Canoff 12/05/2023
Como NÃO CRIAR meninas. (Há SPOILER!)
Não faço ideia de onde começar a falar sobre esse livro. Muitas coisas foram ditas, encontrei várias incongruências, informações falsas, posicionamentos asquerosos e perturbadores. Enquanto lia, fui buscar a formação acadêmica da autora e percebi que ela é psicóloga. Sinceramente, não sei o que foi passado a essa mulher, mas ela tem a mente totalmente deturpada, ou melhor, seu caráter é duvidoso. Não consigo encontrar outra justificativa para o que foi dito nesse livro, senão a falta de caráter.
A autora tinha toda capacidade do mundo para escrever um livro que revolucionasse o aspecto educacional de meninos e meninas. Quando se torna possível entender as diferenças entre meninos e meninas nos aspectos biológicos, fisiológicos, psicológicos e comportamentais, tudo fica mais fácil, pois os pais conseguem entender certos comportamentos de seus filhos e, com isso, podem agir com assertividade. Entretanto, a autora quis chafurdar a obra com achismos e opiniões extremamente duvidosas e, muitas vezes, até criminosas.
O livro poderia ser usado até como base para cursos nas áreas de educação infantil, mas ela negligenciou inúmeros assuntos indispensáveis a um livro que aborda o comportamento feminino desde o momento da concepção. Assuntos como feminilidade, segurança, modéstia e outros pontos são de grande valor, mas foram deixados de lado. A negligência desses pontos resultarão em meninas deslocadas de seus propósitos de vida. Basicamente, os pais criarão meninas à deriva e isso pode ocasionar prejuízos irreversíveis ao desenvolvimento social das crianças.
Também devo dedicar um parágrafo desta resenha aos absurdos ditos pela autora. O livro é de fácil leitura, mas há pontos em que ela solta umas opiniões totalmente deslocadas e perigosas. Além de desinformar, ela diz coisas que, se colocadas em prática, colocariam não só a menina, mas todos em perigo. Poderia citar inúmeras incongruências, mas me atentarei aos pontos mais anormais encontrados, como, por exemplo:
a) Meninas precisam ser imersas desde cedo em tarefas domésticas, pois isso ajudará no desenvolvimento psicomotor delas. Nesse caso, é totalmente louvável colocá-las em frente ao fogão;
b) É extremamente natural que os pais sintam atração sexual por suas filhas no momento do banho, pois o pai seria facilmente provocado pela nudez da filha;
c) A autora diz que as meninas nascem com uma capacidade persuasiva nata e que elas muitas vezes usam para "provocarem e conquistarem" o pai. É o papel do pai manter a distância e estabelecer limites aos carinhos "específicos" da filha;
d) É de suma importância que os pais deixem suas filhas se tocarem, pois isso faz parte do descobrimento corporal delas. Não é necessário refletir muito para reconhecer os problemas dessa pauta, pois se a menina se masturba de forma desenfreada, ela condicionará o cérebro a pensar que aquilo é normal e isso resultará em masturbações em lugares públicos, incluindo a escola. Isso, quando direcionado aos meninos, já é muito perigoso, imagine com meninas. Ainda mais com o que foi dito pela autora a respeito da atração do pai pela filha. Sabendo que a maioria dos estupros acontece no ambiente familiar, dizer isso é colocar um alvo nas costas das meninas, pois elas acharão que aquilo é normal, já que os pais nunca a proibiram de se tocar.
Livros como esse necessitam ser respaldados em feminilidade. Ela conseguiria reduzir todos os ensinamentos (positivos) à implementação da feminilidade, pois todos os bons conselhos são coisas naturais às mulheres. Podemos notar que muitas mulheres criaram suas filhas de forma invejável sem precisar de instrução de ninguém, e isso deve ser atribuído à implementação da feminilidade e da moral e bons costumes. As meninas, quando possuem uma boa referência materna, tendem a seguir à risca, pois toda menina anseia por crescer e se equiparar às mulheres que a permeiam (mãe, avós, tias). Não é necessário muito para instruir de forma satisfatória as meninas.
O livro, claro, não possui somente ensinamentos duvidosos. A autora aborda assuntos pertinentes à criação de filhos, especificamente meninas. Em certo capítulo, são tratados os distúrbios psíquicos que assolam as crianças. Distúrbios como anorexia, bulimia e depressão são listados pela autora como uma das causas de problemas mais sérios e até mesmo de suicídio por parte dos jovens. Entretanto, há tanta baboseira e posicionamentos ridículos que não podemos afirmar que o livro instrua os pais em qualquer aspecto na criação de suas filhas. Um ponto extremamente curioso é que a autora menciona que sua filha saiu de casa aos 16 anos e foi morar sozinha por achá-la supérflua. Essa mesma mulher escreveu um livro que foi elogiado por muitas mulheres. Ela foi chamada de supérflua pela própria filha e quer ensinar aos pais como educarem seus filhos.