Guerra e Paz

Guerra e Paz Leon Tolstói




Resenhas - Guerra e Paz


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Karolline.Campos 28/03/2024

Fev/2024
Uma obra realmente incrível e que justifica seu lugar como clássico.

Infelizmente por conta da alta demanda do trabalho precisei concluir o volume dois de maneira muito espaçada, então é difícil sair detalhando o tanto de coisa que me chamou a atenção.

Confesso que o destino de alguns personagens não me agradou muito. Mas no geral, isso tem mais a ver com a afinidade que desenvolvi com alguns deles do que com a qualidade da obra.

Esse é um livro que eu super indicaria. Na verdade, o tamanho dele não deveria ser um empecilho, já que o enredo envolve o leitor de um jeito que nem se sente que tá lendo o tanto que tá lendo.
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Mari 10/03/2024

Clássico é classico
Pq demorei tanto??? Livro ótimo! Estranhei um pouco os nomes, apelidos e o fato de todo mundo ser príncipe.
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snoopyievski 06/03/2024

Que livro gigante (em todos os sentidos)
Nem acredito que cheguei até aqui. Não porque tenha sido torturante, como se o conteúdo fosse cansativo somando pela quantidade de páginas, mas por achar que a obra seria monstruosamente grande e me engoliria antes de eu terminar. Minha experiência com Guerra e Paz foi muito íntima e pessoal desde a página 1, ela envolveu a minha relação com a faculdade, comigo mesma e com a minha percepção sobre coisas que eu ainda não consigo delimitar exatamente o que são.

Pra começar, acho importante dizer que Tolstói descreve, relata, caracteriza tão bem os integrantes de uma família e sua convivência, como passam pelas dificuldades e alegrias juntos, seus costumes, tudo de uma forma tão intimista e cuidadosamente realista que me sinto uma Rostóva agora. É como se Natacha fosse a irmã que vi crescer, com quem briguei pelas escolhas imprudentes e com quem chorei junto.
Aliás, é a primeira vez que choro lendo um livro. Isso só pode ser muito especial!

Um conhecido me disse, quando soube que eu estava lendo Guerra e Paz, que era um clássico com final feliz. Em partes, discordo profundamente com ele. Não vi final feliz aqui, mas vi um final realista. Em muitas partes, sobre muitos personagens, seus finais me agradaram, mas eu não diria que é especificamente feliz. O final é, observando pela lógica dos desenvolvimentos e desfechos dos personagens, realista, imperfeito, doloroso misturado com as felicidades que a vida também traz com a dor, espiritualmente esclarecedor (Pierre, particularmente, não poderia ter tido um desfecho melhor, apesar de algumas críticas pessoais minhas) e parece retratar exatamente o desenrolar de uma família que se ramifica para a criação de outras mais. Uma familiaridade, uma intimidade que se cria a partir de relações que vão surgindo junto do desenrolar de outros acontecimentos paralelos que você não controla e que mostra, justamente, que a liberdade que achamos que temos, a consciência e responsabilidade de seguir os planos que traçamos baseados no nosso senso de certo, de justiça etc, são apenas detalhes facilmente corrigíveis a algo muito maior que nem imaginamos que aconteceu, acontece e vai continuar acontecendo. Enquanto isso, nos deixamos ser acontecidos pelo entorno.
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JSGuedes 24/02/2024

Excepcional
Experiência muito boa, mas exige paciência, em alguns momentos é um pouco cansativo (principalmente o última parte do epílogo), porém vale muito a pena.
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Biblioteca Álvaro Guerra 21/02/2024

Poucos numerosos são na história literária os escritores , cuja via no seu patético e no seu conflito entre realidade e ideal, tenha sido tão :intensamente ela própria massa para realização
artística como a desse nobre russo Leão Nicoláievitch Tolstói que figura, com justiça , entre os maiores romancistas da literatura mundial .


site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/8531900433
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Karolline.Campos 16/02/2024

Fev/2024
É difícil ler um clássico e discorrer sobre ele quando já é unânime a sua inesgotável possibilidade de interpretação, de análise.

Essa é minha segunda/terceira obra do Tolstói e como muitos autores de meados do século XIX, a narrativa consegue ser simples e avassaladora ao mesmo tempo.

Mesmo com um número alto de personagens, nos sentimos instigados e completamente envolvidos a cada uma daquelas vidas em amadurecimento, em reflexão, em êxtase e em agonia.

Ainda não sei onde as histórias dos personagens vai nos levar ? ainda me restam alguns tomos para concluir a obra já que a Cia das Letras dividiu Guerra e Paz em dois livros.

Mas, sem dúvida, até aqui, o que mais chamou a minha atenção foi como Tolstói consegue expressar bem o funcionamento das amarras das convenções sociais.

É muito interessante conseguir perceber em escritos de outro tempo histórico permanências de experiências sociopsicologicas sobre como vemos a nós mesmos e sobre como queremos que os outros nos vejam.

Se aprende muito sobre qualquer coisa lendo. O meu conselho para a leitura desse livro é: preste muita atenção em cada personagem e no desenvolvimento da personalidade deles ao longo do tempo. Daí se tira muita coisa incrível.
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Pedro.Inocente 12/02/2024

Um grande livro
No geral foi uma experiência muito boa ler Guerra e Paz, e com certeza eu considero um livro importante e bom, único problema ao meu ver é que não é uma obra prima como alguns aí dizem, há obras clássicas melhores tanto na Literatura russa como de um modo geral, tirando esse fator, com certeza é uma obra que eu recomendaria, apesar de extensa!
JosA.Bertozzi 06/03/2024minha estante
oi tudo bem, primeiramente, gostei de ouvir sua opinião sobre o livro! mas também queria saber sobre essa edição dele, vc acha que é boa? Ou recomenda comprar outra, talvez da cia das letras que é mais consolidada? Obrigado!


Pedro.Inocente 08/03/2024minha estante
Olá amigo, tudo bem?
Quanto a tradução eu achei de excelente qualidade, é em Português de Portugal, pelo Casal Guerra(Nina e Filipe Guerra), mas super de boa de entender(tanto que se eu não visse que eram portugueses eu nem teria reparado), mas é uma edição que tem muitas notas, não sei como você lida com isso, mas eu me perco bastante quando o livro é assim, agora se você não se incomoda, vai na fé! ?

PS: Não sei se a edição da Cia das Letras é boa, não pesquisei muito sobre?mas quanto a do Clube de Literatura eu recomendo!


Pedro.Inocente 08/03/2024minha estante
Ah, e esqueci de comentar, mas o projeto gráfico, que é do Vicente Pessôa(assim como todos do Clube de Literatura Clássica) é impecável, as ilustrações são bem bonitas, a capa é de tecido, tem mapa explicando as batalhas, tem guia de personagens no livro, e achei a diagramação dessa edição muito boa!!!




JSGuedes 11/02/2024

Bom
Livro é só o primeiro volume de Guerra e Paz, mesmo assim é gigante, mas é uma leitura tranquila, leve, exceto por algumas partes lá pro final, a narrativa é muito fluida. Tolstoi consegue fazer os momentos mias simples parecerem essenciais para a história.
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Andreas.Caycedo 25/01/2024

O que é poder?
Finalmente acabei esse livro maior que a vida. Realmente um feito memorável, tem uns mil personagens e todos são memoráveis, ao mesmo tempo em que tece uma narrativa que explora as ações de indivíduos que realmente moldaram a história e que foram moldados pela mesma.

Aliás, a segunda parte do epílogo é praticamente um TCC sociológico. Muito bom, e levanta vários questionamentos
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Maria.Barreto 24/01/2024

Guerra e paz
Guerra e paz é um clássico extremamente interessante, contém romance,guerras,famílias, histórias, amor.
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Lisa 21/01/2024

Mestre das palavras
Prokliatie voprossi foi uma expressão russa popular na Rússia do século XIX, significando "Malditas questões" e se refere as questões últimas, ou seja, as grandes perguntas que atormentam o ser. Como poucos, Tolstói se dedicou desde jovem a tentar compreender e buscar respostas para elas. Podemos ver ao longo de toda a sua prosa sua fome por saber, "A Morte de Ivan Ilitch" sendo, talvez, o exemplo mais nítido e compacto disso. Assim sendo, Guerra e Paz não foge à regra, levantando durante toda a história questionamentos sobre o sentido da vida, do homem na terra com o tão querido, por mim, Príncipe Andrei. Com o não saber eterno do atrapalhado Pierre em como agir, em discernir o moral e entender o mundo.

