Felipe.Agrela 19/07/2024
Obrigado, musas!
Não é por acaso que a Odisseia é considerada uma das obras inaugurais da literatura ocidental. Nesse livro, encontramos um pouco de cada tema presente nas narrativas mais lidas e adoradas de toda a história. Tem paixão, sedução, drama familiar, fantasia, disputa por poder e, principalmente, aquilo que faz esse texto ser um épico: a saga de um herói.
Na Odisseia, esse herói é Ulisses (ou Odisseu). Acompanhamos, ao longo dos 24 cantos da obra, o retorno dele a Ítaca após a vitória dos aqueus em Troia. Ulisses é um herói carismático e cativante. Suas histórias a respeito de tudo que passou na viagem de volta à casa nos prendem por conta da magnitude e do teor fantástico. É justamente por isso que a Odisseia me conquistou mais do que a Ilíada, uma vez que, enquanto a Ilíada se restringe ao espaço do campo de guerra em Troia, a Odisseia nos conduz por terras, povos e culturas diversos. Temos a oportunidade de conhecer territórios e figuras que transportam nossa imaginação para longe.
Sendo um poema sobre tempos de paz, a Odisseia foca bastante na vida cotidiana e palaciana da Grécia Antiga, o que, particularmente, achei interessantíssimo. É muito legal identificar, na obra, características que herdamos daquela cultura, assim como é curioso observar comportamentos de personagens que são atípicos na contemporaneidade. Também gostei do destaque maior às figuras femininas na narrativa. Todas elas, tanto humanas como divinas, assumem papéis fundamentais no retorno de Ulisses a Ítaca, seja auxiliando-lhe, impedindo a viagem ou guardando o lar do herói.
A estrutura do texto (uma narrativa em versos) gera um pouco de estranheza no início da leitura. Além disso, às vezes, trechos da obra parecem ser muito repetitivos, como é o caso dos epítetos. No entanto, tudo isso faz parte do contexto de produção do autor: ele era um poeta oral, que recitava seus épicos de memória.
Por fim, digo que essa é uma leitura indispensável. Através dela, podemos conhecer a fonte principal da maioria das outras produções literárias que consumimos. Vemos a consolidação de bases que se repetem em livros até a atualidade. Ao terminar a Odisseia, devemos agradecer às musas por terem inspirado Homero a produzir esse clássico.