Gabrielsquall 12/01/2022
O suor e a pobreza das páginas te contagia
Agora que reli entendendo bem mais o espanhol do que na minha primeira leitura posso fazer uma resenha mais justa.
É um livro sem protagonista, com personagens diferentes entre si por crenças, personalidades, religiões, sexualidade, mas que tem em comum o local de moradia e a vivência em uma sociedade cheia de desigualdade, no qual eles vão aguentando por estarem acostumados a serem mal tratados e viverem na pobreza. Como não tem um personagem central, não tem também uma história que fecha totalmente, é mais um livro de crítica social mesmo.
Após mostrar tantos personagens, alguns sem nome, os efeitos da desigualdade de classe vai pesando cada vez mais sobre os personagens, até um acontecimento central acordar eles, e o foco está nisso, em mostrar como a união é o meio para lutar por seus direitos, mas também denuncia de forma nua e crua a pobreza extrema que aquelas pessoas viveram, já que embora seja uma história fictícia, foi baseado na situação local da população naquela época.
O grande destaque para mim não é o fim, e sim o decorrer. O suor e a sujeira é muito presentes no livro, às vezes eu me sentia suado e sujo lendo, dava agonia real das descrições. Outro ponto interessante é que alguns personagens são horríveis, não é como se todo rico fosse vilão e o resto fosse tudo um pobre coitado injustiçado não, tem gente que não presta, tem gente ruim de caráter mesmo, e nem sempre é culpa da vivência, mas também tem personagens sofridos que não mereceram nada do que acontecia com eles. O livro também denuncia o descaso da polícia com os pobres e em como eles beneficiavam (ou beneficiam ainda) os ricos.
Não foi meu preferido do Jorge Amado (li 2), mas também foi uma boa leitura, e pra mim ele é o maior que nós temos. Ainda vou querer ler mais obras dele.