Lê Golz 05/04/2018Adorável! Sou suspeita para falar quando o assunto é livros com cachorros, imagine se somado a isso estiver uma história verídica da Segunda Guerra Mundial! Essa cadela linda da capa, Judy, uma pointer inglesa, foi o único animal POW (Prisioneira de guerra) desse período. O livro trata de contar a trajetória de Judy desde seu nascimento até sua morte. Uma filhote cheia de personalidade que nasceu em Xangai e tornou-se a mascote da Marinha Real Britânica. Contra muitas probabilidades, sobreviveu a bombardeiros, naufrágios, à fome no campo de prisioneiros dos japoneses e até à cultura local que tinha a carne de cachorro como especiaria. Em uma grande viagem a toda a vida de Judy, vamos conhecer nessa obra o porque ela foi uma cadela tão especial e se tornou uma heroína de guerra.
"Ficaram abraçados por um momento, milagrosamente reunidos, e sem que nada precisasse ser dito. Foi um daqueles momentos mais doces. Frank sentia como se seu coração fosse se abrir diante de tanta alegria. E, para Judy, sua longa espera havia sido recompensada." (p. 195)
Com uma narrativa em terceira pessoa e cheia de detalhes preciosos, vamos aos poucos nos encantando por essa protagonista canina. A escrita de Lewis é clara e explicativa, mas devo confessar que a primeira metade do livro foi pouco envolvente. Alguns detalhes sobre os procedimentos e registros dentro do dia a dia nas canhoeiras britânicas, tornaram a narrativa cansativa em alguns trechos. O autor usa certos detalhes para um leitor mais curioso que queira entender melhor o cenário. E isso acaba sendo um ponto positivo e negativo ao mesmo tempo. Porém, não desista da leitura, pois a maior parte da história é comovente.
O que mais gostei no livro foi acompanhar os anos que Judy e seus companheiros passaram nos campos de prisioneiros vivendo a violência física e psicológica dos japoneses. Ela já havia provado seu valor salvando vidas nos navios, mas os campos trazem os momentos mais comoventes e divertidos da narrativa. É surpreendente ver como ela sobreviveu àqueles dias duros, e como era um dos maiores incentivos para seus companheiros britânicos, em especial um deles, com quem teria o maior afeto pelo resto da vida. Com isso, outro foco do autor foi mostrar o quanto aqueles anos nos campos de prisioneiros foram assombrosos também para os soldados.
Essa relação homem-animal é bastante presente no livro, o que o torna mais especial. Uma história verídica que com certeza comove. Não tenho dúvida de que os amantes de cães irão adorar essa leitura. Não desista se o começo for cansativo, pois o livro vale muito a pena.
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