@tayrequiao 03/08/2024É forte. Triste. Doloroso. Inacreditável.Literatura de testemunhos sempre me pega forte.
Especificamente nos relatos sobre a Segunda Guerra Mundial, me admira a força daquele que sobrevive, a coragem de relatar e reviver a própria história, mas principalmente a capacidade de se manter lúcido após ter passado pela sistematização da morte desenvolvida pela Alemanha.
Porque existiam, sim, as câmaras de gás, as chaminés, as forcas em praça pública, o trabalho forçado até a exaustão, mas o processo de morte começava muito antes do ato final.
Esse processo era fundamentado na retirada sistemática das identidades dos prisioneiros.
A primeira etapa dessa destruição era a marginalização social, com leis que os excluíam da vida pública e lhes retiravam os direitos civis.
Em seguida, vinham os guetos e os campos, onde as pessoas eram numeradas, suas roupas e pertences confiscados, suas cabeças raspadas e suas línguas e culturas proibidas. A perda do nome e da identidade individual como uma das formas mais cruéis de destruição, pois reduzia esses seres humanos a números a ser contados e recontados, diariamente.
Em última instância, tínhamos ainda o aspecto psicológico. Os prisioneiros eram isolados de suas famílias, amigos e comunidades, perdendo qualquer traço de suas vidas anteriores até que perdessem finalmente suas memórias.
Uma vez que não restava nada de si mesmo, não havia razões para lutar. Não havia esperança. Não havia vida, ainda que vivo.
Primo Levi demonstra brilhantemente esse processo.
É forte. Triste. Doloroso. Inacreditável.
Mas recomendo demais a leitura.
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