Uma característica marcante do Tolstói é sua busca e gosto pelo conhecimento. Aqui vemos toda sua capacidade de pesquisa em ação, Guerra e Paz não nasceu como inicialmente seu autor pretendia. Tolstói queria narrar sobre o movimento dos Decembristas em 1825, mas incapaz de ser enxuto, quanto mais estudava, mais tinha a dizer, retrocedeu a 1812 somente para concluir que maior recuo seria preciso, e é 1805 que decide iniciar sua história. Que o nosso condinho estranho é prolixo disso o sabemos, que o faz bem, o sabemos ainda melhor. Mas em nenhuma outra obra, teve tanto a dizer como nessa.

Dividida em 4 tomos e 2 volumes a obra se inicia com os eventos que levaram a derrota colossal do Império russo pelas mãos das tropas napoleônicas, a famosa batalha de Austerlitz. Nesse começo, é possível notar porque Tolstói é O Tolstói. Sua prosa leve, que flui como música encanta, a facilidade com que insere personagens (500 personagens) e a habilidade de descrição são de assombrar. Mas acima de tudo, seu humor cínico é o que mais me conquista sempre.

Tolstói foi um grande crítico da alta sociedade, de suas ambições e superficialidades, mas para fazê-lo não ofende, briga, ou discursa, ao invés nos insere no dia a dia da nata, descortina seus atos, revela e insinua a função daqueles comportamentos e nos deixa enxergar com a clareza cristalina do espelho d'água que criou, toda a incongruência desse mundo. Pierre é o maior responsável por isso nesse início. "Agora, o que quer que ele falasse, tudo se revelava charmant", ele que a dias atrás era o bastardo gordo e que se antes inadequado e tolerado, ao amanhecer herdeiro, torna-se belo e apropriado.

Nenhum autor que conheço, critica seus personagens como Tolstoi, nenhum passa pano para os mesmos também. Se Helene é belíssima, com "o sorriso de uma mulher bela em tudo", Maria em seu extremo possuía aquele "rosto feio e lamentável"; Anatolie belíssimo com seus "olhos grandes e lindos" mas que "mal chegava a pensar" de tão oco; Hippolyte, coitado, além de "uma feiura chocante" tinha "o rosto ensombrecido por um idiotismo". Confesso que essas descrições, que o autor não nos deixa esquecer, me diverte até os dias de hoje.

No Volume II, a experiência que tive mudou e muito. Se na primeira parte estamos descobrindo que rumo o livro tomará, conhecendo os personagens e seus desenlaces, enquanto acompanhamos as aulas de história bélica, na segunda, vamos nos fatigando ao sentir não chegar a lugar algum. Os soliloquios do autor se exarcebam em frequências absurdas, sua opiniões ácidas e críticas a ciência e a respeitabilidade da história vão nos cansando a medida que o romance é jogado para escanteio.

É um fato que sou apaixonada pelo condinho, mas não sofre de amores cegos. Me vi concordando com a ruma de críticas que o romance recebeu por todos os lados, de seus colegas como o Turgueniev e Flaubert, a Bielinski e Botkin até especialistas e heróis de guerra. Apesar da vasta pesquisa, Tolstói é inexato, deturpa e altera fatos históricos, não por não compreender, ou por licença artística, mas sim, por puro proselitismo, por ideologia própria. Em sua própria concepção de certo e errado, falsifica detalhes históricos para fundamentar sua visão. Confesso que essa foi a minha maior decepção.

