Esaú e Jacó

Esaú e Jacó Machado de Assis...




Resenhas - Esaú e Jacó


280 encontrados | exibindo 211 a 226
1 | 2 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19


Coruja 14/02/2019

Escolhi esse título para o tema do mês no Desafio Corujesco porque, com ele, eu faria um verdadeiro massacre de coelhinhos com uma só cajadada (nada contra coelhos, a culpa é do ditado popular). Primeiro, esse é um dos poucos romances de Machado que eu ainda não tinha lido (na época de colégio li todos que eram indicados em vestibular e mais alguns por conta…); segundo, ele seria um dos livros debatidos esse ano no Clube do Livro de Bolso e, terceiro, pela sinopse, era um livro que tratava da política na virada da monarquia para a república e questões de política em romances sempre me interessam.

Olhando para o título bíblico e tendo uma ideia do estilo machadiano, comecei a leitura com a expectativa de que Esaú e Jacó seria uma mistura do tom picaresco de Memórias Póstumas de Brás Cubas (porque a política brasileira merece todo o sarcasmo do mundo) e a rivalidade entre gêmeos apaixonados pela mesma mulher no melhor estilo folhetinesco de Dumas, em Os Irmãos Corsos. Contudo, o maior erro que você pode cometer, como leitor, é se deixar começar uma obra de um autor como Machado com expectativas, achando saber o que o espera. Por isso mesmo, demorei a conseguir engatar a leitura e entender do que se tratava o livro.

Esaú e Jacó começa se dizendo um volume de anotações ‘encontradas da mesa do Conselheiro Aires’, quase como se um diário do personagem. Mas o verdadeiro narrador da história é o próprio autor Machado, onisciente de pensamentos e anseios dos personagens, muitas vezes quebrando a linearidade da história com intervenções diretas ao leitor para discutir a construção do romance. Essa metanarrativa é um recurso típico machadiano, embora não seja uma característica muito presente no Realismo - talvez por isso mesmo Machado seja considerado um autor ‘fora da curva’, que não se adequa de fato a rótulos, escolas ou categorizações. Machado é uma categoria em si mesmo.

Esse foco narrativo pode tornar a leitura um pouco confusa para quem não está preparado: a história dos irmãos Pedro e Paulo, sua rivalidade e sua paixão pela jovem Flora é muitas vezes interrompida por episódios aparentemente alheios e capítulos que são pequenos ensaios sobre tipos sociais e outras aleatoriedades. O próprio fio narrativo não segue um padrão; não existe realmente uma causa primeira para o embate fraterno, não há resolução para a parte romântica tendo em vista a indecisão de Flora entre seus pretendentes, não há um clímax nem mesmo quando do golpe que derruba a monarquia - algo que vemos apenas de notícias em jornais e comentários entre personagens, sem nunca aparecer em termos de ação na história.

Contudo, quando você começa a refletir sobre a simbologia, sobre o que cada um desses personagens significa numa grande alegoria da história política brasileira, faz extremo sentido que a transição da Monarquia para a República seja transformada num ‘não-evento’. Como muito bem ilustra o episódio (hilariante, minha cena favorita do livro!) da tabuleta do Custódio, dono da Confeitaria Império - nome algo complicado para o cenário político da ocasião - o grosso da população muito pouco se importou com a mudança do governo, mais interessada em como as aparências repercutiam em seus negócios pessoais. E, se Custódio representa o povo, preocupado consigo mesmo e alheio à realidade do país, Flora e Natividade - a mãe dos gêmeos - são facetas do Brasil, com os irmãos representando os sistemas políticos que se apresentam.

Natividade - e que bela escolha de nome para o caso - é a “Pátria Mãe” que sonha em ver os filhos ‘serem grandes’, como vaticinado pela Cabocla do Castelo, espécie de pítia moderna que não apenas lhe promete a grandeza perseguida, como também lhe incute a ideia da rivalidade. Natividade passa o tempo a sonhar com as coisas futuras, mas também a se preocupar com a possibilidade de conflito entre os irmãos. Por ironia, Pedro e Paulo descobrem nos medos da mãe uma maneira de conquistar favores e encenam um antagonismo que, ao menos a princípio, não é real.

Alimentados pela ambição dos pais e pelas promessas de grandeza que lhes foram feitas em berço esplêndido, os gêmeos passam a se interessar por política. Pedro, médico, mais conservador e dissimulado, afirma-se monarquista. Paulo, advogado, liberal e impulsivo, vincula-se aos republicanos. Começa a dissidência real, mas é com a chegada de Flora e a paixão dos dois por ela, que a disputa começa.

