spoiler visualizarAnna2081 04/01/2021
Considerações sobre O Triste Fim de Policarpo Quaresma
Confesso que foi uma leitura difícil, bem complicado de fluir e me prender. Mas a grande sacada estava no final, e meu deus, que final.
Essa obra é profunda, em tantos níveis, o tanto de denúncia social, a tragédia, o patriotismo exacerbado a troco de nada.
É bem reflexiva na realidade, faz você meditar sobre seus ideias. As vezes cremos tão fielmente em algo, que acabamos criando uma idealização sem ao menos perceber.
E esse foi o triste fim de Policarpo, morto como um traidor, morto pela pátria que tanto amava e defendia.
Sente o impacto que isso causa?
Sem contar todas as denúncias sociais do autor, Lima Barreto, durante a obra. Policarpo foi morto, justamente, por denunciar esse governo ditadorial e bruto, se revoltando com a realidade dos prisioneiros e guerra. E isso culminou no sei fim, fim este que, como ele mesmo relata em profunda tristeza, foi fruto de uma vida perdida, uma vida de estudos e devoção para nada.
"Iria morrer, quem sabe se naquela noite mesmo? E que tinha feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a Pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e agora que estava na velhice, como ela o recompensava? Matava-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara."