Conça 09/08/2022
Minhas impressões, opniões e sentimentos?
Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 ? Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores o maior nome da literatura brasileira. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Testemunhou a Abolição da escravatura e a mudança política no país quando a República substituiu o Império, além das mais diversas reviravoltas pelo mundo em finais do século XIX e início do XX, tendo sido grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.
Apesar de amar os clássicos, ler Machado de Assis é um dos meus maiores desafios, maior ainda, é descrever os sentimentos pós leitura. Não me sinto nem um pouco confortável, e, menos ainda, capaz de falar sobre a linguagem, estrutura do texto e o poder de sua narrativa. Essa parte deixo sob o encargo dos de fato eruditos ou para aqueles que se sente ou pensam que o são.
Esaú e Jacó é o penúltimo livro de Machado de Assis, lançado em 1904, quatro anos antes da sua morte, pela Garnier, e, segundo a maioria dos críticos, em pleno apogeu literário, depois de escrever, em 1899, Dom Casmurro, o mais célebre de seus livros. Esaú e Jacó se destaca por consolidar esta suave maestria no domínio da narrativa. Machado despoja-se da excentricidade ocasional num texto que abandona resquícios do picaresco e envereda num realismo que retoma a melancolia e o lirismo que se iniciara na primeira fase de sua produção literária. Destaque são os personagens muito próximos da vida real.
Uma narrativa complexa e profunda, ao mesmo tempo, envolvente e surpreendente a forma como é abordado o assunto polêmico da época. O personagem é o narrador e se apresenta na terceira pessoa em alguns trechos da narrativa, e é somente com as dicas da própria estrutura do texto e o olhar atento do leitor para perceber essa dinâmica. Confesso que fiquei confusa nos primeiros capítulos, essa é a verdadeira mágica do estimado Machado.
Uma obra fascinante e ambígua vista através desse tabuleiro de xadrez com o nascimento dos gêmeos e sua disputa desde do ventre até o amor pela mesma mulher, e, provavelmente por toda uma eternidade, ainda oportuniza o leitor a desfrutar da política do século 19 e abolição da escravatura. Atrelado a tudo isso, Machado dá uma maestria ao tom metafórico e irônico ao longo de todo o romance, que, para um leitor limitado como eu, não explora tudo que o autor deseja, não tenho uma sequer dúvida sobre isso, mas, ao mesmo tempo, me sinto uma estrela tendo o contato com a obra e com o pouco que consegui extrair da mesma.