Amarildo 09/01/2014
Que sejamos todos culpados
Adquiri "Colecionador de Pedras" em um sebo virtual. Na avaliação da compra, descrevi que o exemplar adquirido veio com um corte na capa e em algumas páginas subsequentes, fato que não estava na descrição de seu estado de conservação. O livreiro entrou em contato comigo, pediu desculpas e se comprometeu a enviar um novo exemplar de graça. E o enviou, mesmo depois que eu lhe disse que não o precisaria fazer, porque o mais importante do livro não tinha sido afetado: a guerra que Sérgio Vaz trava e da qual quer que sejamos mais do que partícipes.
Vaz é belicoso, mas também é terno, e vai destilando essa ternura belicoso a cada página, a cada pedra lança nas vidraças para dizer que nas ruas há uma poesia difusa, inculta e bela, lírios em cada beco que ele rega não com as pedras que lança, mas com os cacos das vidraças que quebra.
Depois de admirar sua coleção, vejo que fiz bem em desprezar o conselho que Ferréz nos dá no prefácio do livro, pois não devemos temer ser subversivos, e repassei o exemplar adicional, afinal, não sou patrono e tampouco possuo habilidades para manipular massas.
Sendo assim, assumo de bom grado a total culpa pelos crimes que esse meu ato tornou possível hoje e amanhã.