Flora é o desabrochar de uma nação; talvez a própria figura da República, se pensarmos em Natividade como a imagem do Império. A inexplicável, nas palavras do Conselheiro Aires; a indecisa, na opinião de todo leitor. Flora é bela, inteligente e apaixonada pelos gêmeos. E esse é o grande problema da relação - ela gosta de ambos, não consegue ver um sem o outro, não é capaz de escolher entre eles. E aí fica a questão: a indecisão é por eles serem iguais em tudo ou por serem tão diferentes que só há uma versão completa quando se somam ambos?

Por boa parte da história, o autor parece tentar nos convencer de que Pedro e Paulo são, de fato, diferentes, ainda que semelhantes na aparência. Mas essa é a suprema ironia de Esaú e Jacó: trata-se de uma falsa dualidade, uma contradição apenas aparente. Talvez seria interessante lembrar das leis da atração magnética: são os polos iguais que se repelem. Pedro e Paulo se apresentam como diferentes em suas ideias, no discurso; mas são idênticos na prática. Destarte, explica-se a indecisão da jovem nação: se apenas mudam os nomes, mas permanecem os mesmos atores, a mesma velha política, o que há, exatamente, a escolher?

Esse foi o penúltimo livro de Machado, mantendo a ironia que era sua característica, mas perdendo um pouco do humor picaresco de um Brás Cubas ou mesmo Quincas Borba. É uma história mais melancólica, talvez até amarga em suas conclusões. Mais de cem anos depois, contudo, permanece atual e verdadeiro. Nosso país continua a ser uma promessa, um ‘gigante’ do qual se fala continuamente que acordou, ainda que nosso hino nos afirme que está deitado eternamente em seu berço esplêndido. Nossos políticos continuam a se anunciar como novas versões de uma nova política, enquanto repetem as mesmas práticas pelas quais condenam uns aos outros. E assim por diante. No final das contas, Esaú e Jacó foi publicado em 1904, mas, ao ligar o noticiário, penso que ele poderia muito bem ter sido escrito no mês passado. Se mérito do Machado de Assis ou demérito de nossa política… fica para a opinião do leitor.

site: https://owlsroof.blogspot.com/2019/02/desafio-corujesco-2019-um-classico.html
comentários(0)comente



Lethycia Dias 29/11/2018

Ódio entre irmãos
O romance "Esaú e Jacó" tem seu título inspirado nos personagens bíblicos de mesmo nome, dois irmãos que rivalizam entre si, e isso sintetiza o mote principal da história.
Quando Natividade visita uma vidente para saber sobre o futuro de seus filhos gêmeos nascidos há pouco tempo, recebe a previsão de que os dois farão coisas grandes na vida. Mas a mulher comenta a gravidez conturbada, cuja explicação seria de que os meninos já brigavam entre si durante a gestação.
Os gêmeos Pedro e Paulo crescem parecendo competir em tudo na vida. Na infância, estão sempre dispostos a brigar e discutir. Conforme crescem, desenvolvem opiniões opostas sobre tudo, até na política. Um é abolicionista, o outro a favor da escravidão; um é monarquista, o outro republicano. A rivalidade chega ao extremo quando os dois se apaixonam pela mesma moça, que por sua vez não sabe de qual dos dois gosta mais.
A história se desenvolve bem até a trama envolvendo a moça, que se chama Flora. A partir daí, a trama fica mais lenta e ate arrastada. Os aspectos mais interessantes são a ironia de Machado, com comentários bastante críticos e divertidos sobre o caráter dos personagens; e a presença do Conselheiro Aires, personagem do romance Memorial de Aires. Aqui ele participa da história e há passagens em que faz anotações em seu memorial. Isso é que eu chamo de crossover!
Também é interessante a referência a fatos históricos, como a abolição da escravatura e a proclamação da república e como os personagens vivenciam esses momentos. Poucas vezes eu li sobre esses eventos na nossa literatura e adorei ver o núcleo de "Esaú e Jacó" reagindo a eles.
A edição que comprei num sebo, apesar de antiga, é bem contextualizada com muitas notas de rodapé, explicando referências históricas e culturais e lugares do Rio de Janeiro que deixaram de existir ou mudaram de nome após o tempo de Machado.
ritanog 29/01/2019minha estante
Algumas pessoas interpretam o triângulo amoroso de Flora, Pedro e Paulo como a personificação do povo (Flora) Monarquia (Pedro) e a República (Paulo).




