Resenhas - Kafka à Beira-Mar

yellowbirds 06/04/2023

Ler esse livro é que nem ter um sonho sem pé nem cabeça e acordar sentindo que você teve uma epifania e que, de repente, tudo faz sentido. aborda diversos temas pesados e desconfortáveis, não é pra qualquer um, e por muitas vezes teve uma escrita muito lenta, muito descritiva, meio repetitiva. mesmo assim, a escrita poética, metafórica, e que utiliza de todas essas comparações malucas e incríveis te prende na maior parte do livro, e é muito bonita. o livro é praticamente um quadro surrealista, o autor dobra a realidade do jeito que ele bem quer dentro da história diversas vezes e isso não necessariamente tem um motivo, uma grande explicação: ele faz simplesmente porque ele faz. é uma narrativa fantástica, surrealista, extremamente metafórica mas cheia de significados ocultos e claros que fazem a leitura valer muito a pena. nesse livro, o tempo e a realidade são apenas pedaços de papel, que podem ser dobrados, amassados e rasgados do jeito que for.

birdy 22/03/2023

Uau
Nossa, que experiência! acho que me conectei com esse livro a nível espiritual kkkk mas quantas loucuras e doideiras? em algumas cenas, meu cérebro convertia o que eu estava lendo para imagens animadas automaticamente, como se fosse um anime ou mangá! (as vezes sem querer eu imaginava o Kafka como aquele menino do Evangelion kkkk embora a descrição dizia que ele tivesse cabelo curto, bem rente). enfim, sentimentos ambíguos sobre o fato do autor deixar em aberto alguns acontecimentos, porque abre espaço pra gente viajar no que pode ter acontecido, mas ao mesmo tempo eu quero SABER o que realmente aconteceu, e os fatos verdadeiramente, porém Murakami apenas foca na história dos personagens, deixando totalmente pra segundo plano o que tornaria o livro uma ficção científica, embora não deixe de ser.
mas sério, muitas interrogações? acho que acaba dando pra deduzir o que aconteceu, nada além disso. eu gostei muito e recomendaria, embora algumas partes sejam arrastadas até demais, eu consigo compreender a obra como um todo e tentei apreciar o máximo que consegui a leitura.

Pilantrinha 12/03/2023

Mas anda não sei o que significa viver.
Odeio dizer isso, porque parece que algumas obras estão reservadas a um grupo seleto de pessoas, o que eu acho uma bobagem, mas precisarei dizer: esse livro não é para todo mundo. Kafka à beira-mar é esquisito, tem um ritmo estranho, se usa de uma linguagem bizarra e trata sobre temas tabus que podem causar asco a diversas pessoas.

Ainda assim, achei genial.

Nesta grande metáfora escrita pelo Murakami, acompanhamos dois núcleos principais. O primeiro é o do jovem Kafka Tomura, um adolescente de quinze anos que fugiu de casa, e o segundo é o do Nakata, um idoso com deficiência intelectual que conversa com gatos.

Quero deixar claro que o Murakami não está nem aí, ele não dá a mínima. Somos apresentados a diversas situações fantásticas e absurdas e já aviso de antemão que o autor não vai explicar nenhuma. Nenhuma. Conversas com gatos, chuva de peixes, espíritos translúcidos, objetos no céu... Tudo isso entra na grande metáfora que é Kafka à beira-mar.

Por esse motivo que não indico essa obra para o público em geral. Procurar um significado literal para as coisas contidas nesse livro pode gerar muita frustração. A impressão que tenho é que você precisa atribuir sentido a maioria das coisas que estão escritas aqui, se utilizando das suas próprias referências. E referências, principalmente à cultura ocidental, são o que não faltam.

É bem difícil trazer um resumo ou sinopse dessa história, porque os fatos vão se ligando de maneira pouco natural. Antinatural, na verdade. Mesmo assim, parece que tudo precisava acontecer do modo que aconteceu. Achei poética a jornada dos nossos protagonistas, é lindo ver que eles tinham uma missão fantasiosa e fantástica para ser completada, mas enquanto isso acontecia a missão verdadeira também se desenrolava.

É muito sensível a forma que as emoções são retratadas aqui, e muito delicada também a discussão a respeito da vida no geral. Mesmo que nada seja literal e que tudo pareça ser visto por uma janela embaçada, há beleza.

