favplacecth 03/01/2024
De 0 a 100.
Brilhante!
Depois de ler ?memórias de subsolo? fiquei obcecada pelo Fiodor. Essa biografia é de longe uma das melhores que já li.
Mostra de uma forma imparcial a genialidade e as nuances de um gênio maluco é contraditório.
Dostoiévski foi muitas personalidades em uma só, desde seus posicionamentos políticos a sua forma de amar.
De preso político a queridinho do Estado. Quem lutou para se casar com a sua primeira mulher mas a deixou sozinha por muito tempo ao homem que se apaixonou por Anna e se mostrou o homem mais apaixonado. O último romântico.
Foi incrível conhecer sobre seus processos criativos e até as referências das obras. Entender um pouquinho como sua mente funcionava enquanto criava cada um dos livros que tanto quero ler.
Ao mesmo tempo que me peguei admirando Fiodor em algumas passagens, também me senti chateada em vê-lo se ?perder? politicamente.
Um dos pontos que mais me
pegaram foi concluir (o que pode estar certo ou não) que muitas de suas afirmações políticas partiram e sua fé ?inabalável? na pátria, na família e na ortodoxia vinha de um lugar de medo e muita dor, após sua condenação. O fato dele nunca realmente se distanciar dos ?liberais?, suas cartas contraditórias em relação ao movimento de revolução e até sua admiração por alguns deles, me faz pensar que Dostoiévski ?dançou conforme a música?. Na minha interpretação dos fatos, suas crenças sempre seguiram firme na revolução, mas por saber os grandes problemas que isso poderia causar, na sua vida e arte, preferiu o caminho ?mais fácil?, que mesmo assim, não foi tão fácil assim. Mesmo aceitando o Estado e a pátria e ?negando? seus ex-companheiros revolucionários, houveram dificuldades, que poderiam ser pior se seguisse pelo caminho que quase o levou a execução. Enfim, talvez minha interpretação esteja deturpada por uma admiração ao homem que acredito que ele poderia ter sido, senão tivesse passado pela pena da execução.