Karlan.Yury 13/08/2019
Informações curiosas, mas coberto de revisionismo histórico e vocabulário um tanto infantil.
Antes de mais nada, é preciso compreender quem escrevera a obra: Nikolai Tolstoy, descendente da aristocracia russa, datada do império czarista; logo, é evidente que a obra será fortemente enviesada.
Acredito que o ponto alto do livro seja a descrição dos gulags e a repatriação forçada, segundo a obra, milhões de pessoas. Apesar disso, não é uma obra que eu utilizaria em um trabalho científico, considerando o amontoado de revisionismo, deturpações e infantilidade verbal contida no livro. Como por exemplo:
1 - Alegações extremamente pesadas, sobre estupros por parte de membros do politburo, sem quaisquer fonte registrada;
2 - Pintores supostamente fuzilados por "não pintarem direito";
3 - Cita inúmeras "casas de Stálin", sendo que quando da data de sua morte, fontes afirmam que ele tinha sete peças de roupa, dois trajes militares, apenas um par de botas velhas e 900 rublos no banco;
4 - Utiliza "boato stalinista" para difamar Trotsky. No caso, boato bom é boato que eu concordo;
5 - Na página 84, o autor concorda que a URSS buscara combater o nazismo desde 1933, por meio de alianças com o ocidente. No entanto, ao decorrer da obra, parece se perder na narrativa, chegando ao ponto de, na página 350, sugerir que Stálin nunca buscou auxílio;
6 - Mesmo com o relato de Churchill ter mencionado a necessidade do Reino Unido ter se aliado antes à URSS (p. 102), o autor parece achar isso um absurdo;
7 - O autor parece achar aceitável as negociações do ocidente, seja por meio de transnacionais (BIS, Coca-Cola, GM, Ford, etc) ou pactos (vide o Acordo de Munique, o Pacto Alemão-Polonês), enquanto demoniza o pacto de não agressão Germano-Soviético (por pura birra ideológica);
8 - O autor não tem nem vergonha de dizer que Hitler respeitava o bolchevismo (p.117-118). Qualquer um que leu "Mein Kampf" riu dessa afirmação;
9 - A todo momento, o socialismo-soviético é tratado como a única ideologia que tentava alastrar-se pelo mundo, esquecendo totalmente o papel dos EUA enquanto influenciador de metade do mundo, através de seu "American Dream" e o Macarthismo barato (que permeia esse escrito);
10 - O autor finge não compreender o conceitos básicos do Leninismo, em especial na página 154, onde tenta culpabilizar o PC francês pela tomada de Paris dos nazistas [...];
11 - Na página 334 o autor uma visão extremamente homofóbica, sugerindo que o socialismo-soviético era um antro de "pervertidos sexuais", por representarem uma contracultura - além de afirmar que, assim como o nazismo, o bolchevismo teria um suposto sex appeal para essa parcela da população por conta do autoritarismo e estética.
12 - O autor afirma que a economia soviética sempre foi um "fiasco" (p. 336), esquecendo da década de 30 e que, debitadas as guerras, a Rússia foi o país que mais rápido se industrializou no mundo.
13 - O autor é claramente Pró-Macarthismo e o binarismo imbecilizante, exposto na página 339.
14 - A obra tenta a todo momento desmoralizar a vitória soviética em cima do nazismo, além de não compreender suas divergências, tentando atribuir os méritos ao Reino Unido e EUA.
15 - O autor utiliza termos completamente infantis, como "feioso ditador" [...] faltando apenas usar "boboca" ou "cara de mamão".
Enfim, entre uma variedade de afirmações absurdas e que carecem de fontes, dou nota 2, mas só porque gastei apenas R$ 5 com ele.