Não posso falar mais sobre Kafka à beira-mar porque realmente não tenho palavras para isso. Como dito por um dos personagens de Murakami, o Sada: "Palavras não descrevem corretamente os fatos. Porque a verdadeira resposta não pode ser dada em palavras". E, mesmo assim, elas continuam sendo o último -- e único -- refúgio.

david andriotto 07/03/2023

Nakata ?
Não me recordo como esse livrou chegou até minha estante, só sei que comecei a ler e demorei até que bastante.

tenho um grande preconceito com obras fantasiosas, ainda mais aquelas que fogem completamente à realidade. mas kafka à beira-mar é literalmente isso e o autor gosta de enfatizar tal ponto durante toda a obra. foi um exercício.

acho que não recomendaria para alguém! apesar dos pesares, é um bom livro. não é essencial, só é bom.

andy.meireles 05/03/2023

Gostei muito, apesar de ter achado um pouco cansativo
Olha, depois que eu terminei de ler esse livro fiquei um pouco reflexivo sobre o que eu achava dele. tiveram muitas cenas estranhas (o que infelizmente já e meio típico do murakami) como a do incesto, o que eu entendo que faz parte da referência à tragedia grega do édipo, inclusive citado na própria história e etc, mas mesmo assim acho que o surrealismo mágico desse livro ficou um pouco real demais em alguns momentos e acabei ficando um pouco desconfortável kkkkk

eu gostei do livro em um aspecto geral, a narrativa e a prosa do murakami muuuuito boas, mas o ritmo da história e o desenvolvimento geral foram me cansando um pouco do meio pro final, já que eu tava demorando pra ligar todos os pontos e pegar todas as referências. esse é o tipo de livro que tem que prestar atenção em tudo, se perder algum detalhe nada mais faz sentido, uma vibe até meio Erin Morgenstern.

no mais, eu adorei o surrealismo mágico, principalmente a do corvo e daquela cena dele estraçalhando o ?Johnnie Walker? na floresta, e o simbolismo disso com a profecia do kafka justo no momento em que ele tava lá dentro da floresta e tal, a narrativa ficou muuuito bem construída.

Talita Hanna Cabral 01/03/2023

Sonho, ilusão ou realidade?
Kafka a beira mar é um livro sobre 2 histórias que se cruzam: uma contada na primeira pessoa e outra contada na terceira pessoa. É incrível como Murakami deixa o leitor na dúvida. Nunca se sabe se está na realidade da história ou na ilusão do personagem. Se há algo de real e fantasioso na história ou se tudo se passa na cabeça do indivíduo. Vale muito a pena a leitura!

nico 01/03/2023

Não sei como reagir
Primeiramente tenho algumas ressalvas pra fazer desse livro. Tem muitas coisas que acontecem que são simplesmente eróticas com um adolescente e não tem sentido ser conduzido a história assim, poderia muito bem ser de outra forma. Acho extremamente desnecessário esse enredo de inc****o.

Segundo, é uma história bem contada, a leitura não cansa e vc se sente preso a ela, dá vontade de saber o que vai acontecer em seguida e sempre é surpreendente.

Minha nota foi o resultado dessas duas ideias. Não consigo relevar esse contexto errado.

Tai Martins 25/02/2023

Metáforas do mundo
Um dos livros mais envolventes que já li do autor, entrando para o meu top 2 dos romances escritos por Murakami.

O livro conta a história de dois personagens distintos cujos caminhos acabam por se cruzar (contexto esse recorrente nas obras do autor).

O primeiro deles escolhe se chamar Kafka assim que decide fugir de casa, aos 15 anos. Vivendo em Tóquio, descontente com sua vida, com a relação conflituosa que tem com o seu pai e também cheio de esperança de encontrar a sua mãe e irmã que saíram de casa quando tinha 4 anos são as principais razões que o levam a tomar a atitude de abandonar tudo e todos. Agora livre, Kafka começa a refletir sobre as nuances dessa liberdade e dos limites de sua busca interna e externa. Nesse ínterim, Kafka conta com a ajuda de um personagem chamado Corvo, o seu eu que não duvida, que não tem medo - um alter-ego com capacidades cognitivas que Kafka jamais poderia adquirir (pelo menos não sozinho).


A história entrelaça a partida de Kafka no dia do seu décimo quinto aniversário com relatos de um episódio que ocorreu nos anos 40, durante a II Guerra Mundial - o envenenamento através da ingestão de cogumelos durante um passeio de uma turma da escola primária que debilitou mentalmente Nakata (o segundo personagem), que era visto como um menino calmo e comportado, com capacidades intelectuais acima da média. Com esse ocorrido, Nakata perde seu intelecto, mas adquire poderes peculiares, como a capacidade de se comunicar com gatos e de prever acontecimentos da borda do tempo e das dimensões - e é aí que entra o surrealismo de Murakami que tanto transforma as reflexões filosóficas e metafísicas num real palpável, que sentimos e vemos.

Mas porque Kafka fugiu? Quando era criança, seu pai lhe deu uma profecia edipiana: a de que iria acabar matando seu pai e dormindo com sua mãe e sua irmã.

Ao longo do romance cheio de simbolismos e de coisas estranhas que no fim se encaixam, acompanhamos um personagem amadurecendo, lidando com o surrealismo do cotidiano para sobreviver, numa série de acontecimentos e de personagens que se encontram em pontos específicos da narrativa como se tudo tivesse um lugar no mundo e no tempo. Difícil esquecer uma leitura como essa.

Gi 15/02/2023

"Kafka à beira-mar ? alma solitária a vagar na fímbria das ondas à beira de um mar absurdo"

O livro possui dois personagens principais: Kafka Tamura um menino que, ao completar 15 anos, sai de casa sem ter exatamente um destino ou um lugar para ficar, e deseja apenas fugir da "profecia" que tanto o assustava, e Nakata, um senhor que sofreu um trauma na infância e passou a ter habilidades estranhas, como falar com gatos.

Gostei bastante dessa dinâmica dos capítulos sendo alternados entre os personagens. Inicialmente a história causa a impressão de que estamos lendo dois livros diferentes ao mesmo tempo, pois os dois não apresentam uma conexão, é apenas com o desenrolar da leitura que vamos conhecendo os pontos em que eles combinam, de alguma forma.

Preciso destacar aqui que esse é o primeiro livro que leio do Haruki Murakami e confesso que pensei que gostaria mais do que realmente gostei, mas no geral foi uma boa leitura. Amei os capítulos com o foco no Nakata, principalmente quando o personagem Hoshino apareceu, proporcionando ótimos diálogos. A situação do Nakata abre também uma discussão interessante sobre as dificuldades e preconceitos que enfrentam aqueles que não foram alfabetizados.

Kafka à beira-mar é repleto de referências interessantíssimas sobre arte no geral, o que considero um ponto positivo da leitura, através dela pude conhecer artistas diferentes e também suas histórias. Porém, em alguns capítulos essas referências também eram excessivas, fugindo um pouco do tema principal da conversa ou do capítulo.

Realmente gostei da escrita do autor, da forma como ele descreve os sentimentos e de sua criatividade, no entanto alguns pontos me incomodaram, como a descrição de personagens femininas e o possível incesto etc, não colocarei detalhadamente aqui, mas li cenas e falas absurdas.

Esse livro é do tipo realismo mágico, e sonhos, fantasia e realidade se misturam, além de ter também a presença de muitas metáforas. Marquei várias frases que me tocaram e por ter partes em aberto, sem explicações para o leitor, acredito que as experiências e percepções possam ser diferentes para cada um, por isso recomendo a leitura, que é uma experiência única e uma grande viagem kkkkk.

* escrevi enquanto escutava o trio arquiduque, totalmente influenciada pelo Hoshino rs

edzlke 15/02/2023

Bizarro
Eduarda, por que você tá dando duas estrelas pra esse livro que você odiou e pensa que poderia ter metade das páginas que na verdade tem??
Porque o uso das palavras que o Murakami faz é a única coisa que salva o livro. A escrita é incrível, excelente escolha de termos, o problema principal é que, conectados, esses belíssimos termos assumem um sentido TERRÍVEL.
Como explicar, gente, meu senhor? foi um asco atrás do outro, eu juro. Um menino de 15 anos completamente maluco que boatos que tinha uns músculos incríveis ? porque os hormônios dele recém tavam na flor da pele, mas já foram suficientes pra transformar ele num maromba juvenil, pode crer ? e que se achava o máximo, o cara mais inteligente das galáxias, tão esperto e sentimental? mas que não podia ver uma mulher na frente que tinha ereção.
Romantização de tudo de mais horrível que se possa imaginar: teve no livro. Sério. Assombroso.
E ai no fim você termina um livro que você não entendeu nada, só se apavorou porque o realismo fantástico foi REAL demais e isso tornou o livro assustador, e não mágico a la Gabriel Garcia Marquez.
Então é isso, minha opinião singela.

CAcera3 15/02/2023

Chuva de peixes é só um detalhe
Murakami explora bastante o realismo fantástico nessa narrativa utilizando-o como fio condutor dos acontecimentos. Temos dois arcos principais nessa história. O primeiro conta a história do Kafka Tamura, um garoto de quinze anos que tenta fugir de uma profecia na qual ele iria deitar com a própria mãe e irmã e mataria o próprio pai; clara referência a Édipo Rei.
Contudo percebemos que o personagem foge também de uma vida onde não tinha afetos e ele precisa sair e buscar seu próprio amadurecimento. Kafka tem uma espécie de ?consciência? que ele chama de ?o menino corvo?. E em um diálogo entre os dois fica claro que Kafka precisa passar por algo que o transformará, uma jornada.
No segundo arco temos o Nakata. Esse personagem passou por uma experiência traumática durante a infância. Numa excursão escolar a turma inteira simplesmente cai em sono profundo e acorda horas depois como se nada tivesse acontecido, porém Nakata só vai acordar duas semanas depois e a partir de então ele volta com uma deficiência intelectual, não consegue mais aprender a ler, a fazer cálculos e tem uma vida com muitas limitações. Porém depois ele irá perceber que voltou desse coma com a capacidade de se comunicar com gatos.
Esse é um livro com muitas referências, uma história bem fantasiosa, com coisas que serão explicadas e outras não. O que fiz foi encarar esse livro como uma narrativa de fantasia e dessa forma o livro funcionou completamente para mim.
O Murakami não explica tudo e entrega de bandeja, mas cria situações que nos levem a refletir. Esse livro trata de temas como a guerra, as relações de poder, a sociedade do consumo, o tratamento que damos às pessoas com deficiência, aos idosos, aos animais, à cultura, à família e principalmente nossas relações pessoais.
A amizade é um tema que o autor trata com muita delicadeza e de forma muito bonita. No arco do Nakata, que é de longe meu personagem favorito do livro, temos uma amizade inesperada e muito linda e também algo que gosto bastante que é a sabedoria simples, aquela que vem da vivência, da inocência, que é prática e eficaz.

Instagram @maecomlivros

Letícia 05/02/2023

"Kafka à beira mar" é um livro de lembranças e sonhos.
Acho que este é um dos livros mais lindos que já li. É uma história sobre amadurecimento e o peso de nossas ações sobre os outros.

Vemos o Kafka evoluir durante a história. Não somente ele, mas todos ao seu redor.
'Kafka a beira mar' é uma viagem através da filosofia, arte, mitologia, amadurecimento e acima de tudo lembranças e sonhos.
Como Murakami descreve cada item desses é incrível. O modo que ele descreveu a pintura me deixou perplexa, eu tenho claro na mente cada detalhe da pintura. E da música também.

Todos estão perdidos em lembranças e arrependimentos, alguns mais e outros menos.

Eu realmente me interessei muito por cada personagem e suas questões.
Eu estou realmente muito apaixonada pela história e pela escrita do Murakami

É muito difícil descrever em palavras esse livro e suas consequências em minha vida.

Se tornou um dos meus livros favoritos
Sem sombra de dúvida é uma obra 5 estrelas.

Ju Arrais 05/02/2023

Etéreo, profundo e bem misterioso
Uma dos meus livros favoritos do Murakami e o mais enigmático que ele já escreveu, há bastante conteúdo da inconsciente, sonhos, visões e tudo isso regado com três histórias que se interligam ao passar das páginas. Acontecem muitas coisas de cunho existencialista e também há muita apreciação da natureza, solidão e o sentimento de estar perdido (algo bem marcante da literatura de Murakami). No geral, um livro lindo e interessantíssimo!

Marcus 31/01/2023

Obra prima
Este é certamente um dos melhores livros de Murakami. A maneira como os personagens são construídos, fazem a leitura ser fluida e envolvente. Uma mistura de realismo fantástico com filosofia.