Nessa sede, deixa de desenvolver os arcos criados, deixando personagens mal aproveitados, acontecimentos importantes mencionados quase como notinhas de rodapé pelo caminho. Tolstói escreveu uma revisão histórica tendenciosa e enviesada, a escondendo ao criar arcos de personagens, chamando-o de Romance.
Por fim, como diz Botkin, o elemento intelectual é fraco, a filosofia é trivial e superficial, a negação é um amontoado de sutilezas místicas, "mas, afora isso, o dote artístico do autor é inquestionável." No fim, o
Tolstói sempre será O Tolstói, esse gigante da literatura, mestre dançarino da palavras, deleite de nossos olhos.
Fabio 26/01/2024minha estante
LIsa, que resenha imecavél!
Adorei!
Um da delicia poder ler sua resenha e relembrar um pouco dessa historia, que pra mim é minha favorita da vida!!!!


Lisa 26/01/2024minha estante
Ó sempre lisonjeada com seus elogios. Obrigado, Fabio. Quem bom que gostou mesmo com as críticas que teci ja que esse é o seu favorito. ??


Fabio 26/01/2024minha estante
Todas as críticas agregam, inclusive as negativas, e você foi bem ponderada ao relatar o que não gostou. Adorei a resenha!


Vagner.Trovo 11/03/2024minha estante
Olá, parabéns pela esplanação, e pela coragem de criticar. Parece que Tostoi é tão bajulado, que é proibido fazer uma leitura como essa desse livro. Concordo totalmente com seu ponto de vista. Também me incomodou não apresentar o que aconteceu com personagens relevantes como Anna Mikhailovna e Boris, Berg e Vera, Hippolyte e tantos outros.




gabrieus 11/01/2024

Sonho realizado ??
Lembro-me de quando eu era criança e ouvi falar desse livro pela primeira vez em um filme exibido na "Sessão da Tarde" na televisão da casa da minha avó. Sonhei por muito tempo com essa leitura, mas nunca consegui realizá-la. Primeiramente, foi porque eu não tinha esse livro e nem um celular para poder lê-lo em PDF (naquela época, eu nem sabia o que era internet!). Depois, quando ganhei um tablet da minha tia, um dos primeiros livros que procurei para ler foi "Guerra e Paz", mas como, aos 13 anos (a idade da Natasha), eu conseguiria lê-lo? Assustei-me com o tamanho, desisti e li outras coisas menores e mais simples.

Nove anos depois, peguei-o novamente e decidi tentar mais uma vez, tentar realizar esse sonho de criança, e me senti mesmo uma criança enquanto lia, com um sorriso bobo no rosto ao descobrir minha ingenuidade em relação a assuntos que nunca tinha parado para pensar antes. Este é o Tolstoi; ele filosofa e nos faz fazer o mesmo.

Por que Napoleão invadiu a Rússia? Por que a investida fracassou? Será que ele era um gênio mesmo? Será que nos contaram essa história direto? Afinal, o que é a história? Essas são algumas perguntas que Tolstoi, filósofo e historiador, tenta nos ajudar a refletir durante a leitura, fazendo uma crítica severa aos historiadores da época.

O outro Tolstoi, escritor, mas não menos filosófico ou historiador, nos presenteia com uma narrativa emocionante ambientada na aristocracia russa, cujas ideias, ídolos e até a própria língua francesa (e não o russo) eram predominantes. Esses russos, que à primeira vista parecem tão russos quanto os franceses, tentariam resistir à invasão de Napoleão Bonaparte.

Sob toda essa camada histórica, há diversos conflitos familiares e pessoais afetados por todo esse contexto social. A princesa Mária Bolkonski busca, por meio da religião e da abnegação, suportar a crueldade de seu pai e sua solidão. A pequena e encantadora Natasha está apaixonada por Boris, um ganancioso rapaz, e sua amiga Sônia sonha com o casamento com seu primo (irmão de Natasha) Nikolai, mas essa união não é bem vista pela sogra, por quem ela tem muita gratidão por tê-la recebido em seu teto.

Pierre, uma das personagens mais malucas que já vi, recebe a herança de um pai que desprezava e se torna um dos homens mais ricos de Moscou, mas isso não lhe trouxe alegrias, e sim mais infelicidade.

Tudo isso, história, política, filosofia e romance, forma esse caldo gostoso que é "Guerra e Paz".

