Nati Sampaio 08/11/2024
Que livro, meus amigos!
Essa obra magnífica consegue abordar tanta coisa, que nem sei por onde começar.
Mas vamos lá. O livro é contado em formato de diário, coisa que era muito comum na época. Um rapaz encontra o diário do seu tio, e dessa forma é contada o livro, através de memórias - contadas em 1a pessoa - desse diário. Tudo começa quando Pendrick sobrevive a um naufrágio. Fica dias à deriva, até que é resgatado por outro navio, e posteriormente abandonado em uma ilha.
Essa ilha, por sua vez, é cheia de mistérios. Há criaturas muito estranhas por lá.
Ao ler esse livro, temos que levar em consideração que HG Wells era um estudioso, estudou biologia, e em suas obras, se baseava em ciência e especulações baseadas em ciência. Ele também era uma pessoa muito engajada politicamente, e tinha opiniões um tanto polêmicas para a época em que viveu.
Pois bem. Nesse livro, ele aborda muitos aspectos, como: até onde podemos ir em nome da ciência? Onde fica o limite do conhecimento, para preservar o objeto de estudo? Onde colocamos a ética na ciência? Porque algumas ?raças? (ou espécies) podem sofrer mais que outras?
Ele questiona esse brincar de Deus na ciência, questiona de forma indireta a supremacia branca - como que por tantos anos justificamos a escravidão com argumentos rasos por considerarmos outras cores de pele categorias inferiores de pessoas? Como isso pode ter sido aceito?
Ele questiona também a religião, a obediência cega que ela impõe. Quando por exemplo os animais obedecem às regras, tem um ?mestre? e jamais questionam as ordens.
É um livro que só há personagens homens, o que achei curioso. Como se as mulheres não fossem capazes de tamanhas atrocidades, e a maldade estivesse mais atrelada ao gênero masculino.
O autor foi um gênio ao criar uma obra tão verdadeiramente assustadora, sem colocar nada de sobrenatural e nem mesmo de terror propriamente dito, mas que nos deixa horrorizados durante toda a leitura, trazendo também questionamentos importantes - e ainda muito atuais.