Amanda 29/11/2021
"o que são os mortos, afinal, exceto ondas e energia?"
A história secreta é dita pelo ponto de vista de Richard Papen; um californiano que não enxerga perspectiva de vida na sua cidade natal ao lado do pai e mãe. Depois de algumas burocracias, entra em uma universidade e já na universidade escolhe estudar grego com uma turma fechada de cinco alunos. Os seis entram em situações complicadas e criam uma rede de mentiras e suspeitas entre eles. No pequeno resumo do google, encontra-se a seguinte frase sobre o livro:
“Uma obra cujos temas são cumplicidade e decepção, inocência e corrupção moral, responsabilidade e culpa.”
Li a história secreta por indicação de um amigo, e pra ser sincera, não sabia muito do que se tratava. Na verdade, sabia apenas que essa rede de mentiras e questões morais eram concretizadas por um assassinato – fato que é apresentado nas primeiras paginas do livro. Ao decorrer da narrativa, percebi que questionei minhas ações e o que de fato era certo e errado. Richard (Dona Tartt) envolve o leitor nesses questionamentos porque também os faz, e quando achamos que a situação não era tão ruim assim, ele vem e nos mostra que sim, é ruim e que nos torna miserável.
O interessante desse livro é que a analise dos personagens importa muito mais que o ocorrido. São pessoas loucas, questionáveis, mas que, de alguma forma, te familiarizam a elas.
Não gosto dos personagens, mas me apeguei a eles.
As discussões que envolvem grego não ocupam tanto espaço no livro, mas eu acredito que a leitura seria enfadonha se ocupassem. Outro quesito é que sim, a Donna Tartt escreve algumas situações que não agregam pra desenvoltura da história, mas me senti assim em poucos momentos e não deixei de amar a leitura por isso.
“É fácil perceber por que os romanos, no geral muito tolerantes com
as religiões estrangeiras, perseguiram impiedosamente os cristãos. Absurdo
pensar que um criminoso comum teria ressuscitado dos mortos, e mais absurdo ainda que seus seguidores o adorassem bebendo seu sangue. Por ser ilógico,
isso os apavorava, e fizeram de tudo para esmagar tal fé. No fundo, penso que tomaram medidas tão drásticas porque essa religião não só os assustava, como
os atraía terrivelmente. Os pragmáticos mostram-se com frequência supersticiosos.”
Que experiência incrível, que prazer em ler essa obra! Indico demais