Pois é. Isso não é um romance, mas gostei e recomendo experimentarem.
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JosA225 29/12/2023

Guerra e Paz
A Rússia enfrenta uma invasão de Napoleão Bonaparte mas a vida continua normal para o restante do povo até que a guerra chegue a todos. Tolstói nós apresenta um épico colossal.
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Roberta.Barbosa 28/12/2023

A minha impressão mais forte do livro é que entre guerra e paz o pior é o casamento , eu que torci pela formação dos casais no final queria que o destino deles tivesse sido outro , fiquei pensando se o melhor que pode se dizer sobre o casamento seria mesmo e viveram felizes para sempre.
Carolina 28/12/2023minha estante
Kkkkkkkk




Flávia Menezes 26/12/2023

O SABER É A SUBMISSÃO DA ESSÊNCIA DA VIDA ÀS LEIS DA RAZÃO.
?Guerra e Paz? é um romance histórico que foi escrito pelo autor russo Liev Tolstói, publicado no Russkii Vestnik, um periódico da época, entre os anos de 1885 e 1869, e é considerado uma das obras mais volumosas da história da literatura universal.

Narrando a história da Rússia à época de Napoleão Bonaparte (em especial, durante o período das guerras napoleônicas), o romance é dividido em 4 livros mais epílogo.

Quando vi essa parte final, do epílogo, eu fiquei me perguntando que tanto mais o autor tinha a dizer depois de tantas páginas. Mas ao encerrá-lo, foi como se uma trava ouvesse sido tirada dos meus olhos, me ajudando a enxergar tudo o que eu não havia enxergado até aqui com tanta clareza.

Foi quando percebi o motivo pelo qual eu sempre respondia com tanta convicção que, apesar de não ter tanta conexão com a história, algo me dizia que eu devia prosseguir até o final.

Referente a isso, só posso dizer que nunca foi teimosia, mas sempre foi sexto sentido!

Mas de fato durante a leitura do romance, nesta parte inicial de um Tolstói historiador, tirando alguns momentos em que seus personagens me impressionaram ou me tocaram de alguma forma, eu não consegui sentir todo este fascínio pela história, o qual eu via algumas pessoas falando sobre.

Claro que muito da minha dificuldade em mergulhar em toda a magnitude desta história, se deveu parte a uma inexperiência em Tolstói (eu certamente deveria ter lido mais livros pequenos dele, antes de iniciar essa leitura), e por pura ignorância mesmo (eu reconheço!) do contexto sócio-histórico da Rússia nesta época.

Mas apesar de conhecer meus entraves e limitações, durante a leitura havia essa pergunta que girava constantemente na minha mente, a qual eu não conseguia calar: ?O que o Tolstói está tentando me dizer com esta história?? Uma pergunta que, quanto mais eu me aproximava do final, mais eu desistia de vê-la respondida.

Isso até chegar no epílogo, que surgiu diante de mim não apenas respondendo a minha pergunta principal, mas também a uma série de outras questões que me acompanharam ao longo desses quatro meses e vinte e quatro dias de leitura (com uma sensação semelhante àquele famoso meme do Titanic: Já faz 84 anos!).

Antes de falar sobre esse epílogo, eu preciso dizer que Tolstói nos apresenta uma diversidade de personagens onde, enquanto alguns nos despertam empatia, já outros, nos farão sentir uma intensa repulsa, especialmente aqueles que refletem os pensamentos e atitudes da alta sociedade da época, e que não nos pouparão incômodos com seus comportamentos excessivamente fúteis e vazios.

Porém, entre esse ?amor e ódio?, esta história complexa e desenvolvida com uma presteza de detalhes que apenas um escritor-artista é capaz de conceber, ora estamos diante do ambiente de guerra e das suas inevitáveis fatalidades, ora estamos acompanhando a vida dos seus personagens, sentindo como o efeito da guerra os atinge e vai definindo seus destinos.

Confesso que por muitos momentos eu me sentia irremediavelmente entediada, em especial nas partes da guerra. E isso não acontecia por motivos dos detalhes das descrições, mas sim pela narrativa que assumia um tom muito diferente, de uma arrogância e frivolidade, tornando perceptível a diferença dos efeitos da guerra para aqueles que comandam, daqueles que estão diante da linha de frente.

