Louise 23/09/2023
A vida dos outros
Pouco ouvi falar sobre o Amazonas e sua capital. Esse livro me despertou algumas inquietações. Quase abandonei. Não me dou bem com textos muito descritivos. A história, até por volta das últimas 70 páginas, pareceu ser o pano de fundo para a descrição da cidade, costumes e pratos. Depois que compreendi (achei que tivesse compreendido) isso, desliguei-me do que, pouco a pouco, foi sendo revelado.
Pessoalmente, a descrição deixou de ser um incômodo quando internalizei que seria assim e eu teria alguma noção de onde meu avô, manauara, nasceu. Não escolhi lê-lo por isso, mas de modo geral gostei da trama e fiquei querendo saber mais sobre os personagens.
Para quem leu O Cortiço, a descrição da cidade do Rio, mais ainda a parte de Botafogo, se parece em muito com o tipo de descrição feito da cidade de Manaus. Foi como andar pelas ruas, bares, museu, escolas, pegar os barcos e me dirigir às ilhas próximas. A pobreza, o mundo à parte que é Manaus, a rápida evolução da cidade.
Não posso dizer que me encantei. Não. Mas gostei de conhecer essa parte do País a partir da leitura.
Sobre alguns dos personagens, inicialmente achei Mundo mimado, rebelde, cheio de vontades, menos de encontrar um rumo na vida. Claro que depois entendi o motivo. Tudo tem motivo. Alicia, achei oportunista. Mas também entendi, apesar não justificar seu comportamento durante a vida, explica. Ela é uma sobrevivente da miséria e alcançou a riqueza, mas era infeliz e não abria mão da vida que tinha pela que queria ter. Outros tempos também. Jano, rico, certinho, queria as coisas à própria maneira, não parecia mal no geral, mas para o filho era o inferno. Lavo, parecia o personagem principal mas o via à margem de Mundo. Como se a vida dele fosse menos importante. Tantas coisas acontecendo para ele, mas poucas passagens sobre. O foco era Mundo e aquela família. Quis saber mais sobre Lavo porque gostei dele. Ao mesmo tempo ele parecia anestesiado pela vida. Ran, miserável que se achava rico, com ideias liberais mas que não gostava de trabalhar. Esse personagem me deu preguiça.
Há ainda a evocação da arte em meio à ditadura militar. Um tempo muito confuso, incerto, de polêmicas.
Quis deixar registrado para não esquecer as minhas percepções do texto.