Aline 06/06/2023
Um clássico, impossível de ser resumido.
"Em tempos de paz, os filhos enterram seus pais. Em tempos de guerra, os pais enterram seus filhos." [ou algo assim]
Não sem razão, temos aqui um exímio clássico da literatura. Confesso que quando iniciei a leitura ~ com um certo medo do calhamaço que me esperava ~ sabia muito pouco do livro. Claro, imaginei que teríamos algumas descrições de batalhas, mas nada como as descrições e narrações de Tolstói sobre as guerras napoleônicas e seu avanço sobre a Rússia. Como tudo começou, como aliados russos se tornaram inimigos e auxiliaram a invasão. O que fazer depois que se vence uma batalha, a guerra; o inimigo deve ser perseguido? Até quando?
Eu realmente nunca havia pensado que, mesmo durante a guerra, o resto do mundo continua funcionando... Pois é, e não apenas em outros países, mas no próprio país que está em guerra, as pessoas continuam com sua vida. Sim, existe vida e rotina concomitantemente com a guerra. Neste caso, Tolstói mostrou a nobreza russa, com suas relações, festas, saraus, casamentos... tudo continua mesmo em meio à guerra.
Além desta realidade, Tolstói mostrou também os conflitos internos de muitos, aqueles pensamentos comuns ao ser humano e ainda assim vergonhosos ~ como a traição, vista por ângulos diferentes, a morte de um pai e a busca pelo sentido da vida e seu propósito. E, por essa razão, Guerra e Paz é, sem dúvidas, um clássico da literatura mundial. E, como tal, atemporal e apátrida.
Mas, ainda assim, se trata de literatura russa, vinculada a seus costumes e regras não ditas. É comum que o leitor muitas vezes confunda os nomes dos personagens e localizações territoriais (afinal, o autor entrelaça momentos e batalha com acontecimentos sociais).
Sinceramente?! Recomendo a leitura. Mas, prepare-se pra ela; leis devagar, com calma e atenção. É um livro riquíssimo que, a meu ver, não deve ser devorado, mas apreciado.