Em outros momentos, o que muito me entediou, foram os constantes histerismos e futilidades das mulheres mais jovens, e da inconstância de atitudes por parte dos homens no que se refere aos compromissos que assumiam com essas jovens. Claro que existe um contexto de época, mas Tolstói potencializa cada característica para nos provocar, nos instigar?e de fato, reagimos!

Mas quanto a isso, o que aprendi com Tolstói em ?A morte de Ivan Ilitch? é que seus personagens são viscerais, e isso quer dizer que vão nos proporcionar incômodos porque suas atitudes mundanas nos levarão ao limite da paciência. Porém, não é disso que o nosso dia a dia é feito? De pessoas reais repletas de defeitos e mesquinharias que muitas vezes testam os nossos limites?

Apesar de toda a dose de realismo que compõe este trabalho tão minucioso e impecável, eu confesso que já não via a hora de chegar ao final. Mas quando veio o epílogo, consturando e explicando tudo, eu já não queria que acabasse tão cedo!

Abandonando a face do historiador, para nos apresentar um novo Tolstói, vestido como um exímio pensador e filósofo, as suas reflexões finais foram a cereja do bolo, mais parecendo um ?Memória do Subsolo? (do Dostoiévski) ao contrário: onde primeiro ele (Tolstói) nos conta a história, para depois nos levar a uma reflexão mais profunda da vida e do ser humano.

Nesta parte, era como se Tolstói tivesse ouvido meus pensamentos, vindo ao meu socorro para responder às minhas constantes dúvidas e questões, me ajudando (inclusive!) a compreender aquela minha questão inicial: ?O que o Tolstói está tentando me dizer com esta história??

Ser um escritor que se debruça a narrar fatos históricos, não é nada fácil, e no epílogo, Tolstói nos dá uma aula que vai desde o papel do historiador, até as motivações que fazem com que os eventos históricos aconteçam.

Tenho que dizer que é bela e empolgante a forma como Tolstói vai tecendo as suas reflexões sobre a influência que o historiador tem ao fazer História (enquanto ciência), o que muito me lembrou das reflexões do livro ?Os Intelectuais e a Sociedade?, de Thomas Sowell.

Porém, um evento histórico precisa ser contado, e foi aí que eu compreendi que Tolstói não queria que eu entendesse a história através do seu ponto de vista. Mas o que ele queria mesmo era me apresentar os fatos ocorridos, e me lembrar que não existe neutralidade em momentos como esse. Que não há como explicar porque as guerras e rebeliões realmente acontecem, mas que é possível falar de tudo o que influencia a sua ocorrência. De que a liberdade é relativa, resultando na nossa irremediável obediência aos acontecimentos que permeiam o determinismo histórico (que ele tanto acreditava).

Tolstói mergulha com tanta autoridade na essência do ser, nos tirando de onde estamos, para refletirmos sobre a sua visão fatalista da História, que não há como não sentir fascínio pela forma como ele construiu todo esse romance até chegar no epílogo, e nos explicar ponto por ponto do que ele havia narrado até aqui. E eu tenho que dizer que eu o acho um verdadeiro danadinho, porque chegar no epílogo nos faz ter vontade de reler toda a história, apenas para rever tudo com esse novo olhar que surge após esse momento de tão profunda reflexão.

Tolstói é um gênio, e o que ele fez neste romance é algo que vai muito além de narrar fatos históricos. Ele permeia a essência por trás de cada personagem histórico que a compõe, e nos mostra tanto a sua importância quanto a sua irrelevância, quando percebemos que eles não definem com exatidão o povo para quem eles governavam e tomavam decisões que inclusive afetaram profundamente muitas vidas neste espaço de tempo em que essas pessoas existiram.

Aliás, essa relação do tempo e do contar uma história, é algo que Tolstói faz neste epílogo, nos colocando diante não apenas do que ele trouxe neste romance, mas indo muito além, nos fazendo pensar em como a nossa própria vida se dá na atualidade.

