Luiza Helena (@balaiodebabados) 27/10/2020Originalmente postada em https://www.balaiodebabados.com.br/"A esperança é mais forte que o medo. É mais forte que o ódio."
Eis que finalmente, depois de esquecido no churrasco, temos Um Assassino nos Portões entre nós. Assim como Uma Tocha na Escuridão, essa continuação manteve o nível da história e com um baita gancho para o livro final da série.
Assim como no anterior, aqui continuamos com a narração alternada entre Laia, Elias e Helene. Com cada um em uma local do Império e com seus objetivos, temos uma visão bem ampla de tudo que está acontecendo. Helene ainda está tentando driblar e sobreviver à política que rege todo o Império. Laia está atrás de ajuda para derrotar o Portador da Noite. E Elias está tentando entender e aceitar sua nova condição de Apanhador de Almas.
Laia é o grande destaque desse livro. Enquanto no primeiro vemos sua evolução e no segundo ela meio que regrediu, aqui vemos a coragem, força e garra que ela encontrou lá em Uma Chama Entre as Cinzas. Ficamos sabendo um pouco do passado de sua família, principalmente de sua mãe, que foi líder da Resistência. Mesmo não querendo agora é Laia que está com esse papel e ela não hesita em querer salvar o seu povo dos maus-tratos dos Marciais e dos planos do Portador da Noite.
Já Elias, bem... o ex-Máscara e agora Apanhador de Almas é um personagem com uma personalidade constante até agora. Vamos acompanhar a sua briga interna em aceitar completamente sua nova função. São em seus capítulos que aprendemos também sobre o passado do Portador da Noite, sua ligação com os jinns e o que de fato é o dever do Apanhador de Almas. Ao longo do livro, vemos Elias passar por uma grande transformação, afetando sua relação com Laia e outras pessoas queridas.
"Estranho como monstros podem nos alcançar do além-túmulo, tão potentes como eram em vida."
Da parte da política, continuamos seguindo Helene. Seus capítulos são cheios de lógicas e ação, mas infelizmente a Águia de Sangue tomou tanta decisão errada que é um milagre ela ter terminado o livro viva. Helene é sim uma personagem inteligente e astuta, quando se trata da diabo encarnado da Comandante, ela está sempre um pé atrás de todas as suas ações. Assim como o Portador da Noite, a Comandante é também uma grande vilã nessa história e também conhecemos um pouco mais do seu passado e, diferente do Portador, seus planos para o Império ainda continuam um baita mistério.
O livro é dividido em cinco partes e é iniciado e finalizado com a narração do Portador. Gostei desse insight na mente do personagem. Um ponto que poderia ter sido melhor explorado foi toda a situação na parte quatro, envolvendo a invasão de inimigos na capital do Império. Senti que a Sabaa correu um pouco em algumas cenas, mas nem por isso elas deixam de ser angustiantes.
"Primeiro você será desfeita. Primeiro, será destruída."
Em relação aos personagens secundários, gostei do foco que a Sabaa deu aos em relação a Helene. Livia se destaca entre todos por ser uma personagem que aguenta de tudo, mas na esperança de um futuro melhor e de preferência sem o embuste do Marcus presente nele. Harper que não começou com um pé direito com Helene conseguiu conquistar a confiança dela (e não parou por aí). Aqui somos apresentados a Musa, um personagem bastante misterioso mas que parece ser de grande ajuda na causa de Laia.
"Precisar de proteção não é fraqueza, mas se recusar a confiar nos seus aliados é."
Por mais que eu tenha favoritado esse livro, um ponto que me incomoda não só aqui mas em toda a série é a questão do romance entre Laia e Elias - no caso, a falta de um desenvolvimento maior dele. Por mais que eu saiba que o romance não é o foco aqui, goste dos dois juntos, que eles possuem uma boa química e realmente convencem como um casal, eu sinto falta de ver esse desenvolvimento como casal, já que tanto no livro anterior quanto nesse eles passam a duração da história separados. É quase uma situação de instalove, exceto pelo fato que sabemos que eles realmente tiveram um tempo para desenvolver o sentimento, como é insinuado no início desse livro, mas fica somente disso; somente dizer mas não mostrar. Porém, ao final desse livro e o que Sabaa reservou tanto pra Laia e Elias, foi até bom mesmo não se apegar tanto ao romance.
Os três últimos capítulos já deixam no ar o que podemos esperar da conclusão. Por mais que eu tenha adiado a leitura dessa série e mesmo com as minhas ressalvas, eu sabia que a história contada aqui pela Sabaa não me decepcionaria. A Sky Beyond the Storm tem lançamento internacional marcado para o início de dezembro desse ano e pela Verus, no início de 2021.
"Lembre-se de que o destino nunca é o que achamos que será."
site:
https://www.balaiodebabados.com.br/2020/10/resenha-598-a-reaper-at-the-gates.html