código de moralidade o qual ninguém consegue seguir muito bem e do qual nos tornamos reféns.

"Cada renuncia a um impulso se transforma então numa fonte dinâmica da consciência moral, cada nova renúncia aumenta sua severidade e sua intolerância, e, se pudéssemos harmonizar isso melhor com a história que conhecemos da origem da consciência moral, estaríamos tentados a nos declarar partidários da seguindo tese paradoxal: a consciência moral é o resultado da renúncia aos impulsos; ou: a renúncia aos impulsos (que nos é imposta de fora) cria a consciência moral, que então exige mais e mais renúncias." (O mal-estar da cultura, pg. 153-154)

Fiquei com a sensação de ser inútil lutar por exemplo, para poupar as novas gerações dos traumas da minha, pois eles ainda viverão em sociedade, consequentemente adquirirão seus próprios traumas, sua cota de tabus. Para completar, o desfecho do livro é uma pergunta desalentadora. Nas palavras de Freud, tradução de Renato Zwick:

"Os seres humanos conseguiram levar tão longe a dominação das forças da natureza que seria fácil, com o auxílio delas, exterminarem-se mutuamente até o último homem. Eles sabem disso; daí uma boa parte de sua inquietação atual, de sua infelicidade, de sua disposição angustiada. E agora cabe esperar que o outro dos dois "poderes celestes", o eterno Eros, faça um esforço para se impor na luta contra o seu adversário igualmente imortal. Mas quem pode prever o desfecho?" (pág. 184-185).

site: http://elfpandora.blogspot.com.br/2015/12/o-mal-estar-na-cultura-coisas-frageis.html
Carlos Patricio 05/05/2016minha estante
sensacional a resenha




Lisaclarck 19/04/2020

Civilização
Wow! O que dizer? Freud simplesmente foi um gênio aqui e escreveu sobre coisas que acontecem ainda hoje na nossa sociedade contemporânea!
Eu como estudante de direito, amei alguns pontos de reflexão que ele trouxe e pretendo me apron fundar mais nas obras do autor.
Gisa Petry 19/04/2020minha estante
Freud... Não tem como não gostar dos estudos e raciocínios dele,né? Tudo muito atual,apesar do tempo decorrido...




Bruna 19/06/2013

Resumo do livro
Todos nós estamos em busca da felicidade, do sentimento oceânico que um dia vivenciamos no útero e primeiros cuidados com a mãe.
Quando envelhecemos tentamos em vão recuperar este sentimento de êxtase e completude.

Quando crescemos o nosso eu vai sendo moldado, vamos instaurando a realidade dentro de nós. Mas como o cérebro é o único lugar que o presente, passado e futuro coexistem, a noção do sentimento oceânico ainda resta na memória. Buscamos então o prazer.

A busca de prazer é uma questão evolutiva, mas alguns fatores não colaboram para que sejamos felizes: nosso corpo, relações humanas e a natureza dominante. Todos estes são fatores para a infelicidade da civilização, do ser humano. Porém cada um vai burlar essa condição: neurose, amor pelo outro, adimiração pelo belo, fuga ou paranóia. Mas nenhuma dessas táticas garantem resultados seguros ou eficientes, elas podem acabar virando também causa de infelicidade.

Talvez a cultura pudesse proteger o ser humano? Ela faz com que fiquemos unidos. Mas ao mesmo tempo ela ameaça nossas características primais, nossa pulsão. A cultura impede descarregar a pulsão, cria restrições. A cultura tenta regular as relações humanas vetando nossa agressividade, instintos primitivos. Um efeito colateral possível da agressividade contida, por exemplo, seria apontar essa agressividade para o próprio eu.

A repressão da cultura forma o super-ego, é criado quando existe uma privação instintual. Quando o ego quiser realizar-se, o super-ego trará culpa. No caso a ética pode ser usada como tentativa terapêutica para esta situação.

Resumo do resumo
Quando nos tornamos civilizados, trocamos um quinhão da nossa liberdade, por um quinhão de segurança.

PS. (2016) A liberdade completa ou descarga livre de toda a pulsão, não é algo compatível com a vida. O cerceamento da cultura cumpre também um papel na civilização.
comentários(0)comente



danield_moura 26/07/2013

... uma frase do poeta-filósofo Schiller, segundo a qual "a fome e o amor" sustentam a máquina do mundo.
Uma investigação sobre as origens da felicidade.
comentários(0)comente



yaschreave 15/11/2024

Primeiro livro que leio do tão renomado sigmund freud (e provavelmente, o último) e fiquei tipo:
- alguma dúvida?
- primeiramente que pra ter dúvida eu teria que ter entendido

li por indicação do tiktok, e sinceramente, não curti muito. justamente por não ter compreendido completamente, mas por causa de alguns trechos e ideias gerais que consegui interpretar, me forcei a continuar.

se você é mais da área científica - literalmente - vai ser uma leitura interessante e aproveitosa, pois os termos que ele usa e a forma como externaliza as teorias, torna dificultoso o entendimento por parte de quem tá mais acostumado com livros meramente de entretenimento
comentários(0)comente



Lucio 01/10/2015

De tirar o fôlego! Freud tenta explicar o sentimento de culpa e a angústia humana do 'homem civilizado'
Este é o primeiro livro do Freud que lemos por completo. Deu pra ver o porquê deste homem ter ganhado tanta fama. Ele é muito lúcido e culto. Além de mostrar-se bem informado, escreve de forma prazerosa sobre temas espinhosos. É muito honesto também, admitindo ignorância em vários pontos e fazendo apontamentos para desenvolvimentos noutros. É um autor fascinante, embora nós discordemos na maior parte a respeito de tudo o que ele diz por termos cosmovisões diferentes.

Em poucas palavras, o autor defende que o mal-estar da civilização é basicamente o instinto de morte que há no homem, e os resultados psicológicos disso. Em suma, o homem é um inimigo da civilização enquanto séquito do ID. O instinto de morte que há no homem peleja contra a tendência do Eros de uni-lo a outros. E ele acaba reprimindo essa agressividade gerando grande infelicidade para si por conta das neuroses e sentimento de culpa oriundos dessa resistência e do poder que o superego exerce sobre ele.

O enseio é pessimista, no melhor sabor hobbesiano, schopenhaueriano e nietzschiano. O autor considera que a culpa não passa da agressividade reprimida e voltada contra o próprio indivíduo. A moral é o superego social que logo será introjetado no indivíduo, assimilado por seu superego e manifesta em sua mente em forma de consciência. Assim, não há moral e nem ética de verdade.
O que o homem quer é lido em termos utilitarista. A religião é apenas uma ilusão (seguindo a linha do 'Futuro de uma Ilusão') que tenta lidar com a culpa. Mas é a via errada. A via da ética também não serve. Freud sugere uma relação diferente para com as propriedades, mas isso não resolveria o problema, só minoraria pois não crê na ilusão socialista de que o homem só é mau por causa do meio. Ele é mau por natureza. Ele tem um instinto de morte.
Todo o ensaio tem um caráter de avaliação da tensão entre o homem e a cultura ou civilização. Esta inclusive é vista - a la República de Platão - como uma ampliação do homem, desenvolvendo até mesmo um superego cultural. E, portanto, pode ser que exista uma neurose cultural. Freud faz apontamentos para uma terapia cultural também.
O autor não tem pretensão de fazer um juízo sobre o valor da civilização. Prefere abster-se de julgar. Apenas expôs toda a tensão existente entre o homem e a vida comunitária. Mas conclui dizendo que não pode confortar a ninguém. E que só podemos torcer para que o Eros se sobressaia ao Tanatós. Uma conclusão sombria.

Embora, como calvinista, concordemos com ele de que há uma inclinação para o mal no homem, fazemos leituras diferentes da cognição humana. Freud, embora dialogue (tacitamente) com vários pensadores, evidentemente ignora tantos outros. Para começar, o erro fundamental dele é simplesmente, num passe de mágica, lançar para longe a questão do conflito existencial humano. Ele diz que é uma questão insolúvel e não mais toca no assunto. Mas em coro com Sócrates, Agostinho, Calvino, Pascal, Goethe, Dostoiévski, Kierkegaard, Karl Jasper, Heidegger e Sartre (dentre outros), poderíamos mostrar que o homem não pode ficar em paz, e uma ansiedade singular lhe toma o coração (ou 'a alma', ou 'a psiquê') no que diz respeito ao motivo de sua existência, o significado de seu ser e do mundo. Não lidar com essa questão é querer trazer uma paz terapêutica meramente paliativa (mais do que o próprio Sigmund imagina).
Além disso, ele, na sua imaginação sobre o desenvolvimento da consciência da criança, inclusive da consciência de si, ignora a discussão do papel e da origem dos pressupostos que estão presentes em cada conclusão tomada pela criança. Parece que ele não estava ciente disso.
Por fim, podemos apontar que Freud desconsidera o argumento transcendental ou a epistemologia reformada (embora elas sejam mais recentes, vários autores já haviam esboçado-as, dentre os quais Agostinho, Hodge, Strong, Bavinck... e sabe-se lá mais quem). Em suma, descobrir um instinto de morte, um instinto libidinoso, um apreço pela felicidade e tantas outras coisas que elaborou não parecem eliminar a existência da moralidade ou dos valores reais. Sua busca por tentar uma teoria que explique a faculdade moral do homem parece-me ter várias lacunas e, se nosso juízo de certo e errado é uma ilusão - não o que é certo e errado, mas apenas a faculdade moral da mente -, então ele teria que duvidar do funcionamento da mente em geral, inclusive da empiria. O resultado, como muitos autores mostraram, é o solipsismo.
Além disso, estamos interessados em pesquisar mais o pensador em prol de tentar cobrir algumas lacunas em seu pensamento e, num trabalho próximo queremos compará-lo com seus críticos cristãos dentre os quais, principalmente, C. S. Lewis. Deixemos esses demais apontamentos para um outro momento.
Por ora, nossa respeitosa avaliação crítica de um bom pensador.
comentários(0)comente



163 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR