@fabio_entre.livros 18/07/2024
Revelações
Esta edição traz dois momentos que são aguardados desde o primeiro volume: o encontro de Guts com os God Hand e o início da famosa e traumática Era de Ouro, que começa narrando a vida pregressa do protagonista desde suas origens.
O segundo volume termina com o confronto definitivo contra o Conde, que assumiu sua verdadeira forma de Apóstolo e estava levando a melhor sobre Guts. Ocorre então uma reviravolta e, graças ao Behelit (o objeto oval que funciona como chave para outra dimensão), tanto Guts quanto Puck, o Conde e Terezia (a filha do Conde) são transportados à presença dos God Hand. Para Guts, o que ocorre em seguida é um déjà-vu: eles propõem um sacrifício.
Aqui eu destaco dois pontos: primeiro, a concepção visual dos God Hand, que têm aparências monstruosas, mas muito distintas e parecem vagamente inspirados nos Cenobitas de Clive Barker. Em segundo lugar, a forma como Miura apresenta a ideia do sacrifício é muito interessante: uma vez que o sacrifício representa a ruptura com a humanidade do indivíduo, é preciso que ele tenha um forte vínculo emotivo com a "oferenda", para então abrir mão dela. Essa informação não é gratuita; ela terá grande peso nos desdobramentos do clímax do arco da Era de Ouro.
E, por falar em Era de Ouro, finalmente temos a oportunidade de acompanhar os primeiros anos de vida de Guts; encontrado recém-nascido em circunstâncias trágicas por um bando de mercenários, ele vivencia desde cedo os horrores e a brutalidade de que os homens são capazes. Destaca-se aqui a figura de Gambino, o líder do bando, que Guts aprende a ver como uma espécie de figura paterna, embora fique cada vez mais claro para nós, leitores, que ele não tem nenhum sentimento de afeição pelo garoto. Para não restar dúvida do caráter de Gambino, Miura entrega um desfecho revoltante neste volume. Mais uma vez somos lembrados de que a inocência não têm espaço no mundo de "Berserk".