Não posso dizer que esta foi uma leitura prazerosa, porque confesso que ela realmente não foi. Mas é certo que ao final, e em especial após este epílogo, eu não posso deixar de declarar toda a minha admiração por uma obra que certamente mudou a minha forma de ver a vida, tanto quanto de ler histórias, sejam elas de ficção, ou de romances históricos como esse.
AndrAa58 26/12/2023minha estante
????? mais uma vez bato palmas para a sua resenha. Adorei!


Pri.Kerche 26/12/2023minha estante
Adorei a resenha!


Flávia Menezes 26/12/2023minha estante
Andrea querida, muito obrigada mesmo pelas palavras sempre tão gentis! ?


Flávia Menezes 26/12/2023minha estante
Pri, muito obrigada de coração! Tolstói merece o meu empenho, mas um livro desses?merece mais ainda! ??


Willian284 26/12/2023minha estante
Amei a resenha! E ficou bem clara mesmo essa rocha de Tolstoi com os historiadores e seus respectivos vieses. Neste ponto sugiro que você veja o livro "A guerra não tem rosto de mulher" da Svetlana (vencedora de Nobel, não à toa). O mesmo notei sobre seu comentário de não se interessar muito pela parte das batalhas, também explorado por ela.
Quanto à futilidade das moças da época, o que se esperar? Ficavam o dia todo trancadas sem contato com o mundo externo. Quando saíam, tudo era supervisionado. Aí é phoda de desenvolver qualquer senso crítico. Não que hoje seja melhor, pois as mina ainda pira num cara imprestável (#teamAnatole?).
Você não citou o prólogo (não sei se é lá uma fã dessas coisas), mas o Rubens dá um contexto por alto da história, e ajuda a entender alguns pontos.


Flávia Menezes 26/12/2023minha estante
William, agradeço pelas palavras mas agradeço mesmo pelas dicas!! Eu vou procurar já esse livro. Vai ser mais interessante agora me aprofundar depois de ter lido e enquanto ainda o romance está ?fresco? na memória! Obrigada mesmo por isso!!!!
William eu acho que você colocou bem isso da questão da época, mas que é meio irritantezinho? é! ? Agora? em defesa ao meu favorito nessa história: eu aou #TeamAndrei ?. Mas gostei muito da transformação que o Tolstói dá para a Natacha. Dá pra ver que era a queridinha sele inclusive.
Agora? você falou do prólogo? confesso que não lembro de ter lido, mas vou seguir sua dica e ler. Eu tenho deixado algumas dessas apresentações iniciais de lado, porque algumas se estendem muito e acaba oferecendo informações demais. Mas agora eu vou dar uma olhada!
Obrigada mesmo pelas dicas. Quero me aprofundar mais e preencher algumas lacunas desse contexto histórico que desconheço. Mas foi uma leitura incrível e que me fez entender bem mais a escrita do Tolstòi.


Flávia Menezes 26/12/2023minha estante
Obs.: William li o prólogo escrito pelo Rubens e tem razão: é parte fundamental! Muito explicativo e ainda mostra muito da arte da escrita do Tolstói que vai totalmente na contramão dos padrões literários. Um gênio esse Tolstói!!!


Fabio.Nunes 27/12/2023minha estante
Parabéns Flávia. Pergunta: vc recomenda lermos o epílogo antes de iniciar a leitura?


Flávia Menezes 27/12/2023minha estante
Obrigada, Fábio!
Então, eu recomendo ler o prológo. Porque o epílogo começa com um salto no tempo dos personagens. É que diferente do Dostô, o Tolstói ele não explica nada. Mas pra você vai ser tranquilo. Eu sofri mesmo, por não ter lido muita coisa do Tolstói e ter me entendiado com essa narrativa de temperaturas mais ?mornas? que ele tem. Mas depois eu entendi que foi pra se manter o mais neutro possível. O que você não terá problemas. Ao contrário! Acho que você vai gostar muito desse livro!


italomalveira 27/12/2023minha estante
Pelo que eu entendi foi meio que amor e ódio kkkk


Flávia Menezes 27/12/2023minha estante
Disse tudo, Italo!!! Foi exatamente assim! Bem amor e ódio! ?




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