Débora Damieri 09/08/2010
O MAL-ESTAR NA CIVILIZAÇÃO; FREUD, Sigmund.
Sigismund Schlomo Freud, que passou a assinar Sigmund Freud, nasceu em 1856 em Freiberg, na Áustria, numa família judia de classe média que, três anos depois, se mudaria para Viena, onde Freud se formou em medicina. Seu interesse pela pesquisa o levou a estudar neuropatologia em Paris e a se associar ao médico Joseph Breuer (1842-1925). Casou-se com Martha Bernays, com quem teve seis filhos. Experiências clínicas e pessoais, como a morte do pai, foram elaboradas por Freud como teoria psicanalítica e apresentadas pela primeira vez de modo sistemático no livro A Interpretação dos Sonhos (1900), ao qual se seguiram Psicopatologia da Vida Cotidiana (1904) e Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905). A obra de Freud adquiriu amplitude de temas em Totem e Tabu (1913) e O Mal-Estar na Civilização (1930). Acuado pelos nazistas, ele mudou-se com a família em 1938 para Londres, onde morreu no ano seguinte.
Em o mal-estar na civilização ele se remete ao entendimento sentimentos, religião, sentimentos religiosos (diferente de sentimento e religião isolado) e nesse ponto da realidade e alienação. A alienação do real pode assim causar prazer, uma satisfação que ocasiona uma conseqüência ao ser que é o sofrimento, a realidade pura no mundo é um caminho mais rápido e menos doloroso para o sofrimento. Assim podemos observar que o primeiro ponto do pensamento de Freud é que o homem sofre e não tem como escapar desse sofrimento, sem se alienar completamente do real social que cerca a existência.
Aprofundando esse pensamento observamos um padrão de pensamento humano de prazer. O prazer em diversas formas pode ser relatado pelo ser como felicidade, prazer em longo prazo e prazer em conseqüência. Para entender melhor esse pensamento do autor existe a necessidade e entender o que ele coloca como felicidade humana. A felicidade é uma falta de sofrimento, não uma existência de prazer. A felicidade não existe como real acontecimento, não há como ter uma formula a ser seguido para ser feliz, pois cada um tem sua própria forma de sentir prazer, mas como já dito felicidade é diferente de prazer, pois quem deseja ser feliz tem como base a necessidade de não sofrer. A cautela é forma mais segura de não ter sofrimentos, mas isso se remete a não sentir satisfação por medo das conseqüências que o externo pode causar a si.
Assim, como o prazer pode causar uma satisfação, um sentimento de felicidade causa conseqüências mais dolorosas que o sentimento “bom” que ele advém. No pensamento de Freud, as formas de se ter prazer, e como elas podem causar o sofrimento, em que escala mais se sofrem e em que prazer mais há uma real conseqüência dolorosa para o ser.
Mas coloca mais que linhas divisoras, é um entrelaçamento de bom e mal, é conseqüência um do outro. Para pensar em dor tem que se pensar em cura, assim quem pensa em prazer tem automaticamente pensar em sofrimento, mas o psicológico do sofrimento se transparece em algo, se causa caminhos e bloqueios. O ego é um bloqueio para o sofrimento, é ele que se coloca em linha fraca entre prazer e sofrimento, ma o autor, apesar de colocar em bons exemplos esse pensamento de ego como barreira fraca desses dois momentos do ser, não se adianta a pensar que o ego é social, ou seja, vem de uma realidade de julgamento, de limitação do prazer e conseqüência marcante da dor. O ego é moldado para bloqueara à dor, mas ao mesmo tempo em que esse é uma conseqüência dela.
O ego então seria mais um ponto de sofrimento ao homem, mas agora sem a satisfação. O ego se configura, para assim ser atrativo para a falta de dor como caminhos para a plenitude da falta de sofrimentos, causando um sentimento de elo entre individuo e pensamento. O ser assim tenta encontrar algo par explicara o que é seus sentimentos de sofrimento e de prazer em conseqüência de algo que não há respostas. Encontra-se nesse pensamento uma divindade autoritária e aglutinadora social, que ao mesmo tempo prega a rígida submissão, também prega o amor para a felicidade.
Esse tipo de divindade causa um sentimento de utopia que não há como ser alcançado e mais uma vez, por causar esperança, se entrelaça com o sofrimento. Esse pensamento mal resolvido de idéias para um alcance não é facilmente excluído da essência humana. Apesar de existir a moldagem do ego pela sociedade, na infância podem-se surgir princípios inalteráveis de glória ou de adoração, um trauma que permanece intacto e inabalado na mente.
Para não banalizar esse pensamento de permanência de sentimentos precisa-se entender que os primeiros anos de vida é algo muito desconhecido e assim não se há certeza do que se pode acontecer nesse momento, por tanto se pode interpretar livremente esse conceito. No pensamento de Freud é certo que as crianças já buscam prazer e também segurança, mas esse ponto é mais discutível que a maioria de seu pensamento. O que se pensa de paternalismo nessa faze é subjetivo e não há como afirmar que exista um pensamento de que essa pequeno ser pense de maneira em que atribua a algo em primeiro encontro imaginário valores mais fortes que os palpáveis.
Mas as religiões não seriam ao ser humano mais velho algo tão irreal, mas algo bem mais oblato a ele quanto ao pensamento de uma criança. A religião desse ponto seria uma tentativa, constantemente falha, de se livrar do sofrimento do mundo, algo idealizado como felicidade, mas padronizado, o que seria mais complexo do que qualquer entendimento. A felicidade alcançada seria igual a todos que obedecem rigorosamente seus mandamentos e modos de se relacionar, mas há no homem um individualismo de ego, algo em que a lembrança não permitida que eles concordem com a forma de felicidade e assim que é prazer para um individuo é bem diferente para outro.
No primeiro contato, se há uma reocupação de se materializar e diagnosticar o sentimento definido pelo autor como “oceânico”, isso remete um maior entendimento de como se trata o ser em relação à religião. Mas também se remete em hipótese psiquiátrica que não pode ser estabelecidos como parâmetros sociais. Pensar que uma religião é uma maneira de alienação social para a compreensão do desconhecido de leigos como entendimento é julgar que a arte ou a ciência são alienações de alguém que tenha uma fonte de relatos mais expansiva que os demais na sociedade.
Para o ser que retém maior conhecimento e compreende a psicanálise do meio social como um método de convivência anestésico do sofrimento, tem como base um prazer em conhecimentos como a arte, mas ele tem seu ponto de cruzamento com a religião, os dois podem ser analisados como fé, um no inexplicável e outro no palpável. A arte porem cai em um ponto de prazer e não de retenção dele, mas como sempre entrelaçados o sofrimento é a esse movimento se desprende e atribui-se a um prazer momentâneo.
Assim a arte pode ser considerada um dos fatores que causa prazer em grande parte dos indivíduos, mas não de forma única a todos. A civilização não se contenta com as ligações até agora propostas. Visa a unir entre si os membros da comunidade também de maneira libidinosa e, para tanto, emprega todos os meios, favorece todos os caminhos pelos quais as identificações fortes possam ser estabelecidas entre os membros da comunidade e, na mais ampla escala, convoca a libido inibida em sua finalidade, de modo a fortalecer o vínculo comunal através das relações de sentimentos.
Os sentimentos mais prazerosos para o ser é também o quem mais pode causar sofrimento a ele, algo de tal característica ocasiona ao homem um tipo de curiosidade complexa o suficiente que pode derivar-se de outra característica bem mais primitiva ao ser. Remete-se a sexualidade, o valor do amor e o valor do belo. Retirando os floreios do autor pode-se chegar ao pensamento de atração por necessidade de prazer em comunidade, alem de características de bem aceitação de algum valor. O belo em sua conseqüência ocasiona boa aceitação da sociedade, transmitindo desejos sexuais a outros, ocasionando desejos e prazeres que são mais complexos e mais momentâneos que a arte possa trazer ao ser.
Os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas, são criaturas entre cujas qualidades instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quadro de agressividade. Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante potencial ou um objeto sexual, mas também alguém que os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se de suas posses, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo.
Contudo, o próximo também é algo incompreendido, que tem como desejo algo que não é o seu mesmo. A aceitação desses por meio do ser comunitário e algo subjetivo e rela. Do mesmo ponto que tem como promover prazer é a conseqüência dele em modos de sofrimento, uma forma de decepção ou desilusão de desejos e assim não provendo mas qualquer principio de prazer, mas um alta conseqüência de dor.
Freud diz que na pulsão destrutiva, agressiva, advinda da pulsão de morte, está o maior perigo à civilização. Além da identificação e das relações amorosas, a única forma de contornar, controlar e reprimir a agressividade humana é através do processo de sua “internalização”.
Desta forma, a agressão ao invés de ser dirigida para fora, se volta para dentro de cada um dos seres humanos. Isto se dá através da ambivalência do complexo de Édipo reforçada pela pulsão de morte, pelos processos de identificação, responsáveis pela formação do super-ego, que - entrando em tensão com o ego - estabelece o sentimento de culpa.
O ser esta assim atrelado a muito mais que apenas um mal estar pessoal, mas a criação para todo um meio que se atrela e com todas as conseqüências que ser sigam. Todas as formas de superar o sofrimento têm graves desvantagens. O amor torna-se dor com a perda do parceiro. A realização artística ou científica depende de talentos individuais. A religião infantiliza permanentemente o crente. As drogas legais e ilegais cobram seu preço nos efeitos colaterais que geram degradação física.
Felicidade, diz ele, é a realização imediata de um impulso instintivo, nada a supera, mas nunca dura. O sentimento de culpa seria o mal-estar da cultura, o preço de vivermos em sociedade, reprimindo a sexualidade e a agressividade. Sob esta ótica, o mal-estar é estrutural, próprio dos processos de organização do psiquismo do homem, do fato de ele existir, de ser, pois ele só pode ser e existir como homem dentro da civilização. Assim tem que haver um contexto de pensamento real para que aja uma formação de mal estar no individuo, podendo se transformar em algo muito mais físico que psicológico, ou mais psicológico sentimental que real.
A existência humana é problematizada por não mais ser natural. Em relação a ela, as leis da natureza são substituídas pelas leis da cultura. Por um lado, a civilização em si, provoca um mal-estar, por outro lado, sem civilização não haveria humanidade, seríamos apenas outros primatas regidos pela natureza.
Entram então um pensamento bem mais comparativo do meio social. Porque o ser se tornou algo tão frágil, que vive em uma breve alienação e busca a felicidades, e encontra pequenos momentos de prazer. Remetemos ao pensamento de como pode haver uma convivência humana sem tantas linhas finas de divisão de aceitável, seguro, prazeroso e feliz.
Hoje a civilização impõe sacrifícios tão grandes, não apenas à sexualidade do homem, mas também à sua agressividade, podemos compreender melhor porque lhe é difícil ser feliz nessa civilização. Na realidade, o homem primitivo se achava em situação melhor, sem conhecer restrições de instintos. Em contrapartida, suas perspectivas de desfrutar dessa felicidade, por qualquer período de tempo, eram muito tênues. O homem civilizado trocou uma parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança.
Não devemos esquecer, contudo, que na família primitiva apenas o chefe desfrutava da liberdade instintiva; o resto vivia em opressão servil. Naquele período primitivo da civilização, o contraste entre uma minoria que gozava das vantagens da civilização e uma minoria privada dessas vantagens era, portanto, levado a seus extremos.
Assim pode afirmar que o ser humano é em seu psicológico que se julgam, e julgam ao próximo, em qualquer característica, social ou pessoal, em crenças e ações, o que se é sentido e apenas uma forma se demonstração do acontecimento de julgamento e o mal-estar é a conseqüência desse julgamento. O julgamento, por assim dizer, é um prazer humano, primitivo que também é um elo da comunidade e de cumprimento de regras da sociedade.