spoiler visualizarNetto16 21/01/2024
Gostei!
No livro , Amara Moira, João W. Nery, Márcia Rocha e Tarso Brant compartilham suas experiências ligadas à descoberta e aceitação de suas identidades individuais. Cada narrativa destaca o momento em que perceberam a singularidade de sua essência, o confronto com padrões sociais limitadores, os preconceitos enfrentados tanto no círculo familiar quanto na sociedade em geral, e os desafios associados à transição de gênero. Essas histórias entrelaçam-se através de um fio comum de persistente luta, reafirmando o direito fundamental ao próprio nome, corpo e existência.
Entre os quatro relatos, destaco especialmente a narrativa de Márcia Rocha: é admirável a coragem demonstrada por ela ao abraçar sua verdadeira identidade, mesmo após décadas, dois casamentos e uma carreira bem-sucedida. Os dois relatos iniciais, centrados nas vivências de Amara e no ativismo de João, também são muito bons.
No entanto, a avaliação não atinge a pontuação máxima devido ao último relato protagonizado por Tarso Brant: infelizmente, este capítulo revela-se desnecessário e, francamente, detestável. Desde o início de sua narrativa, Brant irradia uma aura de machismo ao retratar meninas como seres indefesos que necessitam de proteção constante. Na adolescência, admite ter enganado pessoas por meio de perfis falsos, justificando tal comportamento como uma forma de manter controle sobre elas, e confessa inúmeras traições a namoradas. A reviravolta em que Brant se converte a uma religião, após suas atitudes problemáticas, além de forçada, não contribui positivamente para a obra, resultando em uma parte desagradável que se afasta do tom ativista presentes nos demais relatos.