@retratodaleitora 01/11/2024Um soco doeria menos! | @retratodaleitoraAcho que nunca vou encontrar as palavras certas para descrever minha experiência de leitura com "Filho Nativo", de Richard Wright. Foi um dos livros mais intensos, provocantes e perturbadores que já li na vida, me lembrando de outro livro temido pelos leitores justamente pelo teor emocional: "Uma Vida Pequena". Mas as semelhanças terminam por aqui. São ambos livros extremamente fortes.
Mas Filho Nativo conseguiu ser ainda mais assustador, pois seu protagonista comete atos absurdamente pesados e parece não ter consciência de como esses atos vão acabar por derrubá-lo. Bigger, o protagonista, um jovem negro de 20 anos que nunca teve uma chance real na vida (o livro foi publicado em 1940), coloca tudo a perder de uma forma devastadora para ele e para outras pessoas. Um personagem que é movido pela raiva dos brancos, pelo rancor e 0dio, mas também pela pobreza, a falta de oportunidades por conta de sua cor e pela violência.
O ato que ele comete logo na primeira parte da obra (o livro não possui capítulos, mas é dividido em três partes), é muito, muito aterrador e totalmente inesperado. Eu sinceramente não esperei aquilo e fiquei em completo choque com o desenrolar de tal ação.
Um livro poderoso que fala muito sobre as questões de segregação racial. O racismo velado. O racismo estrutural. A violência contra negros nos EUA de 1930/1940. Fala sobre como jovens negros são moldados pelas circunstâncias, pelas falhas no sistema educacional, pela pobreza. Como são desprezados. É tudo muito triste e muito difícil de acompanhar, mas é sim necessário ter esse choque e tentar aprender com ele.
Que livro, meus amigos! Que livro! Se eu recomendo? Claro que sim. Mas tenham em mente de que se trata de uma trama pesadíssima e repleta de gatilhos.
A escrita do autor é belíssima! Toda página traz algo para se refletir, estudar, repensar. É incrível. São 500 páginas e você fica grudado do início ao fim.
Leiam!
@retratodaleitora