Le 03/03/2021Ao trilhar caminhos para entender a função da dívida na produção do homo economicus neoliberal, o autor expõe de maneira categórica formas de expropriação da população em geral.
Para garantir o lucro de uns é preciso destruir a vida de outros, empobrecendo-os. No capitalismo contemporâneo praticamente não existe mais a relação patrão/ empregado, mas sim credor/ endividado. Hoje, para tudo na vida é preciso endividar-se, desde ter um teto para morar, automóvel, plano de saúde, um negócio próprio ou até mesmo para estudar. A dívida é impagável, infinita, tonando-se a nova bola de ferro para os encarcerados deste sistema. Tal mecanismo de roubo não opera isoladamente, ele está articulado com a elevação dos impostos, achatamento dos salários, negação do acesso à saúde, educação, saneamento, moradia, aposentadoria etc. Por isso, toda a precarização dos serviços sociais é intencional, tornando-se um modo eficaz de recondução/ reembolso do dinheiro aos ricos.
A obra também possibilita reflexões acerca de como o projeto neoliberal vende a falsa ideia de liberdade do individuo “empreendedor de si”. Que ao tonar-se uma empresa individual, isola-se, aprisiona-se em seu circuito profissional. O “empresário de si” precisa abrir mão do seu lazer e da sua família para não perder trabalho, para não perder cliente ou não perder espaço diante de seus concorrentes. A promessa de liberdade nesse capitalismo contemporâneo tonou-se uma nova servidão, exigindo sacrifício e endividamento.