Cheiro de Livro 06/09/2018

Redescobrindo Machado de Assis
Andei reclamando do Kindle e agora é hora de elogiar. Comprei, em uma promoção ótima na Amazon brasileira, as obras completas do Machado de Assis em ebook. O livro tem todos os romances de Machado e, mesmo tendo todos em livros físicos, foi uma ótima compra.

Machado de Assis é um daqueles escritores de que tenho todos os livros, sempre planejo relê-los, mas nunca tive tempo. Agora com todos os livros no Kindle andando na minha bolsa resolvi me dedicar a redescobrir Machado de Assis. Comecei por “Esaú e Jacó”, que nunca tinha lido e que um querido professor de literatura, Marco Antonio, sempre disse que era seu preferido.

Comecei a ler e fui conquistada nas primeiras paginas. Nem tanto pela historia. O que me seduziu mesmo foi a escrita, a conversa que Machado tem como leitor, seus comentários sobre o desenrolar dos fatos. Foi uma delicia redescobrir esse autor que na minha adolescência, quando o li pela primeira vez, achei bom e um pouco difícil. Agora a leitura fluiu tranquila e acabei o romance em dias.

A historia gira em torno da rivalidade entre irmãos gêmeos, uma rivalidade que vem de antes deles nascerem. Pedro e Paulo são diferentes em tudo e sua mãe passa o livro tentando fazer com que os irmãos sejam amigos. A disputa deles pelo amor de uma mesma mulher nem é tão interessante, mas o pano de fundo da proclamação da republica é interessantíssimo.

Lendo esse romance de Machado tive a impressão de estar ouvindo uma boa conversa. Não tem um grande enredo, nem personagens apaixonante e mesmo assim é impossível de resistir. “Esaú e Jacó” me fez querer reler e ler mais Machado. é como se depois de todos esses anos ouvindo quão genial ele é eu finalmente conseguisse entender. No colégio fazem o sacrilégio de nos fazer ler alguns de seus romances. Na adolescência não tinha a capacidade de apreciar essa obra. Gostava mais dos contos. Agora quero ler tudo, romances, contos, cronicas. Estou redescobrindo a genialidade de Machado.

O que mais me chamou a atenção é que o Aires, o do “Memorial de Aires”, é um dos personagens mais ativos. Parece até que Machado já preparava o Memorial e estava testando escrever com a voz de Aires. Já comecei a ler mais esse livro do Bruxo do Cosme Velho.

site: http://cheirodelivro.com/redescobrindo-machado-de-assis/
comentários(0)comente



Gabriel 17/08/2018

Pedro e Paulo são dois gêmeos completamente antagônicos. Sua mãe, Natividade, passa a vida inteira tentando encontrar uma maneira de uni-los e vê-los grandiosos, desde que juntos. A descrição de personagens tipicamente machadianos encoraja o leitor a degustar a obra com a voracidade de um animal sedento e a moderação de um homem sensato.

Somando-se à qualidade do enredo que, por si só, já seria o bastante para consagrar a vida de Natividade e Santos, Pedro e Paulo, Batista e D. Cláudia, Aires e D. Rita, Flora, Nóbrega e outros, Machado ainda adorna a narração com indumentárias que lhe são bem conhecidas. O texto é leve, divertido, instigante, além de muitos outros adjetivos que se lhe possam ser acrescentados. Para além de tudo isto, também é uma obra que carrega consigo uma densidade histórica e antropológica que não podem ser esmiuçados numa breve resenha.

A atemporalidade de "Esaú e Jacó" pode ser atestada quando se reconhece a possibilidade de uma leitura sob o prisma das teorias do francês René Girard. Na penúltima obra de Machado, pode-se verificar com facilidade os elementos preponderantes das obras girardianas, a saber, os conflitos que culminam em violência, gerados pela mimesis, exigindo, posteriormente, sacrifício para apaziguamento das circunstâncias. Entra em cena, portanto, o instrumento fundamental da antropologia girardiana, que é o mecanismo do bode expiatório. Nesta trama, Machado faz rodar as engrenagens da estrutura a que Girard se referia, chegando a uma conclusão palatável para um problema que representa fidedignamente as contradições e as vontades que emergem da natureza humana.
Edy Marques 20/08/2018minha estante
Bela resenha. Fiquei com vontade de ler rs


Gabriel 21/08/2018minha estante
Eu queria ler o Memorial de Aires, mas me sugeriram que passasse primeiro por Esaú e Jacó. Foi uma sugestão utilíssima. Leia quando tiver a oportunidade.




Lopes 16/08/2018

Os personagens cíclicos
“Esaú e Jacó”, de Machado de Assis, determina formas de sentirmos a história. O projeto deste romance é singular. Incentiva a remodelação de novela e a dramática artística, sendo atemporal e ressignifante. O drama brasileiro possui algo específico, o afagar e a frieza muito bem definidos, transbordantes ciclicamente, no espaço condicionado à obra. Desde as primeiras linhas o drama é o poente da obra, que vislumbra os pontos determinantes do enredo, além da customização do narrador para com os narráveis. Digo narráveis pois Esau e Jacó são parâmetros de sensorialidade, a falta de solidez de um corpo físico e de falas próprias atribuem aos dois personagens, despersonificados de carne, sólida onipresença. A representatividade de ambos partes da esfera política - Monarquia e República - até o pensamento histórico, culminando num quadro geral de características estilísticas do autor. Esaú e Jacó quase não são o centro das cenas fisicamente, ambos possuem seus trajetos e características narrados pelos que estão à beira deles. E quem fala acerca destes coadjuvantes é a voz que se interpõe entre o leitor e a obra. Ora, percebe-se então um jogo irônico. A voz que narra a obra posteriormente cria espaços para a fala dos personagens, sendo por fim estes personagens os que mais descrevem Esau e Jacó e sua experiências. É o narrador narrando sobre quem quer ser narrado, daquele que pouco se mostra. Essa sensação não deve ser confundida com algo negativo, mas sim, uma maneira de atravessar as camadas sociais e desenvolver em todas uma ligação já existente. Aires será a forma mais sólida da persona do autor. Suas reflexões se dispõe para uma possível ideia de que a criação de Machado, sem ele, não é cordialmente aceita. Mesmo que tudo venha da genialidade do autor, trata-se aqui da observação minuciosa se revelando como voz ficcional. Nesta obra, Machado de Assis desenvolveu uma voz cansada, exaurida de ironia, atenta ao pensamento brasileiro sobre Monarquia e República, revelando uma dramaticidade que se alimenta das intensas emoções. O drama não permite uma mudança, é contrária a isso, pois ela é ponto de observação, única e intransigente.
comentários(0)comente



Leila de Carvalho e Gonçalves 24/07/2018

Romance ?Ab Ovo?
Publicado em 1904, "Esaú e Jacó" é o penúltimo livro de Machado de Assis. Foi lançado quatro anos antes de sua morte e sucedeu aos três romances de sua fase realista: "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881), "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1899).

Seu título bíblico foi extraído do Gênesis e reporta a história de Rebeca que prefere seu filho Jacó a Esaú, tornando-os inimigos declarados. Aqui, é retratada a inimizade entre os gêmeos Pedro e Paulo, surgida no ventre materno e sem motivo aparente, dai a origem do nome que Machado havia escolhido originalmente para a obra: "Ab Ovo" (desde o ovo).

Durante anos, esse romance foi considerado de menor importância, especialmente, quando comparado ao brilhantismo da trilogia. Julgava-se que o autor teria amenizado sua contundência, assim como o humor ácido e a critica mordaz à burguesia. Porém hoje em dia, essa perspectiva foi descartada e "Esaú e Jacó" é reconhecido como um dos textos esteticamente mais elaborados e, possivelmente, o mais difícil de ser compreendido da obra machadiana graças a singularidades e sutilezas.

Uma das maiores dificuldades por parte dos estudiosos é tentar classificá-lo dentro de um estilo literário, pois ele "oscila entre uma dinâmica realista e a implausivel polarização dos gêmeos" que, inclusive, é reconhecida pelo próprio narrador, o Comendador Aires. Aliás, um narrador inusitado que além de personagem, muitas vezes interpreta o pensamento do próprio Machado, tendo a ousadia de antecipar trechos do romance "Memorial de Aires" que só seria publicado em 1908.

Outro aspecto peculiar é que além de um romance de costumes, a obra trata-se de uma alegoria política. Machado que sempre permanecera distante desse tema, inclusive, sendo acusado de desligado e indiferente, surpreende com um texto sobre a transição do país de Império para República através do antagonismo dos gêmeos. O Brasil aparece simbolizado pela mãe amorosa que acode indistintamente seus filhos, tentando apaziguar as diferenças, contudo, é Flora, a mulher indecisa entre o amor de Pedro e Paulo, quem sintetiza o pessimismo machadiano com relação ao Brasil.

Enfim, essa é uma obra polifônica, cercada de conceitos intertextuais, que permite as mais diversas abordagens interpretativas. Felizmente, o passar dos anos está sendo capaz de alçá-la ao posto que merece.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Mr. Jonas 05/02/2018

Esaú e Jacó
Sobre o autor
Machado de Assis é um dos mais importantes prosadores da literatura brasileira. Participou da fundação da Academia Brasileira de Letras e foi perspicaz na crítica social ao seu tempo, não só nos aspectos estritamente políticos, mas em todos os âmbitos da atividade humana (religião, fé, ciência, comportamento e dogmas). É um dos precursores da prosa moderna brasileira, o autor mais completo de nossas letras.

Importância do livro
Esaú e Jacó, penúltimo livro escrito por Machado de Assis, destaca-se pela narrativa consciente, segura, aliando perfeitamente o tom irônico e despretensioso à análise da fatalidade da condição humana. Sua maior importância se deve ao fato de ser o romance em que o autor examina as transformações políticas e sociais de modo mais denso. Nele, Machado compõe uma síntese do Brasil às vésperas da proclamação da república, um consistente retrato do espírito da época.

Período histórico
Publicado em 1904, o livro foi escrito em uma época de transição na política brasileira, o país deixa de ser uma monarquia para ser uma república.
comentários(0)comente



tray 28/01/2018

Não é apenas um romance
esse livro é muito mais que uma possível rivalidade de dois irmãos, aqui temos a história do país, a formação política do país o desenvolvimento de ideias e pensamentos, Machado conta a história do país nas entrelinhas da paixão, dos mitos e ciências, um GÊNIO!
comentários(0)comente



Fabio Shiva 21/06/2017

show de bola
Fiquei feliz pela sincronicidade de acabar de ler este livro no dia do 178º aniversário de Machado de Assis. Um livro que li com admiração e deleite, da primeira à última página. Foi uma imagem esportiva que me veio à mente para definir o que senti com a leitura: imagine que um craque do nível de Garrincha ou Pelé resolve convidar os amigos para jogar uma pelada sem compromisso. Assistir a um jogo desses talvez não traga as emoções de uma final de Copa do Mundo, mas certamente não faltarão oportunidades de testemunhar lances de gênio e toques de futebol-arte.

Foi algo assim que senti ao ler “Esaú e Jacó”. A história em si não me pareceu tão relevante, tampouco o pano de fundo histórico da proclamação da República. O que chama a atenção, o que grita aos olhos é a própria narrativa em si, obra de um dos maiores autores brasileiros no auge de sua forma e perícia, no topo de sua sabedoria e experiência literária. Este foi o penúltimo livro de Machado, publicado 4 anos antes de sua morte.

Cada parágrafo, cada frase, cada sentença parecem ter sido burilados com a precisão fácil do ourives acostumado a produzir joias inestimáveis. A ironia, marca registrada de Machado, está aqui mais sutil e ferina que nunca. E a própria estruturação da história, com um narrador “oficial”, o Conselheiro Aires (protagonista do livro seguinte e definitivo, “Memorial de Aires”) que é também personagem nas mãos de outro e onisciente narrador em primeira pessoa. Só um escritor macaco velho como Machado para experimentar uma brincadeira dessas e nem dar pinta de como é difícil fazer algo assim!

Um verdadeiro show de bola literário, recomendado para todos que amam ler e, sobretudo, para escritores e interessados na arte da escrita.

A obra do autor está disponível em domínio público:
http://machado.mec.gov.br/obra-completa-mainmenu-123

E viva Machado de Assis!


site: https://www.facebook.com/sincronicidio
comentários(0)comente



Aline 06/06/2017

Os gêmeos Pedro e Paulo
Pedro e Paulo brigam desdo ventre da mãe, isso deixa a mãe dos gêmeos angustiada e ela decidi visitar uma cabocla para que ele possa ver o futuro dos gêmeos.
Os gêmeos nascem idênticos, porém totalmente diferentes na personalidade.
Um medico outro advogado. Um monarquista outro republicano, porém ambos se apaixonam por a mesma mulher.
Passam a vida trocando farpas assim como no ventre da mãe.
comentários(0)comente



Nessa 15/01/2017

Entre quatro paredes
Ser mãe é uma bem aventurança para muitas mulheres, e Natividade não vos foge a regra. O que não esperava eram filhos tão divergentes, gêmeos que são os conhecidos iguais mas diferentes. Duas ideologias políticas não coabitam um mesmo recinto em harmonia por muito tempo, mesmo que sejam apaixonados pela mesma garota.
comentários(0)comente



Ana Ruppenthal 28/12/2016

Bom, inteligente, mas não foi o melhor
A leitura é fácil e gostosa; dá pra ver que o autor segue a tendência da época de se utilizar da literatura como entretenimento (tanto é que o autor se dirige diretamente à leitora ou leitor em diversas passagens). Também é muito inteligente, na medida em que fica clara a sátira ao romantismo e até mesmo ao parnasianismo - tanto pelo estilo do romance quanto pelo vocabulário e alegorias empregados. Mas justamente o enfoque na satirização dos outros movimentos literários que tornam a obra um tanto sem graça - ao menos na minha opinião. Para um autor tão renomado poderíamos esperar mais. Por fim, acho que a ideia de utilizar o mito bíblico de Esaú e Jacó foi uma boa pegada, mas deveria ter sido melhor explorada.
comentários(0)comente



Daniel 28/11/2016

Esaú e Jacó: Dualidade Conflitante
Machado de Assis, ao longo de sua obra, nunca deixou de tocar em questões de cunho social, de forma profunda e ironicamente mordaz. É na narrativa de Esaú e Jacó, entretanto, que o Bruxo do Cosme Velho vai fundo na crítica à conformação política do país, denunciando o jogo de interesses que antecederam a proclamação da república no Brasil. O que é mais significativo em sua obra é a maneira como consegue, explorando essa divergência política aparente, transcender a crítica simplesmente política. Consegue assim, chegar ao trato estético da questão dos dualismos falsamente contraditórios, mas que não passam de aparência. No livro, o autor trata também, de forma muito sutil, do conflito entre fé, ciência e religião, em voga no início do século. Na época, as descobertas da ciência experimental, o advento do materialismo e a redefinição do homem acabaram causando uma sensação de desencantamento, instaurando um ceticismo desesperado.
comentários(0)comente



Thiago275 01/08/2016

Que os segredos, amiga minha, também são gente; nascem, vivem e morrem.
Machado de Assis é Machado de Assis. Sempre foi e será o maior nome da literatura brasileira. E esse livro, apesar de não ser o mais badalado dele, prova isso de maneira cabal.
Embora a trama seja aparentemente simples (a história de dois irmãos gêmeos, Pedro e Paulo, que são rivais desde o ventre materno, discordam de tudo, e acabam se apaixonando pela mesma mulher, o que só aumenta a rivalidade entre eles), Machado consegue transformá-la em uma excelente análise da natureza humana.
O narrador da história é o melhor do livro. Ele não se limita a narrar os acontecimentos. Ele conversa com o leitor, ele se corrige, ele procura o melhor jeito de transformar as ações em palavras, ele remete o leitor para outro livro (Memorial de Aires), enfim, mais do que um simples narrador, é um amigo que fazemos e que vai nos orientando e nos conduzindo entre os ambientes e os personagens. Ele tem o condão de transformar os acontecimentos mais comuns, como um velório, um jantar ou uma posse de Deputado em frases e parágrafos inesquecíveis.
Interessante notar que a história se passa bem na época da Proclamação da República, época de transição, em que ninguém sabia direito no que ia desaguar toda a agitação política. E Machado, como não poderia deixar de ser, nos brinda com uma visão ácida do período, mostrando como as elites da sociedade não demonstravam realmente condolências pela pessoa do Imperador ou pela ideologia da Monarquia, mas sim uma apreensão de como poderiam tirar proveito do novo regime, mantendo os mesmos e antigos privilégios. Monarquistas convictos transformavam-se em Republicanos ferrenhos.
E, mostrando sua verve realista e não-romântica, Machado conduz a um final que demonstra que, a despeito de promessas feitas, o caráter do ser humano não muda conforme a vontade.
Sobre a edição da Saraiva de Bolso, texto integral, preço excelente, páginas amareladas, gramatura boa, um ótimo custo benefício.
comentários(0)comente



280 encontrados | exibindo 211 a 226
1 | 2 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR