Quando tudo se desmorona

Quando tudo se desmorona Chinua Achebe




Resenhas - Quando Tudo Se Desmorona


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PatrAcia344 29/06/2014

A voz incômoda da não vitimização africana
Com "Quando Tudo Se Desmorona", Chinua Achebe renova o romance em língua inglesa com realidades até então ausentes. Ele escreve sobre uma África de maneira a descrever as suas "entranhas" menos conhecidas, mas sem recorrer ao facilitismo de "desfile etnográfico", em oposição aos romances "estrangeiros", em que a realidade é vista de fora e não raras vezes de modo arrogante e etnocêntrico. Usa a forma canônica do romance - que é na origem uma arte europeia - e "enche-a" com a estética da tradição oral africana: Achebe sabe contar histórias.
A linguagem é muito telúrica, o que empresta à narração uma vertente poética que prende o leitor mesmo nos momentos em que nada acontece. Achebe consegue mostrar-nos, em uma escrita elegante e luminosa, os efeitos de um "choque de civilizações", quer a nível coletivo quer a nível individual. Mas talvez o mais importante seja a ideia que atravessa a última parte do livro: a esperança no diálogo e na responsabilidade dos cidadãos como elementos facilitadores da adaptação à inevitável mudança. E sobretudo como factores de sobrevivência numa África que parece condenada à hipocrisia e à desgraça.
Este livro consegue retratar um momento decisivo do drama colonial. Ele capta uma altura de mudança crucial com clareza, empatia e uma espetacular fluência e à vontade para a apreensão das complexidades da vida.
É uma original síntese do romance psicológico, da "corrente de consciência" joyceana, quebrando a sequência pós-moderna tradicional — tornando assim obsoleto qualquer prescritivismo. Lê-lo é ao mesmo tempo um ato de prazer e de iluminação.
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