Maga - Bruxas preferem Bloody Mary:

Maga - Bruxas preferem Bloody Mary: Osmar Freitas




Resenhas - Maga - Bruxas preferem Bloody Mary:


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Lina DC 28/05/2017

A trama é narrada em primeira pessoa pela Lysandra, uma protagonista no início de seus vinte anos. A história se passa em São Paulo começa quando ela recebe uma ligação informando-a que o seu amigo e colega de trabalho, o Enrico (Rico) está no hospital com um ferimento na cabeça.
“Minha atenção estava só no Rico. Enquanto decidia o que fazer, em pensamento pedia à Grande Mãe que o salvasse; se ainda houvesse tempo. Toquei-lhe o rosto lívido e depois tomei sua cabeça com a mão direita, a única que ainda obedecia aos meus comandos. Sacudi-a levemente, como faria se quisesse apenas despertá-lo de uma soneca, mas ele estava todo mole e não dava sinais de vida. Devolvi a cabeça ao assoalho e sacudi seu ombro, agora com força, chamando-o, porém ele continuou sem reagir. Rico não respirava, e minha respiração travou também. Meu Deus! Como fui deixar acontecer? Ele já havia sido atacado antes e sobrevivera, e eu devia ter aprendido. E com os pais dele, como vai ser? Senti o peito apertar-se ainda mais. Quem vai dizer que o filho morreu? Por minha culpa. Por conta dessa maldita obsessão. E a irmãzinha, que ele tanto amava? Dio!” (p. 06)
Acontece que o Rico foi encontrado desmaiado ao lado de sua namorada, que encontrava-se morta, no meio do bairro conhecido como cracolândia. Para os policiais, Roberta, a namorada do Rico era uma usuária de drogas e teve uma overdose. Só que existem algumas peculiaridades no caso que não coincidem com essa teoria. Como um estranho anel encontrado no corpo da vítima ou o fato do corpo não ter quase sangue, mas não ter nenhuma gota na cena do crime.
"- Bem... - Victor respirou fundo. - A mais esquisita é que o Negreiro, o perito do IML, disse que o corpo da vítima apresentava pouco sangue. Como não havia sangue no local e ela não tinha ferimentos, achei curioso." (p. 35)
Lysandra tem um passado doloroso. Seus pais se divorciaram quando ela era pequena e ela ficou morando com a mãe, Dirce. Durante a adolescência, ela estudou bruxaria com outras alunas de sua cidade, inclusive sua grande amiga, a Marcela. Para Lysandra, estar ao redor de pessoas que a auxiliavam a compreender o seu dom, era um bálsamo. Enquanto crescia, ela quase não teve contato com o pai, até que um dia sua mãe morre por conta de uma parada cardíaca. Quando a mãe faleceu, ela teve que ir para o Rio de Janeiro, morar com o seu pai Caco, um jornalista que vivia enfiado no trabalho e não tinha tempo para a filha. Quando terminou os estudos, decidiu fazer um mochilão pelo mundo e ao voltar, foi morar em São Paulo, onde trabalha no Instituto de Ensino da Língua Italiana para Brasileiros - IELIB dando aulas de italiano. Aliás, foi assim que conheceu Rico, um italiano que também é professor de italiano no IELIB.
"- Vocês estudavam magia? Na escola? - Rico ficou pasmado. - Que raio de escola era essa?
- Deixe-me falar - pigarreei, e me preparei. - Escola é maneira de dizer. Éramos apenas sete alunas em um curso de bruxaria, lá em São Mateus. Frequentei as aulas por pouco tempo, menos de seis meses, e só concluí os módulos iniciais. Acabei abandonando após a morte da minha mãe."
Para Lysandra, o que aconteceu com Rico e sua namorada despertam lembranças do passado e ela sente-se compelida a investigar e descobrir a verdade. Enquanto mergulha nesse mundo, Lysandra vai descobrindo mais sobre si mesma.

O texto é muito bem construído e a linguagem combina com o perfil da personagem que se encontra no início dos vinte anos. As referências também são atuais, falam de redes sociais, da série Crepúsculo e tantas outras que permitem ao leitor se identificar com a história.

O enredo tem o tema sobrenatural como ponto de partida e até mesmo tem um narrador oculto, que demonstra certa obsessão por uma jovem chamada Mina, mas é também um enredo que fala sobre descobrimento e amadurecimento pessoal, a descoberta de sentimentos inesperados e a jornada pessoal de Lysandra.

O autor Osmar Freitas trabalhou muito bem o tema sobrenatural em meio a grande cidade de São Paulo. É bem intrigante ler sobre vampiros e bruxas em um território nacional. A escrita é leve e fluida, de forma que o leitor consegue alternar a narrativa de Lysandra com a do narrador misterioso sem problemas. Além disso, o leitor se diverte com alguns pensamentos da protagonista ao mesmo tempo que torce para que ela consiga enfrentar o que irá surgir em seu caminho.
"- É porque sua missão ainda não lhe foi revelada. Quando isso ocorrer, você compreenderá. Missão é contrapartida ao dom, Maga. Todos nós temos uma e não podemos fugir dela. É claro que também nos foi concedido o livre arbítrio para escolher como e quando nos dedicaremos a ela, mas livre arbítrio não significa poder recusar nossa missão ou anular o dom que recebemos, nem permitir que seja suplantado por interesses menores, pessoais." (p. 78)

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