Manuscrito Inédito de 1931

Manuscrito Inédito de 1931 Sigmund Freud




Resenhas - Manuscrito Inédito de 1931


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Onassis Nóbrega 22/09/2023

Uma introdução a Freud, por Freud?
Conheci este pequeno manuscrito quando procurava indicações de como começar a ler Froid. Embora médico, não sou da área de psicologia/psiquiatria/psicanalise. Mas tenho lido algumas coisas de Jung recentemente e queria ter o contraponto. E nada como conhecer alguns princípios básicos pelas palavras do próprio criador.
Talvez este pequeno livro seja apenas um documento histórico para os versados na obra de Freud. Como li em uma resenha, não há nada de novo. Mas, para um leigo como eu, a pequena introdução foi de grande valia. Não tenho capacidade de uma análise técnica da obra, entretanto.
Recomendo a leitura para os iniciantes.
comentários(0)comente



PH 04/07/2018

Interessante, mas em certa medida descartável
Por estudar psicanálise fui tomado por uma animação muito grande quando descobri que a Blucher iria trazer um manuscrito inédito do velho Freud. Bom, terminei de lê-lo agora e me arriscaria a dizer que não há nada de realmente novo ou inédito nas 120 páginas do livro, excetuando-se cerca de duas páginas que tratam da figura de Cristo.

Para Freud, a identificação com Cristo que é operada no seio da religião cristã seria uma espécie de síntese de elementos passivos e ativos, uma das saídas possíveis para o complexo de édipo que daria livre expressão para a masculinidade e para a feminilidade presentes no ser humano. No caso, esse tipo de identificação promove um assujeitamento, ao mesmo tempo que permite que o sujeito acesse uma potência que diga respeito ao campo divino. A fé na figura de Cristo, para Freud, também é a fé de que através de uma passividade extrema é possível concretizar as atividades mais audaciosas. Logo, essa identificação nada mais seria do que a ideia de que só ao se submeter ao Deus-Pai é possível tornar-se a si próprio Deus. Nesse sentido, a identificação com a figura de Cristo seria uma espécie de expressão socialmente aceita da homossexualidade.

No resto do livro Freud esclarece conceitos fundamentais de seu edifício teórico, tais como sublimação, supereu, narcisismo, etc. Nada que não tenha sido largamente exposto, por exemplo, nas tão famosas conferências introdutórias, já tão conhecidas por todos aqueles que estudam psicanálise.

Para finalizar, o prefácio e o pósfacio tem o seu valor por tentarem de alguma forma darem uma contextualização histórica para o manuscrito, posto que ele é fruto de uma colaboração de Freud com Bullitt, que na época tinham a intenção de escrever um livro sobre Thomas Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos que desempenhou papel importante no tratado de paz de Versalhes. Enquanto características principais Wilson sustentava uma soberba exacerbada, ao ponto de muitas vezes fazer declarações de caráter messiânico acerca de si próprio. Ao terminar o texto fiquei com vontade de ler o livro completo sobre Wilson (o que temos em mãos é apenas uma introdução assinada pelo Freud), e fico me perguntando se não teria sido melhor para Blucher lançá-lo em vez de concentrarem-se apenas nessa pequena introdução freudiana, embora o resto do livro tenha sofrido sérias críticas, pois segundo alguns psicanalistas Bullitt teria alterado as passagens freudianas ao longo dos outros capítulos (Freud havia morrido quando o livro foi enfim publicado).
André 06/07/2018minha estante
Caramba!
Fiquei curioso com essas passagens:
"..a identificação com a figura de Cristo seria uma espécie de expressão socialmente aceita da homossexualidade.."
Seria a passividade de cristo, a posição objetal que ele ocupação na paixão e no sacrifício, os marcadores da expressão socialmente aceita da homossexualidade?
"...só ao se submeter ao Deus-Pai é possível tornar-se a si próprio Deus.."
Me ocorreu aquela passagem bíblica "...ninguém vai ao pai, senão por mim.." em referência ao Cristo como meio de acesso.
Essas duas páginas realmente... curiosas não?


PH 06/07/2018minha estante
É precisamente isso, André. Cristo é essa figura de extrema passividade e é essa dimensão que Freud aponta como expressão de uma homossexualidade. No entanto, como exposto, há também uma atividade excessiva nesse joguete. É me submetendo totalmente que eu posso posteriormente ascender e me tornar um Deus.
De fato realmente as passagens sobre Cristo são interessantes, mas nada realmente muito novo no edifício teórico freudiano. A ideia de que você primeiro se submete para depois acessar uma dimensão mais ativa é algo que está presente nas mais básicas teorizações freudianas sobre as saídas do complexo de édipo. Como o moleque não pode passar a vida rivalizando com o pai, com ódio dele, é mais fácil ele simplesmente se identificar com o pai, submetendo-se a lei, para posteriormente se posicionar como o próprio pai, imitá-lo, desejar ser até melhor que ele.
A novidade é só que Freud ilustra isso com a figura de Cristo, revelando assim os mecanismos inconscientes que operam na religião. Abraços!




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