Jon O'Brien 08/07/2018
E que deslize!
O Deslize é um livro muito, muito interessante, e, se você gosta dos livros da Agatha Christie, é quase certeza que você vai gostar dele. Nesta resenha, você vai saber um pouco mais sobre o livro e vai saber as minhas opiniões sobre ele — absolutamente sem spoilers. Acompanhe.
Como nas últimas vezes, vou começar falando sobre o livro, e depois eu falarei da história. O Deslize é um livro publicado pelo Clube dos Autores de forma independente e está nas dimensões 14×21, possuindo um total de 294 páginas. Não é um romance muito grande, principalmente se você considerar o modo como foi feito a diagramação, que permite menos texto em mais espaço.
A fonte escolhida para o livro, não sei se é uma fonte padrão, não é das melhores, mas eu acabei me acostumando com ela com o passar da leitura. Outras coisas que para vocês podem ser defeitos são as folhas brancas e finas, assim como a capa. Mas um ponto positivo da edição é que a capa é muito macia, tanto que dá até um pouco de dó guardar o livro e não ficar tocando na capa.
Mas, sim, sobre a história. O Deslize narra as investigações acerca de um crime — que talvez não seja crime —, uma morte. Juro que não posso revelar mais do que isso em relação ao crime, pois confesso que foi uma surpresa para mim. Por isso, espero que seja uma surpresa para vocês também. Mas esse assassinato ocorre no mesmo período de férias da investigadora Jolie e de sua prima, Dominique, o que deixa tudo mais interessante.
Uma coisa muito interessante e inovadora para mim é que a investigação, pelo menos a princípio, não envolve a detetive Jolie, ou seja, ela está totalmente fora do caso, até porque está ali a lazer. Entretanto, nada impede sua mente perspicaz de procurar pistas para resolver a situação o quanto antes. Eu conheço alguns personagens investigadores, mas acho que foi a Jolie quem mais me cativou. Ela é dona de uma mente engenhosa e que mostra que ela é uma excelente profissional. Identifiquei-me com ela em várias passagens.
O grande número de suspeitos do assassinato, pelo fato de eles estarem hospedados no mesmo hotel, relembra muito as histórias da Agatha Christie, que é uma baita inspiração para o Vincento Hughes. Mas, diferentemente de Assassinato no Expresso do Oriente, único livro que li da Agatha Christie — por ora —, os personagens secundários são muito bem trabalhados, desde os que mais presentes até os que quase não aparecem.
Eu comentei no Skoob no começo da obra que achava que estava diante de um grande livro, e isso se confirmou com o passar dos capítulos. Vincento apresenta uma história consistente e que não é focada apenas na detetive Jolie. Pelo contrário, todos os personagens têm pelo menos um pouco de aprofundamento, o que muitas vezes não acontece em histórias policiais.
Uma coisa que me incomodou seriamente em alguns momentos deste livro foi a linguagem que o Vincento utiliza para a narração do texto. Não, não é nem isso. Eu perdoo a linguagem rebuscada, mas quando as falas também soam assim isso parece meio estranho. Entretanto, quanto mais eu avançava no livro, mais eu percebia que isso não era defeito, mas sim apenas algo com o que eu precisava me adaptar. É um traço do autor, afinal de contas, um traço que espero encontrar em outros livros dele. Eu também tive um pouco de dificuldade para acompanhar o final. Se tem uma coisa que eu não gosto em romances policiais é que reúnam todos os suspeitos e o detetive dê uma verdadeira palestra sobre o caso. Apesar de isso ser bastante clássico, eu não gosto muito, mas no caso de O Deslize isso não foi de todo ruim.
Para finalizar, gostaria de dizer uma coisa que não me passou despercebida. Todos os escritores estão sujeitos a deslizes, e tenho de admitir que o Vincento pisou um pouquinho na bola quando foi descrever a condição médica de um personagem. Não pude deixar de notar, mas não passou de um detalhe de pouca importância, o que é ótimo. E eu também cometi um deslize ao chamar o autor de “Vicente”, então não posso falar nada. Haha.
É isso! Obrigado por ler a resenha e até mais.
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